5.10.13

Por Ferreira Fernandes 
GROSSA polémica britânica à volta de Ralph Miliband (que já morreu há 20 anos), pai do atual líder do Partido Trabalhista, Ed Miliband. Judeu belga de origem polaca, Ralph fugiu aos nazis e tornou-se em Londres um eminente pensador marxista. O diário popular Daily Mail, de direita, fez-lhe agora um artigo, com este título: "O Homem que Odiava a Grã-Bretanha". A chicana, destinada ao filho, bebia na velha tática trauliteira de acusar os políticos críticos de "inimigo do interior". Os trabalhistas reagiram, mas também membros do Governo e antigos líderes conservadores que conheceram Ralph Miliband criticaram a baixeza do jornal. Mas a polémica aqueceu, com o The Guardian, de esquerda, a lembrar que Miliband, o tal que "odiava a Grã-Bretanha", tinha combatido na Marinha britânica quando o Daily Mail ainda tentava fazer esquecer que tinha apoiado Hitler nos anos 30. Logo outros retorquiram que o The Guardian tinha apoiado a Revolução Russa... 
Estava o pingue-pongue instalado quando a modernidade surgiu. À volta do tema "O meu pai odiava a Grã-Bretanha", o Twitter explodiu com frases que, com humor, tiraram as teias à discussão. Tuítou-se assim (fingindo-se provar que o pai era antibritânico): "O meu pai lavou o carro durante o funeral da princesa Diana." E: "Uma manhã, o meu pai comeu um croissant." E: "O meu pai dizia que os Beach Boys eram melhores que os Beatles"... Com leitores assim, os jornais têm interesse em ser mais inteligentes. 
«DN» de 5 Out 13

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