18.11.13

«Dito & Feito»

Por José António Lima
António José Seguro continua a mostrar-se cristalino nas afirmações e determinado nas orientações.
Há dias, em entrevista à TVI, quando questionado sobre o seu apoio a um programa cautelar de Bruxelas para proporcionar a Portugal um regresso assistido aos mercados a partir de Junho de 2014, Seguro foi rápido a dizer ‘sim’: «Não virarei as costas ao meu país e o PS estará lá com soluções». Para, logo a seguir, ponderar melhor e optar pelo ‘não’: «Não aceitarei se insistirem num programa com a mesma natureza» de austeridade que o actual. E, por fim, para não se comprometer e deixar tudo em aberto, preferiu ficar-se pelo ‘nim’: «Não posso pronunciar-me sobre um programa que desconheço». Ficámos, como sempre, todos esclarecidos.
À pergunta se o PS vai exigir eleições antecipadas em 2014, Seguro foi igualmente clarificador. ‘Não’, afirmou, afastando tal cenário: «Se o PS tivesse essa prioridade, teria agarrado a oportunidade» da crise de Julho, quando o Presidente avançou com essa proposta. Quer isso dizer que o PS tirou daí a ideia? Não é bem assim, esclarece Seguro: «O PS não muda de posição», quer mesmo legislativas antecipadas. E que tal já em Maio, em simultâneo com as europeias e antes mesmo de acabar o programa de ajustamento da troika? «É vantajoso» esse cenário, apressa-se a aprovar o líder do PS. Confusos? É apenas uma pequena amostra da maleabilidade oratória de António José Seguro.
Já o ressuscitado ministro da bancarrota de Sócrates, o agora comentador Teixeira dos Santos, não tem dúvidas de que a troika vai sugerir eleições antecipadas em 2014: «Não me surpreende que os nossos parceiros façam passar essa mensagem», até porque ela «abria a possibilidade de um entendimento entre partidos», PSD, CDS e PS.
Agora afastado dos corredores do poder, Teixeira dos Santos anda mal informado. A troika não quer eleições nenhumas nem mais incerteza política em Portugal em 2014. E até dispensa a assinatura do PS num eventual programa cautelar.
A haver legislativas em 2014 isso não ocorrerá por vontade da troika, de Belém ou por desejo do PS. Só poderá acontecer por intervenção do Tribunal Constitucional.
«SOL» de 15 Nov 13

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