Por favor, não ajudem!
Por Ferreira Fernandes
No princípio da semana, a ONU deu o alerta: "Há um país no coração de África que está a descer para o caos completo perante o nosso olhar." Falava da República Centro Africana, mas já outros estados, Mali, Níger e Chade, entraram em estado comatoso - tal como o Norte da Nigéria e o Sul da Argélia - depois das milícias islâmicas se armarem nos arsenais líbios, tornados uma rebaldaria com o fim de Kadhafi. Depois da morte deste, o Sahel, a fronteira geográfica que separa o deserto do Sara da África tropical, ficou a tragédia que se vai exportando para o Sul, como se confirma ao ter chegado já ao tal país no coração de África.
Valeria a pena pendurar na parede um mapa africano e ir pondo pioneses a assinalar a progressão do caos. Recomenda a ONU, para a República Centro Africana: "A situação requer uma ação imediata e decisiva." Não sei. O caos atual começou exatamente com uma igual recomendação do filósofo francês Bernard-Henri Lévy. Ele não descansou enquanto não convenceu Sarkozy e Cameron a derrubar Kadhafi. O balanço foi positivo, mas só para Bernard-Henri Lévy: ele pôde fazer-se fotografar em Benghazi com ar de herói. É certo que André Malraux também tem fotos com esse ar, que conquistou lutando, mas ele, Lévy, conseguiu-o com a gola da camisa muito mais vistosa. Deus livre a África dos estrangeiros com boas intenções e, pior, com vontade de as aplicar.
«DN» de 27 Nov 13Etiquetas: autor convidado, F.F
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