25.11.13

Eco para más palavras silêncio para as boas

Por Ferreira Fernandes
Vasco Lourenço avisou os governantes: "Ou saem a tempo ou vão ser corridos à paulada." E, na conferência da Aula Magna, Mário Soares também foi por aí: "O Presidente e o Governo devem demitir-se, enquanto podem ainda ir para suas casas pelo seu pé. Caso contrário, serão responsáveis pela onda de violência que também os atingirá." Palavras erradas, por evocarem a violência. E, claro, palavras que foram as mais comentadas - por quem, à direita, se aproveitou para cobrar o erro e por quem, à esquerda, tendo convicção por esse erro, mais o incitou. 
Porém, as palavras mais duras daquela noite nem foram do militar nem do grande político, mas de José Pacheco Pereira, aparentemente deslocado na conferência pelo seu estatuto de militante do PSD. Foi ele que de maneira eficaz soube falar do "discurso de contínua mentira e falsidade" dos que destroem Portugal. Foi ele, com um raciocínio inesperado sobre como havia de se dirigir aos presentes (companheiros, camaradas, amigos?), que soube dizer da necessidade de se procurar a unidade capaz de nos levar ao urgente sobressalto nacional. Pacheco Pereira não foi tosco e por isso não foi tão comentado. O País preferiu as pauladas e as ondas de violência. Preferiu palavras bastardas, porque quem as disse não as quer nem tem como as querer. E palavras imprudentes porque caso surja um isolado fogacho demente lá entraremos, a pretexto dessas palavras, em discussões sem sentido.
«DN» de 25 nov 13

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