Eco para más palavras silêncio para as boas
Por Ferreira Fernandes
Vasco Lourenço avisou os governantes: "Ou saem a tempo ou vão ser corridos à
paulada." E, na conferência da Aula Magna, Mário Soares também foi por
aí: "O Presidente e o Governo devem demitir-se, enquanto podem ainda ir
para suas casas pelo seu pé. Caso contrário, serão responsáveis pela
onda de violência que também os atingirá." Palavras erradas, por
evocarem a violência. E, claro, palavras que foram as mais comentadas -
por quem, à direita, se aproveitou para cobrar o erro e por quem, à
esquerda, tendo convicção por esse erro, mais o incitou.
Porém, as
palavras mais duras daquela noite nem foram do militar nem do grande
político, mas de José Pacheco Pereira, aparentemente deslocado na
conferência pelo seu estatuto de militante do PSD. Foi ele que de
maneira eficaz soube falar do "discurso de contínua mentira e falsidade"
dos que destroem Portugal. Foi ele, com um raciocínio inesperado sobre
como havia de se dirigir aos presentes (companheiros, camaradas,
amigos?), que soube dizer da necessidade de se procurar a unidade capaz
de nos levar ao urgente sobressalto nacional. Pacheco Pereira não foi
tosco e por isso não foi tão comentado. O País preferiu as pauladas e as
ondas de violência. Preferiu palavras bastardas, porque quem as disse
não as quer nem tem como as querer. E palavras imprudentes porque caso
surja um isolado fogacho demente lá entraremos, a pretexto dessas
palavras, em discussões sem sentido.
«DN» de 25 nov 13
Etiquetas: autor convidado, F.F
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