24.11.14

Dor e consternação ou nem isso

Por Pedro Barroso
SOU INSUSPEITO, creio. Nunca amei Passos Coelho e considero, em quase tudo o que este governo tem feito, que representa um insulto e roubo permanente, perigoso, despudorado e progressivo aos funcionários públicos, aos reformados, aos mais desfavorecidos.
Mas este episódio da detenção de Sócrates levanta lebres de todas as já previsíveis tocas. E espanta outras na mais disparada correria - procurando novos mimetismos. Que pândega. Até "dor e consternação" como dizem Lacão e Vieira (sic) !!! Oh meu muito pequenino Deus!! Senti isso quando morreu o Zeca, a Amália, o Solnado, o Salgueiro Maia. Isso sim. Dor e consternação?! Serão coisas que esta gente sente? Não. São coisas que esta gente diz. Ou tem de dizer, pois "obeissance oblige".
Sócrates foi dos mais desejados primeiros-ministros. Por defeito. De facto, Santana Lopes, - o play boy que quer ser, ao que parece, Presidente, nem que seja no mais recôndito secreto de si mesmo...- caíra; por colapso de birras, indigência mental e uma espécie de governação de vídeo game barato, adolescente, leia-se mesmo, humorística. Fora breve o consulado. Não houve paciência para tanta barraca seguida e saiu por uma porta muito pequena, bem adequada à envergadura anã de tão estranho e inefável mandato.
Sócrates apareceu então, quase como o "desejado". O salvador possível dos anéis, talvez já só dos dedos. Mas breve, o círculo de mesmismo se instalou. Breve se percebeu que ali havia rato, - pois nem gato ousaria dizer. O estilo, a crispação, a vaidade pessoal, as decisões, a mentira da licenciatura, o nebuloso passado como "assinador barato" de projectos dos outros, as luvas quase óbvias mas nunca provadas dos Freeport e quejandas epopeias.
O afundamento geral das finanças do país. E ele a dizer que não a tudo. E nós a vermos que sim. E o país a submergir dia a dia. Enfim.
Nunca odiei tanto um PM como tal putativo "salvador"; já então exangue e autista, culminando no ódio que em mim ferveu no seu 2º mandato. A contracorrente da Cultura, da Lógica, da correcção, dos bons costumes, do bom senso, do equilíbrio, da responsabilidade governativa.
Só, portanto, por cega obediência seguidista hoje alguém pode alimentar tamanha dor.
Politico - perdoe-me discordar, senhor PM actual e gestor dos tais anéis que foram...- é mais coisa menos coisa, isto mesmo. O que hoje é, amanhã não sabemos. E, de logro em logro, de má gestão em descalabro maior, lá definhou o povo, desde Manuel, o venturoso. E desde Abril de 74 que queimamos lenha já ardida trinta vezes no lume de uma esperança que morreu. E o património de homens públicos que possuímos para mostrar ao mundo é o que está à vista nos últimos dias:
- Directores do SIS que ajudam, ao que parece, a limpar escutas a pedido de amigalhaços?! Directores do SEF afinal mais interessados em montar negócio de imobiliário em comércios de nos pôr os olhos em bico?! Presidentes dos próprios registos e notariados que se venderão (ou não, até prova em contrário, claro... mas...) fabricando tolerâncias suspeitas, ostentando lucros, comissões, usando influências para enriquecer despudoradamente?!
O país afinal é governado assim? E não se mexe também, já agora, com aqueles que souberam de antemão o descalabro do BES e venderam as suas acções rapidamente, as tais que, dias depois, nada valeriam?
Que curtimenta vestem, de que tecido são feitos, afinal, os salgados donos disto tudo? Que imagem exportamos de um país que deu mundos ao Mundo? Peço desculpa mas... Não se pode mesmo ser... Sei lá... Suíço? Norueguês? Talvez até... Turco?

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3 Comments:

Blogger José Batista said...

Se pudesse assinava este texto.

Então os subordinados de Sócrates não sabiam que ele não era pessoa recomendável? Não sabiam?...
Bolas, perguntassem!
Onde é que, e quando, houve no mundo um primeiro ministro que precisasse de extinguir a universidade que (primeiro) o diplomou? E porque não teve ele a hombridade ou, pelo menos, a coerência de eliminar também o diploma que a universidade eliminada (por ele, ou a "mando" dele) lhe concedeu?
Também não deram pela destruição progressiva da escola pública, por exemplo através daquele caso brutal chamado GPS? Não se aperceberam de nada? Isso, e tudo resto, tudo... não devia ter consequências?
Não sabiam? A sério? Pois os cidadãos sabem que sabiam.
Sabem, sim. E ninguém lhes pode exigir que se façam de cegos. Não podem. Nem eles (nós) aceitam(os).

Que nunca doa a voz a Pedro Barrosso.
Se tantos calam... ou põem verniz...

24 de novembro de 2014 às 22:52  
Blogger opjj said...

OH Homem você está doente, mas é de agora. Felizmente que a maioria das pessoas vê as coisas com mais inteligência.
Se sabia tanto porque não fez este escrito aquando Sócrates governava.Tb há gente do PS que sabia do BES um ano antes, pq não nos avisaram! Só agora!
Pobre país se governado por uma mente tão pequenina, não se encherga?
Abra os olhos Homem!

25 de novembro de 2014 às 10:55  
Blogger brites said...

por que carga de água os amigos não devem demonstrar os seus sentimentos?

receio muito aqueles que se escondem e procuram passar pelos intervalos das tempestades, quando as coisas correm mal ...
são uns desalmados perigosos e uns covardes!

só lhes interessa a benesse, o contrato.


25 de novembro de 2014 às 16:18  

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