PORTUGAL EM LISTA DE ESPERA
Por A. M. Galopim de Carvalho
A Europa dos ricos e os seus diligentes seguidores em Portugal estão a conduzir-nos, decidida e deliberadamente, no caminho do empobrecimento económico e também, estupidamente, no do definhamento científico e cultural. Tudo isto sob a magistratura conivente de um Chefe de Estado que, há muito, deixou de ser o Presidente de todos os portugueses.
Estamos a assistir ao retrocesso económico, social e cultural imposto por uma cada vez menos União Europeia, em afastamento do ideal que a concebeu e, hoje, um mais do que evidente logro da esperança que assinámos a 12 de Junho de 1985, fez agora trinta anos.Em obediência subserviente às directrizes alemãs, o neoliberalismo cego do PSD (traidor do pensamento e da prática social democrata que lhe deu nascimento), amparado nesta muletazinha conhecida pela sigla CDS-PP, tomou conta dos nossos destinos, vai para quatro anos, num retrocesso declarado das conquistas nas condições do trabalho, na segurança social, nos cuidados de saúde, na ciência, no ensino e no apoio à cultura conseguidas na vivência em democracia que se seguiu à Revolução dos Cravos. O discurso da coligação que nos governa, já em plena campanha eleitoral e, como em 2011, assente na mentira descarada, não pode fazer esquecer a destruição sistemática que tem vindo a fazer destas conquistas que vemos fugir da nossa vida colectiva como areia por entre os dedos.
Ao longo de governos anteriores fomos perdendo parte significativa da independência nacional e assistimos à asfixia e destruição de muitas das nossas valências económicas. Nos dias de hoje são cada vez mais os nossos concidadãos a viverem tempos de miséria e, até, de fome, cada vez maior o número de ricos e cada vez maior a sua riqueza. A corrupção instalou-se, impune, a todos os níveis do espectro político e financeiro. É confrangedor o desumano abandono dos idosos, a chamada classe média continua a afundar-se e o desemprego tornou-se uma realidade dramática dos que já não conseguem encontrar um posto de trabalho, constituindo um incentivo crescente à igualmente dramática emigração de uma juventude que a democratização do ensino qualificou a níveis nunca antes conseguidos.
São muitos a dizer que a seguir à Grécia estamos nós.
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6 Comments:
Um retrato límpido e muito claro.
E um aviso: a seguir à Grécia estamos nós. Pois estamos, sempre estivemos. A dívida impagável que contraímos pode engolir-nos. O vórtice acelera e nós podemos mergulhar nele vertiginosamente.
Seremos então tão ou menos irrelevantes que os gregos são agora. E teremos o mesmo destino, infelizmente.
Pelos meus filhos e por todos os jovens como eles, desejo ardentemente que os meus receios sejam infundados. E gostaria de morrer sem ver estalar alguma nova guerra na Europa, onde há décadas nos tínhamos habituado a considerar a paz um bem adquirido.
Carecemos de verdadeiros líderes políticos europeus. Já em Portugal, Sócrates, Passos e Portas situo-os mais na categoria de nódoas políticas, de formação ético-social abaixo do admissível. Cavaco é apenas um homem mesquinho, falsamente modesto e com formação humanista muito pobre. E como representa o país, o país, de alguma forma, assemelha-se a ele.
Fracos vão os tempos e as alternativas. E, por isso, maior é a nossa responsabilidade.
Se a demagogia pagasse imposto! V.Exª. tem uma vida boa graças à Alemanha e outros.Sem esta não havia cheta para pensões e salários, SNS, etc.
Tanta inveja dos ricos! Eu vivo sem riquezas, nada tenho contra os ricos, mas quantos mais ricos, melhor o mundo está. O socialismo não enche barriga, não há livre escolha e nem liberdade.( Tem exemplos de Chavez,Castro e Maduro...
Deve falar por si e sujeitar-se a votos,depois bote palavra.
Cavaco voltaria a ganhar a 5ª maioria. O povo já reconhece os que vivem com a boca cheia à pala dos outros.
Sr. Professor, admiro-o muito quando apresenta os seus artigos Científicos, as suas Receitas, as suas Histórias da Vida, mas quando se mete em Política, haja quem nos valha.
Depreendo, pela leitura que faço do seu texto, que andes do Cavaco, do Passos e do Portas, isto era UM MAR DE ROSAS. Deixávamos a Grécia muito atrás. Depois deste Governo é que estamos mal: logo a seguir à Grécia, para cair. E antes, onde estávamos? Não deixa de ser verdade mas conhece, no seu entendimento político, alguém que nos salve do abismo? Estes, pelo menos, tirarem-nos de lá o pé, que já estava em falso. Não se vislumbram num futuro breve grandes melhorias. Aqueles que nos fizeram chegar à beira do abismo (só com verdades, é claro)apresentam-se agora como salvadores e, para começar, iniciaram uma pré-campanha com promessas e publicidade enganosas. Pedem respeito pelas pessoas, aquelas que eles não respeitaram minimamente. Bom começo.
Dos que estão, já sabemos o que esperamos, mais mentiras e austeridade adoçadas, mas pelo menos contamos com isso..
Quanto aos que estão à esquerda, PCP e BE, se lhe tivéssemos seguido as políticas de facilidade, já não tínhamos Reformas, SNS ou outros Apoios Sociais, tal a facilidade com que teriam estoirado tudo.
ERRATA:
na 4ª linha, onde se lê andes, deve ler-se antes;
na 9ª linha, onde se lê tirarem, deve ler-se tiraram.
Ainda bem que o Sr. professor sabe muito de pedregulhos e partilha magistralmente com os demais esse conhecimento. Espero que continue a fazê-lo por muitos anos, mas quando versa sobre política fico intrigado como é que a mesma pessoa consegue fazer análises tão superficiais e apaixonadamente tendenciosas. Quase como um adepto de claque a puxar pelo clube, jogue bem ou jogue mal. Fica-lhe mal.
Pois, o professor Galopim de Carvalho só deve pronunciar-se sobre calhaus; o restante, nomeadamente o respeitante a política, está-lhe interdito.
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