24.9.15

Marcelo e Cavaco

Por C. Barroco Esperança
Não faço a ofensa de comparar Marcelo a Cavaco Silva. Separam-no muitas centenas de livros, a abissal distância cultural e a conduta nos negócios privados mas, dito isto, há semelhanças inquietantes de quem se perfila como candidato presidencial. Marcelo não nos envergonharia como PR mas é ainda mais perigoso.

Marcelo Rebelo de Sousa ao criticar, na passada sexta-feira, o líder socialista, António Costa, por recusar “acordos de regime” e rejeitar viabilizar o Orçamento de Estado (OE) para 2016, em caso de vitória da coligação PSD/CDS, foi grosseiro na linguagem, ao dizer que António Costa  é como um ‘menino’ que só vai a jogo se souber que ganha, e subserviente a Passos Coelho  a quem já presta vassalagem apesar da enorme distância intelectual e ética que os separa.

Marcelo Rebelo de Sousa foi um dos artífices da unção de Cavaco como líder do PSD, no congresso da Figueira da Foz, que o elevou, para desgraça, aos mais altos cargos do Estado. Foi também ele que, a convite do ex-banqueiro Ricardo Salgado, juntamente com Durão Barroso, urdiu a candidatura do outro ‘chefe de família’ presente, o inefável Prof. Cavaco, todos acompanhados das amantíssimas esposas que, no caso do último, é também a sua indispensável prótese conjugal.

Quem, da janela da TVI, olha o portão do Palácio de Belém e quer percorrer de rastos o caminho, como vuvuzela da coligação de direita, não é um estadista, é um oportunista.

Se os portugueses quiserem renovar um PR, uma maioria e um Governo, transformando o sonho de Sá Carneiro em novo pesadelo, nada se poderá fazer. É uma decisão do povo pela única via aceitável, ainda que augure os piores resultados. 


É uma ameaça que paira sobre a República. A versão urbana de Cavaco é mais refinada e tão ou mais nefasta. Apenas não aviltaria o cargo.

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3 Comments:

Blogger José Batista said...

Temos de reconhecer que Marcelo R. Sousa tem dimensão ética, cultural e política para desempenhar o cargo de presidente da república.
Por outro lado, com o caminho que o PS leva, essa tarefa parece até estar (e ficar cada vez mais) facilitada.
Nesta matéria, há vários anos que Mário Soares tem vindo a prejudicar o PS, menorizando-o e fazendo com que as pessoas olhem esse partido como refém do patriarca que não hesita em condicioná-lo.
Aconteceu assim quando se apressou a empurrar Fernando Nobre para a candidatura à presidência. Já tinha sido assim quando atropelou com a sua própria candidatura a candidatura de Manuel Alegre. Com fracos resultados, em ambos os casos.
Também teve papel activo a estimular Costa a derrubar Seguro. A coisa não foi nenhum prodígio de elegância política. E, se se apresentou o segundo como “xoninhas”, não se pode afirmar que o desempenho do primeiro, na campanha que decorre, esteja a um nível de categoria mais elevado.
Outro caso em que Mário Soares tem dificultado muito a vida ao PS e a Costa é no apoio militante a Sócrates, que, em minha opinião, não é politicamente reabilitável. Ele e Vara, e outros que tais que infestam o partido socialista, não são gente que se recomende.
Dito isto, acrescento apenas que sempre fui um votante do PS, excepto nas últimas eleições em que queria ver Sócrates varrido de funções governativas ou de representação política em qualquer cargo. É só por isso que escrevi este comentário. É que ainda hesito quanto ao sentido do meu voto no próximo dia 04 de Outubro. E o PS, a meus olhos, está uma lástima, essencialmente porque não foi capaz de, a tempo, afrontar paternalismos e reconhecer os muitos e graves erros que cometeu.
Vá lá que Maria de Belém não se ficou nas covas e apareceu, como deve ser. Ela sim, merece o meu voto. Estou-lhe grato.

24 de setembro de 2015 às 18:15  
Blogger Leo said...

Para os ingénuos que vão às urnas - espantosamente numerosos - a parte boa deste sistema político é poderem votar ao calhas. As pequenas diferenças que distinguem os partidos não justificam grande reflexão, mesmo no caso da mão fugir para um partido de esquerda. Aliás, para acabar de vez com detrminado partido de esquerda é chamá-lo ao poder e obrigá-lo juntar-se ao "Centrão" (ver o caso da Grécia), simples.
Aconselho apenas que tentem perceber quem vos vai roubar menos, quem tem a horda menos faminta. O resto não interessa, ou seja, ultrapassa a dimensão do próprio governo. As metas estão definidas e são para ser cumpridas independente da cor partidária e em casa onde não há pão... quem dá pão é patrão.
Se votasse menos ainda me preocuparia com as presidenciais. Logo porque os candidatos são uma miséria: Maria De Belém? Marcelo??? dimensão ética e política... o Marcelo??? só se for uma dimensão à escala deste quintal à beira mar plantado. Se aparecesse um Guilherme D' Oliveira Martins ainda pensava no assunto. Esse sim dotado de dimensão cultural e ética, mas gente assim ameaça os propósitos do establishment interessado apenas em espalhar "marionetas" pelos vários países e instituir a cleptocracia mundial. Uma elite de oligarcas servidos por mundo de escravos que se julgam livres pelo direito ao voto julgando determinar o seu destino e que triste destino legitimam. Enfim, gente pouco ambiciosa.

26 de setembro de 2015 às 04:02  
Blogger opjj said...

Por acaso já foi a votos? Fala de pessoas que o foram muitas vezes e que o povo os reconheceu.
Cavaco foi doutorado por universidade inglesa e reconhecida a sua tese e até aproveitada por lá.
Um especialista em económicas não é obrigado a ser um experto em direito,medicina, engª etc.
Eu conheço a obra de Saramago, que aprecio, mas isso não faz de mim um escritor!
Conheço Marcelo, ele teve berço e por isso não iria trair o povo.
De resto há facciosismo e ressabiamento e dor de cotovelo.

26 de setembro de 2015 às 18:44  

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