Novo Banco, uma chatice
Por Antunes Ferreira
“Expresso” on-line – 11 de
Setembro de 2015
“Que a venda do Novo Banco anda
embrulhada, não é preciso ser um génio para ter percebido. Mas parece que a
coisa está mesmo pior do que se adivinhava e as negociações com a Fosun também
não estão e chegar a bom porto. Depois de falhar o acordo com
os chineses da Anbang, depois de se perceber que os americanos da Apollo não
tinham ficado em segundo lugar no concurso, agora são as negociações com a
empresa (também ela chinesa) que já manda em Portugal na Fidelidade e no
Hospital da Luz que correram mal.”
Ao mesmo tempo do texto acima que foi
publicado e acabo de transcrever, não há notícias de que os lesados do BES
tenham abrandado os seus protestos contra a proposta que o “Banco Bom” lhes apresentara e que não tinham aceitado. Um sarilho com face
dupla como o feijão-frade. Uma embrulhada que parece não ter fim e Carlos
Costa, recentemente reeleito pelo (des)Governo de Colho & Portas para
Governador do Banco de Portugal está medido numa camisa de 11 (mil) varas.
Resumindo: o Novo Banco é uma grande chatice
Esta mistura explosiva não foi
explicada no debate televisivo de quarta-feira entre o nosso primeiro e António
Costa, e o que ontem (sexta-feira) ocorreu com o mesmo protagonista da PaF e
Catarina Martins a líder do BE o que também s acontecera com Portas: uma
banhada, passe o excesso do termo e a linguagem popular futebolística. Os
americanos do senhor Truman não conseguiram justificar as bombas atómicas
contra Hiroxima e Nagasáqui – o que era tarefa quase impossível ou mesmo
impossível.
Comparação espúria? Por certo que é;
batendo com a mão no peito, o autor confessa o desatino e pede perdão. Porque o
imbróglio dos dois bancos em que o BES foi dividido e os lesados da incrível
“solução” (não chegam “nem às unhas dos pés” quanto mais a “nem aos
calcanhares” é um crime) não pode, de nenhuma maneira, ser comparado aos
milhões de japoneses sacrificados. Daí o reconhecimento dos qualificativos
espúria, estúpida e criminosa utilizados (mal) pelo escriba. Mas a tentação…
Nesta altura do campeonato as equipas portuguesas
(des)Governo e do Banco de Portugal envolvidas no “negócio”, tremelicam a
tentar encontrar uma saída dentro dum “prazo” afirmado pelos (des)governantes e
o pelo Banco de Portuga de que poderia ser encontrada uma saída antes das legislativas. Mas Carlos
Costa de mãos na cabeça já não sabe o que pode mais fazer; os candidatos ao
“apetitoso” Good Bank têm vindo a trocar-lhe as voltas pelo que já se diz que
uma decisão só deverá acontecer depois do
4 de Outubro. É mais uma estocada que o poder (?) não sabe ou não pode aparar.
De acordo com o que o “Diário
Económico” escreve “a proposta da Fosun
implica um encaixe líquido de 1,5 mil milhões para o Fundo de Resolução, cerca
de metade do pretendido. A ideia passa agora por lançar um novo
concurso depois das legislativas e quando já forem conhecidos os
resultados dos testes de stress europeus ao Novo Banco.”
Ainda está também por elucidar qual o
impacto da capitalização nas contas públicas e também como esclarecer de que
modo será incluído na segunda notificação o Procedimento dos Défices Excessivos
que o Instituto Nacional da Estatística terá de enviar para Bruxelas até ao
primeiro dia de Outubro.
E aqui surge um novo problema: uma
fonte oficial do Eurostat confirmou que “vai avaliar o registo do Novo Banco no
contexto da notificação de Outubro dos dados do défice e da dívida". Daí
decorre a questão que é saber como é que a capitalização do Novo Banco, no
valor de 4,9 mil milhões de euros e realizada em Agosto do ano passada, é
registada nas contas de 2014, tendo em conta que a instituição não foi vendida
e continua nas mãos do Fundo de Resolução, uma entidade que está dentro do
perímetro das administrações públicas.
O escriba não quer entrar (mais) por
este caminho: não é nem se intitula economista ou financeiro. Ainda assim, tem
de sublinhar que para garantir a capitalização do Novo Banco, a instituição
recebeu uma injecção de 4,9 mil milhões de euros por parte do Fundo de
Resolução bancário, uma entidade gerida pelo Banco de Portugal e que detém 100%
do capital do Novo Banco. Deste montante, 3,9 mil milhões resultaram de um empréstimo
remunerado feito pelo Estado e o restante foi obtido por um empréstimo, também
remunerado, feito por vários bancos a operar em Portugal e de capitais do
próprio Fundo de Resolução. É o que em linguagem popular “o ovo no cu da
galinha”.
Por isso o Banco
de Portugal, anteriormente emissor e hoje apenas fabricante de moeda, está numa
corrida contra-relógio. Carlos Costa que tem andado com a sua criança ao colo,
vê que a esperança que alimentou com a negociação com os chineses da Fonsun
está a resvalar para uma negativa tal como acontecera com os chineses (sempre
eles) da Anbang. Resta-lhe a americana Apollo.
Mas no tempo das vacas magras de hoje as viagens espaciais já não utilizam esse
foguetão…
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