1.10.15

O MEU VOTO

Por A. M. Galopim de Carvalho
O meu voto, como cidadão independente dos aparelhos partidários e interventor cívico activo, é apenas um entre milhões que no próximo Domingo vão decidir o futuro próximo de Portugal. Vale tanto quanto o do mais intelectualmente debilitado ou alienado dos portugueses.
Já o escrevi e entendo oportuno lembrar que estamos a viver tempos de indecoroso aviltamento, mercê de uma elite, entre políticos e grandes nomes do direito e das finanças que, numa promiscuidade interesseira, descarada e impune, nos está a conduzir, decidida e conscientemente, no caminho do empobrecimento económico e também, estupidamente, no do definhamento científico e cultural.
Esta caminhada de submissão a uma União Europeia cada vez mais afastada dos princípios que a fundaram, decorre perante a passividade acrítica de uma parte considerável dos nossos concidadãos mantidos incultos, destituídos de pensamento autónomo, alienados pelo futebol e pelos programas televisivos de entretenimento que nos impõem e nos entram pela casa dentro a toda a hora. Tudo isto sob a magistratura conivente de um Chefe de Estado que pouco mais de metade dos votantes (53,14%) colocaram no mais alto cargo da Nação, numa eleição em que quase metade dos eleitores se abstiveram e que, há muito, deixou de ser o Presidente de todos os portugueses. Marcados, ainda, por receios antigos, são muitos os portugueses que não ousam questionar um poder que os despreza e maltrata e muitos também os que, sem saberem porquê, lhe fazem respeitosa e submissa vénia.
A única forma, dentro da democracia, de romper com esta triste escuridão em que, com excepção de uns tantos privilegiados, fomos levados a viver, é o VOTO, que nos espera no próximo Domingo.
Desde que o neoliberalismo cego do PSD (traidor do pensamento e da prática social democrata que lhe deu nascimento) tomou conta dos nossos destinos, amparado nesta actual muletazinha conhecida pela sigla CDS-PP, vai para quatro anos, os portugueses assistem, resignados e pacificamente, ao retrocesso social e cultural imposto, insisto em dizer, por uma União Europeia cada vez mais afastada dos princípios que a fundaram.
As conquistas na segurança social, nos cuidados de saúde, na ciência, no ensino e no apoio à cultura conseguidas na vivência em democracia que se seguiu à Revolução dos Cravos estão a fugir da nossa vida colectiva como areia por entre os dedos.
Perdemos uma parte significativa da independência nacional e assistimos à asfixia e destruição de muitas das nossas valências económicas. Estamos a viver tempos de miséria e, até, de fome para um número cada vez maior de famílias, de miserável abandono dos idosos, de corrupção descarada e impune e de aumento do número e da riqueza dos ricos. A chamada classe média está a afundar-se, o desemprego tornou-se uma realidade dramática dos que já não conseguem encontrar um posto de trabalho e é um incentivo crescente à igualmente dramática emigração de uma juventude que a democratização do ensino qualificou a níveis nunca antes conseguidos.
Perante esta realidade o único voto desejável é o que afaste do poder os que, com base na mentira, nos tem conduzido neste lamentável caminho. E esse voto, no momento que estamos a viver e para pôr fim a esta infelicidade só pode ser o voto no PS.
O meu voto sempre foi à esquerda deste partido, onde militam cidadãos que muito respeito a par de outros que “não tanto assim” e que tem responsabilidades na situação que tanto nos aflige. Como cidadão independente, liberto de fidelidades aos aparelhos partidários, disciplina que sempre rejeitei, vou votar no António Costa, que conheço bem e que reputo de Homem generoso, de palavra e de muita competência para o cargo de Primeiro Ministro nos tempos que se avizinham e que, como todos sabemos, continuarão a ser difíceis mas que desejamos sejam respeitadores da dignidade dos portugueses.

Etiquetas:

4 Comments:

Blogger José Batista said...

Obrigado, Professor Galopim.

Pelo desassombro e pela clareza.
O tempo que se vive é de uma enorme vileza.
No fundo, porque o povo é submetido intencionalmente a pouco pão e muito circo...
É preciso ir às urnas, para evitarmos um maior espezinhamento dos que precisam e querem trabalhar e viver dignamente.

1 de outubro de 2015 às 18:46  
Blogger opjj said...

Caríssimo Sr. Galopim, já tem idade de ter juízo. Só fala assim quem sempre viveu à sombra da bananeira, ou melhor, à custa dos pobres do país. Aquilo que de facto a sua idealogia defende é a pobreza do povo.O Jerómino tem o seu pensamento, só que, mente compulsivamente à muito e desculpam-no apelidando-o de simpático. Um tipo que mente À anos, que vem dizendo que pensões de 300€ ou menos e 350€ pagam taxas moderadoras. Até estes dos 300€ participam na farsa sabendo que nada pagam. Ontem na SIC num directo a hospital e centro de saúde, os jornalistas tentaram dar a volta aos utentes quando estes diziam que nada tinham a dizer de mal da saúde.
Desejo-lhe saúde e maís verdade.

2 de outubro de 2015 às 09:46  
Blogger SLGS said...

Sr. Professor Galopim, como é que uma mente brilhante como a sua (sem qualquer ironia) pode, em termos políticos, pensar dessa maneira?
O senhor acredita mesmo no que diz?
Alguém que nos valha!

2 de outubro de 2015 às 16:10  
Blogger 500 said...

Concorde-se ou não com a opinião e declaração de voto do prof. Galopim de Carvalho (e eu concordo), seria útil que os comentadeiros soubessem, no mínimo, as regras elementares da língua portuguesa, o que acontece com um comentador anterior, habitual neste espaço.

2 de outubro de 2015 às 19:07  

Enviar um comentário

<< Home