O MEU VOTO
Por A. M. Galopim de Carvalho
O meu voto, como cidadão independente dos aparelhos partidários e
interventor cívico activo, é apenas um entre milhões que no próximo
Domingo vão decidir o futuro próximo de Portugal. Vale tanto quanto o do mais
intelectualmente debilitado ou alienado dos portugueses.
Já o escrevi
e entendo oportuno lembrar que estamos a viver tempos de indecoroso
aviltamento, mercê de uma elite, entre políticos e grandes nomes do direito e
das finanças que, numa promiscuidade interesseira, descarada e impune, nos está
a conduzir, decidida e conscientemente, no caminho do empobrecimento económico
e também, estupidamente, no do definhamento científico e cultural.
Esta caminhada de submissão a uma União Europeia cada vez mais afastada dos
princípios que a fundaram, decorre perante a passividade acrítica de uma parte considerável dos
nossos concidadãos mantidos incultos, destituídos de pensamento autónomo,
alienados pelo futebol e pelos programas televisivos de entretenimento que nos
impõem e nos entram pela casa dentro a toda a hora. Tudo isto sob a
magistratura conivente de um Chefe de Estado que pouco mais de metade dos
votantes (53,14%) colocaram no mais alto cargo da Nação, numa eleição em que
quase metade dos eleitores se abstiveram e que, há muito, deixou de ser o Presidente de todos os portugueses. Marcados, ainda, por receios antigos,
são muitos os portugueses que não ousam questionar um poder que os despreza e
maltrata e muitos também os que, sem saberem porquê, lhe fazem respeitosa e
submissa vénia.
A única forma,
dentro da democracia, de romper com esta triste escuridão em que, com excepção
de uns tantos privilegiados, fomos levados a viver, é o VOTO, que nos espera no
próximo Domingo.
Desde que o neoliberalismo cego do PSD (traidor do
pensamento e da prática social democrata que lhe deu nascimento) tomou conta
dos nossos destinos, amparado nesta actual muletazinha conhecida pela sigla
CDS-PP, vai para quatro anos, os portugueses assistem, resignados e
pacificamente, ao retrocesso social e cultural imposto, insisto em dizer, por
uma União Europeia cada vez mais afastada dos princípios que a fundaram.
As conquistas na segurança social, nos cuidados de
saúde, na ciência, no ensino e no apoio à cultura conseguidas na vivência em
democracia que se seguiu à Revolução dos Cravos estão a fugir da nossa vida
colectiva como areia por entre os dedos.
Perdemos uma parte significativa da independência
nacional e assistimos à asfixia e destruição de muitas das nossas valências
económicas. Estamos a viver tempos de miséria e, até, de fome para um número
cada vez maior de famílias, de miserável abandono dos idosos, de corrupção
descarada e impune e de aumento do número e da riqueza dos ricos. A chamada
classe média está a afundar-se, o desemprego tornou-se uma realidade dramática
dos que já não conseguem encontrar um posto de trabalho e é um incentivo
crescente à igualmente dramática emigração de uma juventude que a democratização
do ensino qualificou a níveis nunca antes conseguidos.
Perante esta realidade o único voto desejável é o que
afaste do poder os que, com base na mentira, nos tem conduzido neste lamentável
caminho. E esse voto, no momento que estamos a viver e para pôr fim a esta
infelicidade só pode ser o voto no PS.
O meu voto sempre foi à esquerda deste partido, onde
militam cidadãos que muito respeito a par de outros que “não tanto assim” e que
tem responsabilidades na situação que tanto nos aflige. Como cidadão
independente, liberto de fidelidades aos aparelhos partidários, disciplina que
sempre rejeitei, vou votar no António Costa, que conheço bem e que reputo de Homem
generoso, de palavra e de muita competência para o cargo de Primeiro Ministro
nos tempos que se avizinham e que, como todos sabemos, continuarão a ser
difíceis mas que desejamos sejam respeitadores da dignidade dos portugueses.
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4 Comments:
Obrigado, Professor Galopim.
Pelo desassombro e pela clareza.
O tempo que se vive é de uma enorme vileza.
No fundo, porque o povo é submetido intencionalmente a pouco pão e muito circo...
É preciso ir às urnas, para evitarmos um maior espezinhamento dos que precisam e querem trabalhar e viver dignamente.
Caríssimo Sr. Galopim, já tem idade de ter juízo. Só fala assim quem sempre viveu à sombra da bananeira, ou melhor, à custa dos pobres do país. Aquilo que de facto a sua idealogia defende é a pobreza do povo.O Jerómino tem o seu pensamento, só que, mente compulsivamente à muito e desculpam-no apelidando-o de simpático. Um tipo que mente À anos, que vem dizendo que pensões de 300€ ou menos e 350€ pagam taxas moderadoras. Até estes dos 300€ participam na farsa sabendo que nada pagam. Ontem na SIC num directo a hospital e centro de saúde, os jornalistas tentaram dar a volta aos utentes quando estes diziam que nada tinham a dizer de mal da saúde.
Desejo-lhe saúde e maís verdade.
Sr. Professor Galopim, como é que uma mente brilhante como a sua (sem qualquer ironia) pode, em termos políticos, pensar dessa maneira?
O senhor acredita mesmo no que diz?
Alguém que nos valha!
Concorde-se ou não com a opinião e declaração de voto do prof. Galopim de Carvalho (e eu concordo), seria útil que os comentadeiros soubessem, no mínimo, as regras elementares da língua portuguesa, o que acontece com um comentador anterior, habitual neste espaço.
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