C A R T A Z E S
Por Joaquim Letria
Já devem ter reparado na proliferação de cartazes com
senhoras e senhores que debruam as nossas ruas, estrada e avenidas. É um
rosário de sorrisos com umas frases inocentes que nos dizem “fazer diferente,
fazer melhor”, “pensar mais, ver mais longe”, “coragem para mudar” e outras
coisas do género que não nos dão nenhuma ideia nem despertam qualquer
sentimento. Alguns destes cartazes nem nos dizem nada. Limitam-se a dar-nos retratos
daquelas senhoras e senhores de rasgados sorrisos.
Por causa destes cartazes, coloridos e bem dispostos,
pensava eu que Portugal estava a atravessar um período económico ainda melhor
do que aquele de que o Governo nos anuncia, cheio de investimento e a disparar
um desenvolvimento que há décadas não se fazia sentir, com chineses, angolanos,
franceses e brasileiros a disputarem entre si o privilégio de poderem investir
em Portugal e até, quem sabe, ganhar um “Visto Gold”.
Esta percepção errada explica-se facilmente. É que estes
cartazes com os sorrisos e as frases doces e inocentes são iguais aos do
“Century 21”, “Royal Smile”, ”Era” e “Remax”, as grandes imobiliárias do retalho
que vendem andares, vivendas, lotes, quintinhas, armazéns, hostels, montes no
campo e casas na praia. Uma senhora e um senhor por cartaz, cada um com um
sorriso para todos nós, a boa disposição e a simpatia por metro quadrado.
A verdade é que a grande maioria destes cartazes, que
proliferam sem mensagem ou com frases inocentes, é para pura propaganda
política, da esquerda à direita, e servem para marcar as melhores posições no
terreno para os futuros “outdoors” com que os políticos vão ensarilhar-nos ainda
mais a paciência assim que disparar a campanha para as eleições autárquicas.
Quem me revelou isto foi o Dr. Isaltino de Morais, num grande cartaz à entrada
de Queluz de Baixo no qual ele nos promete que ”Oeiras vai ter os melhores
alunos”. Então percebi tudo.
Já uma tarde destas me tinha parecido ver a D. Assunção
Cristas na Praça de Espanha a sorrir para mim e até tinha pensado nos coitados
dos ex-lideres e actuais dirigentes do CDS, com o Dr. Paulo Portas a vender renda
de bilros em Juarez e noutras violentas cidades do México e a D. Assunção
Cristas a sujeitar-se a vender T3 e T4 ali a Sete Rios. Agora estou ciente! É a
campanha que se avizinha. Ainda bem! Cheguei a temer pelo futuro dos nossos
queridos políticos.
É, portanto, altura
de marcar umas férias. Se não puder ser para calores longínquos, que seja para
o outro lado da fronteira. Em Águas Caldas já os nossos irmãos galegos nos
abrigam com carinho e o galaico-duriense nos protege e afasta do barulho e pantominices
que vêm aí.
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Publicado no Minho Digital
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Etiquetas: JL
2 Comments:
Para estas "farandolas" não falta dinheiro... nem protagonistas.
Tem razão o JB Mas,o que mais incomoda são as promessas falaciosas
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