Notas Soltas – janeiro/2018
Por Carlos Esperança
Antissemitismo – Em 1941, em Jedwabne, católicos polacos fecharam num celeiro 340 vizinhos judeus, queimando-os vivos. O ódio religioso levou os bispos cristãos a dar ao regime alemão os registos de batismo para, por exclusão, acharem judeus.
Polónia – Ignorando a cumplicidade autóctone no Holocausto, o recente projeto-lei, que torna ilegal acusar o Estado polaco de cumplicidade, não muda a história nem absolve o passado do País, cuja sintonia com a Alemanha de Hitler não foi apenas residual.
SMMP – A autonomia da investigação, ao contrário do que afirmam os sindicalistas do Ministério Público, não parece estar em causa. Clara é a agenda política que condiciona o Governo, na tentativa de alienar, a este e aos seguintes, as prerrogativas próprias.
Água – A escassez de água afeta mais de 40 por cento da população mundial e prevê-se o agravamento nos próximos anos. Por isso, a poluição é um crime que só rivaliza com a privatização feita por alguns autarcas portugueses, que se mantêm impunes.
Alemanha – A atual solução governativa é a que mais convém à UE e a que mais pode beneficiar Portugal, com uma progressiva integração económica, social e política. Será uma oportunidade perdida se o populismo nacionalista se lhe opuser.
Filipinas – A eleição de um assassino é uma fragilidade das democracias, e o presidente Duterte é o reflexo do país atrasado onde católicos se crucificam na Páscoa e é popular a execução sumária de presumíveis drogados, traficantes e contrabandistas.
Patriarca de Lisboa – O cardeal Clemente defende que casais “em situação irregular”, isto é, que voltaram a casar após o divórcio, tenham uma "vida em continência na nova relação". É a apologia do mais original dos casamentos, com separação de pessoas.
Rio Tejo – O poder dos poluidores é tão grande que são numerosos os poderes a ignorar a sua morte, a ocultar os culpados e a obstruir o apuramento de responsabilidades. Em 5 anos, de 1091 pescadores restam 46 e, com a o rio envenenado, o País vai morrendo.
Venezuela – Quem ignora a intenção fraudulenta do chavismo nas eleições, imaginado que é de esquerda o governo que as falseia, perde legitimidade para denunciar tropelias da direita, onde quer que aconteçam. Só eleições livres respeitam a vontade dos povos.
Justiça – Na sequência dramática dos últimos incêndios, é inexplicável a benevolência do Tribunal da Feira, condenando a quatro anos de prisão, com pena suspensa, o ex-bombeiro que ateou 3 incêndios florestais em 2016, no concelho de O. de Azeméis.
Brasil – O juiz-estrela Sérgio Moro recebe cerca de 1500 € para habitação em Curitiba, dispondo de imóvel próprio na cidade. A vedeta da luta contra a corrupção é o ponta de lança do sequestro da política pelo poder judicial. Contra Lula, …marchar, marchar!
Espanha – O franquismo fuzilou quase 3.000 pessoas, em Madrid, entre 1939 a 1944, depois da guerra civil. É a dolorosa amostra de centenas de milhares de execuções, pelo maior genocida ibérico da História. Continuam impunes e silenciadas.
EUA – Os fuzilamentos de alunos em escolas não conduzem ao limite do uso de armas. Consideradas um direito para defesa individual, Trump propõe armar os professores. Da próxima vez aconselhará o treino e armamento de crianças e adolescentes.
Vale dos Caídos – O Governo do PP gastará 1,8 milhões de €€, a restaurar o mausoléu de Franco, em 5 anos. Só na comunidade de Cantábria há cerca de 150 valas comuns da Guerra Civil e do pós-guerra, onde impede a exumação dos mortos com funeral digno.
Kosovo – Dez anos após a independência falhada, é uma feitoria de terrorismo e droga, com terroristas do UÇK no poder através do PDK, sem julgamento. Se a UE implodir, será o rastilho albanês a incendiar a Sérvia, Montenegro, Macedónia e Grécia.
Rui Rio – O novo líder libertou o PSD da inépcia e radicalismo de Passos Coelho, mas a ameaça de Luís Montenegro, a guerrilha anónima e cobarde do grupo parlamentar e o elogio de Cavaco mancharam a sua vitória e complicam-lhe o futuro.
PSD – O 37.º Congresso não foi apenas mais um, no partido que não tolera líderes que o mantenham na oposição, foi o início de uma guerrilha contra Rui Rio, que humilhou a máquina partidária que conseguiu fazer de Passos Coelho um PM.
Rio de Janeiro – A substituição das forças de segurança por Forças Armadas é anómala em democracia. Para além de estar fora de controlo o crime organizado, revela que está instalado o estado de sítio, incompatível com o funcionamento democrático.
IST – António Guterres, ao receber as insígnias de Doutor pela prestigiada escola que o formou, deixou-a ainda mais engrandecida. O improviso de 24 minutos foi uma notável peça oratória do insigne humanista, com sérios avisos ao mundo.
Luís Montenegro – O ressentimento do apoiante de Santana Lopes levou-o ao discurso hostil a Rui Rio, no congresso, à renúncia de deputado, na AR, e à exposição mediática que o transforma no Francisco Assis do PSD, mas só Roma não pagava aos traidores.
Urânio – A exploração de minas a céu aberto em Retortillo/Salamanca junto à fronteira com Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo e Douro Internacional é um crime ecológico e um risco que, além do Governo, exige a mobilização das populações pelas autarquias.
PR – Foi um ato de justiça e dignidade a homenagem prestada, em S. Tomé às vítimas do Massacre de Batepá, mil (?), ordenado pelo governador, cor. Carlos Gorgulho, em 3 de fev. de 1953, para perpetuar o trabalho escravo. Crime do colonialismo salazarista.
Etiquetas: CBE
2 Comments:
Concordo, na generalidade, com estes oportunos apontamentos.
Um poder de síntese fantástico! Parabéns
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