22.8.20

AINDA A BATALHA DE CARENQUE


Por A. M. Galopim de Carvalho

Devo começar por dizer que nunca abandonei as batalhas cívicas que travei. Perdi umas, mas foram mais as que ganhei. Já não tenho a saúde e a energia físicas de então, mas o cérebro ainda funciona e os dedos ainda mexem no teclado do computador. É importante acrescentar que, nestas lutas, continuo a contar com a solidariedade de muitos colegas e amigos. Isto para dizer que estou determinado a levar esta até ao fim, para o que necessito da colaboração de todos os amigos e seguidores no Facebooke e Blogues e essa colaboração começa por ser partilharem, com os respectivos amigos, os desenvolvimentos que forem tendo lugar, numa espécie de reacção em cadeia, numa utilização plena das chamadas Redes Sociais.

— Alma até Almeida! – dizia o meu pai.

Dou, assim, início a mais uma, talvez a última, batalha para tentar salvar a importante jazida com pegadas de dinossáurios de Pego Longo, na vizinhança de Carenque, nome este por que é mais conhecida. É uma luta que dura há 34 anos, que teve uma fase muito dura entre 1990 e 1993, que foi ganha com a abertura dos dois túneis da CREL sob a jazida, luta que continuou e que teve outra vitória em 2001, com a aprovação, pela Câmara Municipal de Sintra (era presidente a Drª Edite Estrela) do projecto do Museu e Centro de Interpretação de Pego Longo, após luz verde do então Instituto de Conservação da Natureza. Projecto que morreu com o final desta vereação, numa qualquer gaveta da Autarquia.

De 2001 para cá, ou seja nos últimos 19 anos, não obstante as múltiplas diligências que nunca deixei de fazer, a degradação com destruição parcial da jazida agravou-se a um ritmo exponencial sob o total abandono e negligência das entidades que tinham, por lei, obrigação de a vigiar e proteger, nomeadamente as duas últimas vereações da Autarquia e o Instituto de Conservação da Natureza que, em 2007, foi também “da Biodiversidade” e, em 2012, mudou para “das Florestas”, abandono e negligência que não estou na disposição de esquecer.

Já qui o disse e volto a dizer que estamos a viver um período em que temos outras urgências bem mais gritantes, sendo imperioso que, pelo menos, se tente travar a degradação e a destruição em curso, intervindo no sentido de remediar, consolidar e, em suma, proteger eficazmente a jazida, na esperança de melhores dias, em que haja disponibilidade financeira para valorizar um património natural cuja importância extravasa as nossa fronteiras. 

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