A MINHA avaliação da última sondagem
Por C. B. Esperança
Penso, por vezes, que as sondagens influenciam mais as intenções de voto do que estas as sondagens, mas não deixam de constituir um indicador útil para avaliar a dinâmica e mobilizar a desmotivada tendência para o cumprimento do dever cívico que a pandemia agravará.
A subida das intenções nas candidatas de esquerda e, sobretudo, uma auspiciosa votação em Ana Gomes, veio relegar o candidato fascista, que os média traziam ao colo, para o espaço que lhe cabe entre nostálgicos da ditadura, marginais do delito comum e radicais de rija têmpera.
As sondagens não avaliam o mérito dos candidatos, mas a opinião dos eleitores sobre a candidatura de que se sentem mais próximos ou a que melhor representa a sua vingança. Esta, veio mostrar que há espaço para substanciais flutuações de voto e, certamente, que o candidato do PCP não ficará abaixo dos 3% que ora lhe atribuem as intenções de voto.
A maior surpresa, para quem julgava que o atual PR poderia aglutinar eleitores de todas as áreas, é a colocação longe das suas ambições e a punição dos excessos da presidência que, com a conivência dos média, parecia ser a de uma República presidencialista.
Tem, para já, uma honrosa percentagem de intenções, que podem baixar, a que não será alheia a gratidão dos portugueses pelo seu sentido de Estado, após o pesadelo do fim de mandato do antecessor, com ameaças ao Governo formado na AR, como era inevitável, e à dilatação do mandato, até ao limite que a CRP permitia, do Governo Passos Coelho / Portas, repudiado no País e recusado no Parlamento.
Seria injusto esquecer o que representou na salubridade política a eleição de Marcelo e o contraste da cultura, inteligência e sensibilidade com o antecessor, mas as suas virtudes tiveram nos defeitos, na permanente intromissão nas atribuições dos outros órgãos da soberania, a tendência para acentuar os últimos que a atual sondagem parece punir.
Neste momento pode dizer-se, sem laivos de utopia, que a segunda volta está em aberto, e tudo depende da dinâmica das várias candidaturas incluindo as anãs de cuja presença só é conhecida ainda a intenção do reincidente Tino de Rãs.
O que alguns julgaram uma campanha morna, com um candidato esmagador, tem todas as condições para ser uma campanha viva, com debate político, onde a candidata melhor colocada para uma segunda volta pode criar uma dinâmica que era impensável.
Vai ser aliciante observar o desempenho no debate a dois, entre Marcelo e Ana Gomes, sem menosprezar o naipe de excelentes candidatos que inclui Marisa Matias e João Ferreira.
A procissão ainda vai no adro, mas esta última sondagem relançou a esperança de uma campanha viva, esclarecedora e onde a política floresce no jardim da democracia.
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2 Comments:
Antes que o meu comentário possa ser mal apreciado, digo desde já que tenho uma profunda repulsa pela candidatura do arrivista Ventura.
A mesma repulsa dedico a Ana Gomes, a criaturinha que difama, atira acusações "por ouvir dizer" e que apenas reconhece a sua canalhice quando confrontada.
Mais, acusa responsáveis de partidos adversários das mais diversas mal-feitorias, de se locupletarem com verbas das corrupção mas, quando percebe que essas verbas apenas podem estar no seu partido, atira para baixo do tapete, esquece, muito convenientemente, as acusações.
Se está de acordo com candidata de tal calibre, só posso inferir as suas verdadeiras motivações.
Carlos Diniz:
Não direi em quem voto, mas não voto em Ana Gomes nem me abstenho.Há sempre um/a candidato/a que não ganhará e que serve para cumprir o dever cívico de votar.
Procurei fazer uma análise, naturalmente com a visão política pessoal, mas sem estados de alma
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