27.11.20

QUAL É A VERDADE DOS “MÉDICOS PELA VERDADE”?

Por Joaquim Letria

A minha otorrinolaringologista, Dra. Clara Capucho, dirige a unidade de voz do serviço de otorrinolaringologia do centro hospitalar de Lisboa Ocidental, no Hospital Egas Moniz. De cada vez que a consulto, naquele hospital, ela ordena-me que faça previamente um teste Covid-19 e recebe-me protegida por uma máscara dupla e uma viseira.

Eu próprio, pós-observação, devo colocar uma máscara e uma viseira. Conto isto porque estou inteiramente de acordo com estas medidas protectoras, quer da médica, quer das terapeutas, quer de mim próprio, que devo abrir a boca e falar a menos dum palmo de distância das suas caras.

Mas se falo nisto é porque segundo notícias nos jornais e reacções da Ordem dos Médicos, nesse mesmo hospital há um médico que passa atestados a pessoas que não queiram usar máscara e que pertence a um movimento que se auto denomina “Médicos pela Verdade” e se manifesta publicamente contra o uso das máscaras. O referido médico, Dr. Gabriel Branco, passou, pelo menos, 13 atestados a dispensar o uso das máscaras.

Gabriel Branco é o Director do Serviço de Neurorradiologia do Hospital Egas Moniz e trabalha também no Hospital da CUF, em Lisboa, e quer em artigos de opinião, quer em intervenções assíduas no Facebook, defende que “a população tem sido aconselhada, ou obrigada por lei, a usar máscaras sem que as autoridades responsáveis por essas sugestões ou ordens tenham fundamentado as provas da eficácia dessa prática”.

O médico passa atestados para os doentes que não queiram usar máscara, mas ele próprio usa máscara, conforme consta das respostas dos hospitais da CUF e de Egas Moniz à Ordem dos Médicos, onde foram apresentadas queixas contra o clínico em causa.  

A Ordem dos Médicos encaminhou as diversas queixas para os respectivos Conselhos Disciplinares Regionais e comenta:

“O crescimento de grupos negacionistas representam uma ameaça ao disseminarem informação errada que pode contribuir para a não adesão dos cidadãos às medidas”. A Ordem considera posições anti-máscara “ sem fundamento e que contribuem para o aumento da incerteza, ansiedade e dificultam o combate à pandemia, como aconteceu noutros momentos de que são exemplos os movimentos anti vacinação.”

Eu respeito muito as liberdades e garantias, por isso agarrava nos médicos anti máscaras e seus seguidores e metia-os nas prisões e lares a abarrotarem de infectados de Covid-19, a tratarem de quem precisa. Obviamente que os mandava para lá como eles gostam e acham melhor… ou seja, sem máscaras…

Publicado no Minho Digital 

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