23.4.21

O PRÍNCIPE FELIPE, DUQUE DE EDIMBURGO

Por Joaquim Letria

Esta semana morreu o duque de Edimburgo, marido da Raínha Isabel II, que nunca aceitou ser príncipe consorte. De origem grega e dinamarquesa assumiu a linhagem dos Mountbatten, o que lhe não deixou grande popularidade. Faleceu aos 99 anos, completaria 100 anos em Junho, mais 5 anos do que Elizabeth II.

Conheci o príncipe Felipe, viajei com ele para e de Lisboa, fui testemunha do seu sentido de humor e por uma única vez encontrei-o com a Rainha a bordo do iate Brittania, quando Sua Majestade aí me conferiu o grau de Honorary Commander da Ordem de Victoria no curso da sua última viagem de Estado a Lisboa.

O Príncipe Felipe tinha muita graça e alguma desfaçatez. Na viagem em que o acompanhei, com mais jornalistas ingleses, a Lisboa, onde viera assinalar um aniversário da Aliança Luso- Britânica , ao nos aproximarmos de Lisboa, o avião da Royal Air Force em que voávamos, começou a ter um comportamento estranho o que me levou a perguntar ao major que fazia de hospedeira se havia problema. Ele riu-se e explicou-me:

--Não, é o príncipe que acha que é piloto. E pela porta semi fechada do “cockpit” lá vi o principe aos comandos do avião até os coronéis da RAF que comandavam a aeronave o despacharem para a cabine e pudéssemos aterrar em paz.

Mais tarde, numa recepção que concedeu no Palácio de Queluz, era apresentado a uma longa fila de personalidades portuguesas com que trocava palavras simpáticas. Ao parar face a Luis Lupi, director da Agência de notícias Lusitânia, que ostentava um grande emblema da Legião Portuguesa, o príncipe, apontando-lhe para a lapela, perguntou:

-O que é isto?

Lupi respondeu: - é o símbolo de uma organização anti comunista.

E o príncipe: Ah! E tem tido sucesso? (Have you been succseful?)

Penso que o príncipe ficará sepultado no Castelo de Windsor, onde aliás faleceu, não sendo levado para Londres. Assisti ali nos anos 70 ao funeral de Eduardo VIII.

Tudo isto só foi possível pelos anos que vivi em Londres e pelo tempo em que trabalhei para a BBC e, mais tarde ainda, pelas minhas funções de Porta-Voz do Presidente de Portugal, general Ramalho Eanes.

Nada de mais. De resto, só de tal aqui vos dou conta por me parecer poder ter um interesse relativo como mera curiosidade do domínio das memórias de quem já viveu uma vida preenchida.

Publicado no Minho Digital

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