16.6.22

Marcelo confeciona a vichyssoise/2026 para servir em S. Bento

 

Foto de Manuel de Almeida, da Agência Lusa, que acompanhou o PR a Londres
Por C. B. Esperança

A desagradável surpresa de ver o PR, numa imperdoável distração, a comemorar o 10 de Junho no dia 11, em Londres, na companhia de militantes do partido fascista, que exibiram a bandeira partidária, causa as maiores apreensões.

Ver o Presidente a promover extremistas é motivo de apreensão e perplexidade. Sem cometer a deselegância de regressar à sua origem familiar e ao destinatário do exercício epistolar sobre o III Congresso da Oposição Democrática de Aveiro, vale a pena recordar o seu percurso político. O receio justifica-o.

Marcelo Rebelo de Sousa, José Miguel Júdice, Pedro Santana Lopes, José Manuel Durão Barroso e António Pinto Leite surgiram em finais de 1983 ou início de 1984, a preparar na sombra, de forma organizada, o retorno da pior direita, por via democrática.

Foram decisivos em dois congressos do PSD, em 1984 [Braga] derrotando Mota Amaral com Mota Pinto e, sobretudo, em 1985 [Figueira da Foz], na improvável ascensão do obscuro Cavaco Silva à liderança do partido, derrotando João Salgueiro.

Marcelo destacou-se, entre os cinco neoliberais, pelo interesse e eficácia. A inteligência, cultura e ânsia do poder eram comuns. Miguel Júdice e Pinto Leite acabariam por passar aos negócios privados com fulgurantes carreiras de advogados.

O grupo não se comparava, salvo na eficiência, ao que Miguel Relvas, Marco António, Paulo Júlio e outros arrivistas, a roçarem a indigência cultural, formariam um quarto de século depois. Os criadores eram diferentes, só as criaturas foram semelhantes, Cavaco e Passos Coelho.

Duas décadas depois, Santana Lopes andava por aí e foram de novo Marcelo e Barroso, acompanhados das respetivas mulheres, que, na companhia de Cavaco e da inseparável prótese conjugal, prepararam na casa e a convite de Ricardo Salgado, durante o jantar, a primeira candidatura vitoriosa de Cavaco a PR, impedindo a de Freitas do Amaral.

Curiosamente, por amor ou rancor, Cavaco quis deixar Durão Barroso em Belém, mas a longa marcha do comentador Marcelo logrou secar a concorrência para a sua perpétua azia enquanto o cúmplice da invasão do Iraque não logrou atrair quaisquer simpatias.

Decididamente, ninguém gosta da companhia de Cavaco, que agora disputa a Marcelo a oposição ao Governo do PS, faltando-lhe a experiência, cultura e empatia com que se tecem intrigas e se inventam personalidades.

Apesar de ter sido Cavaco o criador de boas e más moedas, foi uma epifania de Rui Rio a escolha de Moedas para a Câmara de Lisboa, mas é de Marcelo o mérito de o mostrar para fazer dele um governante para 2026.

Apenas parece um exagero o (ab)uso de funções presidenciais para liderar a oposição ao Governo. Urge estar atento às movimentações do PR e escrutiná-las.

Ponte Europa / Sorumbático

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