2.6.22

O Brasil, a democracia e o futuro

 Por C. B. Esperança

As ditaduras não carecem de adjetivos, mas as ditaduras militares brasileiras pautaram-se sempre por inaudita crueldade. A democracia vive aí em permanente sobressalto.

A tentativa de redemocratização, após a ditadura de 1964/1985, constituiu um relativo êxito, particularmente desde 1995 a 2011, com Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva a cumprirem dois mandatos sucessivos, máximo legal, com assinalável progresso económico e um módico de justiça social, mais evidente com Lula da Silva.

Dilma Russef, após a reeleição para um segundo mandato, apoiada por Lula, foi vítima de uma perversa conspiração, enquanto um juiz venal e ambicioso procurava destruir a imagem e privar da liberdade Lula da Silva, a troco de um lugar de ministro, do desejo de ser juiz do Supremo, onde lhe foi recusada a entrada, e, eventual candidatura a PR. Só conseguiu uma condecoração e ser ministro de Bolsonaro, nódoa imperecível.

Dilma foi vítima de destituição com a cumplicidade do vice-presidente, Michel Temer, o típico político corrupto que serviu os golpistas, que lhe garantiram a presidência e a impunidade. A destituição, condenado por juristas internacionais, entre os quais o Juiz espanhol Baltasar Garzòn, que a designou de golpe de Estado, abriu caminho à eleição de um capitão abrutalhado que, no último ano, continua a insistir num golpe militar.

Tudo aponta para uma candidatura polarizada entre Lula e Bolsonaro, este um perigo que tudo fará para manter o poder, depois de ter promovido a marechais cem generais. 

Nunca se averiguou de onde partiu o plano para assassinar a vereadora Marielle Franco e o ministro Sergio Moro viu expostas as manobras para perseguir Lula, confirmadas com factos pelo sítio informativo Intercept Brasil. Bolsonaro é um golpista, mais capaz de dirigir um bando de marginais, incluindo os filhos, do que de governar um País.

No Brasil as democracias foram sempre frágeis e à mercê de caciques venais que veem no poder uma forma de enriquecerem.

Quem segue os media brasileiros vê que a luta contra Lula já começou com a violência com que derrubaram Dilma, mas é mais fácil fazer sair dos quartéis os militares de que arranjar outro Sergio Moro capaz de todas as perfídias escondido na toga. 

O Brasil tem juízes honestos, incapazes de trocar a toga pelo superministério da Justiça e Segurança Pública e pela Medalha da Ordem do Ipiranga (2019) como o fez Moro.

Assim pudesse o País garantir a isenção da TV Globo, a moderação evangélica e a neutralidade dos quartéis.

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