8.9.22

O neoliberalismo anda aí a contaminar partidos e a alvoroçar oportunistas

 Por C. B. Esperança

Da IL ao defunto CDS, do PSD ao interior do PS, das televisões aos jornais, surgem as vozes inconformadas com a solidariedade social, ansiosas das liberdades que permitem reduzir o Estado ao mínimo e desregular a iniciativa privada ao máximo.

Não surpreendem os fascistas ou a IL. A IL defende o mais radical neoliberalismo, com uma taxa única do IRS para quem ganhe mil ou um milhão, a fazer corar de vergonha os que defendem um capitalismo de rosto humano.

No CDS já tinham desaparecido os democrata-cristãos, restando os neoliberais, antes do óbito do partido. Agora, na defunção, aparece Nuno Melo a caminho do partido fascista se não conseguir a ressurreição do partido que afastou os fundadores.

O que surpreende, ou talvez não, é o regresso mediático dos neoliberais do PS, desde Francisco Assis que, depois de se ter oferecido e sido recusado para presidente da AR, já elogiou Passos Coelho de modo a que o PSD deixe de o considerar ativo tóxico. Sérgio Sousa Pinto é um caso de oportunismo, a degradação de quem defendeu na JS e na AR as posições mais avançadas para apanhar agora o comboio do neoliberalismo que julga estar a chegar, rebocado pelo PR.

O caso mais surrealista do PS é o de um médico autointitulado “líder da ala socialista-liberal”, um oxímoro tão delirante como fascista-democrático ou vegetariano-carnívoro. Em representação da SEDES leu o manifesto neoliberal que alguém lhe escreveu como militante do PS. Perante os ataques concertados à social-democracia, para não referir a hostilidade carregada de ódio a qualquer forma de socialismo, não admira que a direita lhes dê amplo espaço mediático nos órgãos que domina.

São estes os ‘socialistas’ que o PSD convida e exibe na Festa do Pontal. Nada é melhor para o contrabando de ideias do que ter quem as divulgue a partir do espetro partidário concorrente.

O pessoal de António José Seguro, o que criou a risível candidatura de Maria de Belém a PR, está de volta. A defesa do neoliberalismo chega ao interior do PS.

Cabe aos militantes do PS a defesa da matriz partidária e afastarem-se de camaradas que pretendem empurrar o partido para a direita. 

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