1.12.22

Em defesa da democracia


Por C. B. Esperança

Reconheço as fragilidades da democracia liberal, e ando há sessenta anos a defendê-la, sem abdicar de lutar pelo aprofundamento económico, social e político do modelo de que não prescindo.

Nem todas as democracias liberais são recomendáveis, e fora delas só há ditaduras, por maior êxito que possam assegurar no campo económico, como é o caso da China.

Nunca me desviei deste caminho. Condeno o centralismo democrático leninista, e não me coíbo de agradecer o papel da URSS na derrota do nazismo e o do do PCP na luta contra a ditadura, na elaboração da CRP e na estabilização da democracia em Portugal.

Lamento que autointitulados defensores das democracias tenham geometria variável em relação aos países que condenam ou apoiam.

Não é tolerável o massacre de povos, a invasão de uma nação ou a violação de acordos, por qualquer país, e não podemos ser dúplices na condenação do massacre dos curdos pela Turquia, na invasão do Iémen pela Arábia Saudita, na da Ucrânia pela Rússia ou na da Palestina por Israel, só para dar exemplos de tragédias em curso.

Muito menos se aceita, sob o pretexto de defender a democracia, que se acirrem guerras e absolvam atrocidades ao sabor de interesses geoestratégicos, substituindo notícias por propaganda e factos por falsidades. 

Não há democracia sem ética, respeito pelos direitos humanos, liberdade de associação e ausência de censura.

Quando se queimam livros, proíbem notícias, ilegalizam partidos ou impõe a religião, a democracia é ferida de morte, por mais argumentos com que se desculpem os ditadores.

Os fuzilamentos ou tortura de militares capturados, ou que se renderam, são execráveis e imperdoáveis, seja qual for a barricada em que se encontravam.

A hipocrisia é a cobardia dos mais poderosos.

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