8.1.23

Fartíssimo de guerras - *Rússia e Ucrânia: “amor” milenar

Por Antunes Ferreira

Terça-feira, 15, 10H27. Começo a escrever um texto que nunca queria (nem pensava) fazer: a guerra na Ucrânia. Antes do mais, porque abomino a guerra; mas também porque há anos, bastantes, estive naquele país na altura “fazendo parte” da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS. Mas que já na altura pude aperceber-me que os ucranianos não morriam de amores pelos seus camaradas russos. 

 

Creio já ter escrito (melhor ainda, penso fazê-lo) sobre uma visita, a primeira, que fiz àquela “União”; outras duas se seguiriam e foi numa delas, em 1990, que me desloquei a Kiev para tentar saber em que pé estava o criminoso desastre de Chernobil. Difícil tarefa. Tratava-se de pura curiosidade pessoal pois já não trabalhava no Diário de Notícias, mas tinha combinado bulir umas crónicas para a TSF. Umas c’roas juntamente com a viagem são sempre bem vindas. 

 

Mas (há sempre uma adversativa para lixar um escriba) não havia aparentemente muitos interessados em abordar um dos maiores desastres nucleares, senão mesmo o pior ocorrido em centrais oficiais. Recorri por isso aos folhetos oficiais pretensamente informativos, mas fi-lo com o devido desconto e a justificada suspeição.

 

O trecho que se publica de seguida é o comunicado oficial proveniente do Ministério da Informação em Kiev e foi reproduzido pela Wikipédia.

 

«Chernobil (em ucranianoЧорнобильська катастрофаTchornobylska katastrofa – Catástrofe de Chernobil; também conhecido como acidente de Chernobil) foi um acidente nuclear catastrófico ocorrido entre 25 e 26 de abril de 1986 no reator nuclear nº 4 da Unidade Nuclear de Chernobil, perto da cidade de Pripiat, no norte da Ucrânia Soviética, próximo da fronteira com a Bielorrússia Soviética. O acidente ocorreu durante um teste de segurança ao início da madrugada que simulava uma falta de energia da estação, durante a qual os sistemas de segurança de emergência e de regulagem de energia foram intencionalmente desligados. 

 

Uma combinação de falhas inerentes no projeto do reator, bem como dos operadores dos reatores que organizaram o núcleo de uma maneira contrária à lista de verificação para o teste, resultou em condições de reacção descontroladas. A água superaquecida foi instantaneamente transformada em vapor, causando uma explosão de vapor destrutiva e um subsequente incêndio que atirou grafite ao ar livre[ e produziu correntes ascendentes ascendentes consideráveis por cerca de nove dias. 

 

O fogo foi finalmente contido em 4 de maio de 1986.  As plumas de produtos de fissão lançadas na atmosfera pelo incêndio precipitaram-se sobre partes da União Soviética e da Europa Ocidental. O inventário radioativo estimado que foi liberado durante a fase mais quente do incêndio foi aproximadamente igual em magnitude aos produtos de fissão aerotransportados libertados na explosão inicial.

 

O número total de vítimas, incluindo os mortos devido ao desastre, continua a ser uma questão controversa e disputada. Durante o acidente, os efeitos da explosão de vapor causaram duas mortes dentro da instalação: uma imediatamente após a explosão e uma por uma dose letal de radiação.

 

 Nos próximos dias e semanas, 134 militares foram hospitalizados com síndrome aguda da radiação (SAR), dos quais 28 bombeiros e funcionários morreram em meses Além disso, cerca de quatorze mortes por cancro induzido por radiação entre esse grupo de 134 sobreviventes ocorreram nos dez anos seguintes. Entre a população em geral, um excedente de 15 mortes infantis por cancro viria a ser documentado em 2011. Levará mais tempo e pesquisa para determinar definitivamente o risco relativo elevado de cancro entre os funcionários sobreviventes, aqueles que foram hospitalizados inicialmente com SAR e a população em geral.»

 

O motivo que me levara à Ucrânia, mais especificamente à capital estava (mal) encerado; voltei à URSS onde alguns conhecidos me olharam desconfiados, Porquê a ida? E porquê o país? Historicamente russos e ucranianos sempre andaram de cadeias às avessas. Daí que a minha aventura motivasse os olhos enviesados que me eram dirigidos. Mas pelo andar da carruagem se vê quem nela cai, Portanto dei corda às sapatilhas e voltei ao nosso rincão natal.

 

Com esta deriva chego quase às quatro da tarde. No Google Notícias estou a seguir as ÚLTIMAS da guerra:

«Várias cidades na Ucrânia foram alvo de mísseis da Rússia, algo que os governantes ucranianos estão a encarar como retaliação ao discurso de Zelensky na cimeira do G20. Foram registados ataques na capital Kiev, onde os mísseis russos atingiram três edifícios residenciais, em Kharkiv, Lviv e ainda em Melitopol, Nikopol e Zhytomyr.As forças russas retiraram-se de mais uma cidade em Kherson, de acordo com informações avançadas pela AFP. O secretário-geral da NATO saudou os progressos alcançados pelas forças ucranianas, mas alertou para o “erro” que seria “subestimar a Rússia” e defendeu a necessidade de continuar a apoiar a Ucrânia.

 

As principais economias globais estão reunidas na cimeira do G20, em Bali, na Indonésia. No primeiro dia de cimeira, decorreu um encontro entre Macron, o Presidente francês, e Xi Jingping, o homólogo chinês. “O Presidente Xi Jinping e eu pedimos respeito pela integridade territorial e soberania da Ucrânia. As consequências deste conflito estendem-se para lá das fronteiras da Europa e através de uma colaboração próxima entre França e China vão ser superadas”, partilhou Macron no Twitter. Ainda no G20, Olaf Scholz, o chanceler alemão, garantiu que há um “consenso a ganhar terreno” na cimeira sobre a condenação à guerra na Rússia.

 

Sergei Lavrov, o ministro dos Negócios Estrangeiros, representou a Rússia na cimeira do G20 e disse que os termos da Ucrânia para a retoma de negociações são “irrealistas”. Antes disso, já Dmitry Peskov, o porta-voz do Kremlin, tinha tecido comentários sobre o discurso de Zelensky, argumentando que era a prova de que a Ucrânia não está interessada em negociar a paz.

 

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, criticou a ausência de Putin da cimeira do G20 e classificou a guerra na Ucrânia como “bárbara”. Por seu lado a ONU alertou para a tortura de prisioneiros de guerra russos e ucranianos. A missão das Nações Unidas falou com prisioneiros de guerra detidos pela Rússia e outros pela Ucrânia, lembrando que “a proibição de tortura e maus-tratos é absoluta”. Recorde-se que António Guterres tivera um encontro com o MNE russo Sergei Lavrov.

 

O presidente da FIFA, Giani Infantini, esteve presente na cimeira do G20 e pediu um cessar-fogo na guerra durante o mês que dura o Mundial do Qatar. “O futebol une o mundo”, apelou.

 

Zelensky apresentou a “fórmula ucraniana para a paz” .”Se a Rússia diz que supostamente quer acabar com esta guerra, que o prove com ações”, desafiou Zelensky. “Não vamos permitir que espere, reorganize as suas tropas, e depois comece uma nova série de terror e desestabilização global”.

 

 

Pelo menos metade de Kiev está agora sem eletricidade, por causa dos ataques russos desta manhã, diz o autarca Vitali Klitschko. Numa publicação no Telegram, diz que o apagão foi feito por decisão da companha elétrica nacional Ukrenergo, um “passo necessário” para “equilibrar o sistema e evitar acidentes com o equipamento”. “Na capital, pelo menos metade dos clientes estão sem eletricidade”, adianta.

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, já reagiu à notícia dos ataques em várias cidades ucranianas. “Os mísseis russos estão a matar pessoas e destruir infratestruturas por toda a Ucrânia”, garante. “É isto que a Rússia tem para dizer sobre negociações de paz”, diz, num dia em que o G20 está reunido e em que Zelensky ditou as suas regras para uma “fórmula de paz”, dizendo que não vai aceitar uma nova edição dos acordos de Minsk.

 

Parem de propor à Ucrânia que aceite os ultimatos da Rússia!”, diz Kuleba. “Este terror só pode ser parado com a força das nossas armas e princípios”. Continuam os relatos de cidades ucranianas a serem atingidas por ataques russos. É o caso de Melitopol e Nikopol, na região de Dnipropetrovsk. Ambas terão sido atingidas em zonas residenciais, noticia a Sky News. Isto além dos relatos que já existiam em Lviv, Kharkiv e Zhytomyr, depois de se terem registado explosões em Kiev.

 

Entretanto, a Rússia retirou-se de mais uma cidade na região de Kherson, avança a AFP. Segundo a agência, as autoridades russas responsáveis pela ocupação de Nova Kakhovka, em Kherson, confirmaram ter deixado a cidade, onde estavam debaixo de fogo ucraniano. “Foram localizadas para localizações seguras na região”, assegura uma publicação no Telegram feito pelas autoridades de Moscovo.

O próximo embargo da União Europeia (UE) ao petróleo bruto e aos derivados do petróleo russos vai aumentar a tensão no mercado, advertiu esta terça-feira a Agência Internacional de Energia (AIE). No relatório mensal sobre o mercado petrolífero, a AIE assinala que este embargo, que entrará em vigor em 05 de dezembro para as importações de petróleo e em 05 de fevereiro para os derivados, acrescentará “mais pressão” sobre os mercados, especialmente no mercado do gasóleo, que é “excecionalmente apertado”.

Acrescenta que a proposta do G7 de impor um preço máximo para as compras de petróleo russo “pode aliviar as tensões, mas uma miríade de incertezas e desafios logísticos permanece”. Além disso, a situação da Rússia como produtor e exportador será testado com os embargos da UE, que fazem prever que a produção da Rússia desça abaixo dos 10 milhões de barris por dia em 2023, uma vez que o que a UE deixar de importar não pode ser compensado por um aumento das compras à China, Índia ou Turquia.

 

Estes são os últimos tópicos que aqui ficam. Farto de  guerras, prometo não voltar a elas aqui n’A Nossa Travessa. Uma promessa de bota abaixo…

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