50 anos depois...
Lembro-me como se fosse hoje:
No início dos anos 50, quando entrei para o Liceu Camões, era voz-corrente que se podia pedir dispensa das aulas de Religião e Moral - pelo que a minha mãe redigiu uma carta nesse sentido.
No entanto, quando a levei à Secretaria, incorri na ira de um fascista de serviço que desatou aos gritos comigo e se recusou a aceitá-la; e foi assim que acabei por ter de aturar padres durante uns bons anitos...
Mas, no fundo, estou agradecido a esse pobre-diabo/pobre-de-espírito, pois foi uma das pessoas que contribuíram - e muito! - para a minha formação anti-fascista.
E já me tinha esquecido desse pesadelo quando agora constato, perplexo, que a Igreja Católica timorense reage da mesma forma - e com tal força que chega a exigir a demissão do Governo legítimo.
Claro que «cada um sabe de si», «cada caso é um caso» e «cada terra com seu uso», mas não deixa de ser preocupante (pelo menos para mim) a ideia de haver, em pleno século XXI, estudantes de uma jovem nação livre sujeitos aos ditames religiosos de indivíduos como esses.
2 Comments:
TERRORISMO EM TIMOR LESTE
(Um artigo de Palmira F. da Silva publicado em: www.ateismo.net)
Os dois bispos de Timor-Leste pediram hoje a demissão do primeiro-ministro Mari Alkatiri, depois de uma semana de manifestações organizadas pela Igreja contra a decisão de tornar facultativo o ensino da religião em 32 escolas.
Assinado pelo vigário-geral de Díli, padre Apolinário Guterres, a Igreja Católica divulgou hoje um comunicado que pretende que a concentração de católicos na capital timorense, hoje no seu sétimo dia, «não é simplesmente sobre religião».
«A essência do problema reside no modelo de sociedade que está a ser imposto sobre este povo», informa a Igreja timorense e, falando em nome dos cerca de cinco mil fanáticos que arregimentou, afirma que «o povo perdeu a confiança neste governo» e assim «em consequência o povo exige ao partido FRETILIN a remoção deste governo».
A Fretilin pela voz do seu presidente, Francisco Guterres «Lu-Olo», que já na semana passada tinha acusado a Igreja Católica de estar a criar um «clima pré-insurreccional», disse aos jornalistas que o partido maioritário em Timor-Leste «nunca aceitará que alguém tente tomar o poder pela força».
«A FRETILIN nunca há-de aceitar um golpe de estado. Nunca aceitará que alguém tente tomar o poder pela força. A experiência de 1975 bastou.»
Num comunicado de imprensa apresentado depois da reunião do Secretariado Político Permanente do Comité Central, realizada hoje em Díli, é exigido à hierarquia da Igreja Católica que respeite a Constituição e que que não se repita a experiência de 1975, uma guerra civil que colocou timorenses contra timorenses.
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Nota: Terrorismo é o uso da violência ou a ameaça do uso da violência contra civis por razões políticas, religiosas ou ideológicas.
Só tenho pena q ainda hoje não sejam obrigatórias essa aulas de religião e moral q tanta falta fazem a tanta gente... Há muita falta de "fascismo" hoje em dia
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