26.4.05

Entes Queridos

Fui ao velório e funeral do familiar dum amigo meu. Descobri que há boas razões para a velha frase de humor negro “não me ria tanto desde a morte do meu pai”.
Os Portugueses estão a ficar divertidos nas ocasiões fúnebres, talvez porque esta seja uma das raras oportunidades para dizerem bem de alguém, por pouco tempo, tendo sempre à vista o desgosto no qual se podem refugiar, a qualquer momento.
Os assaltos são excelente desculpa para não haver velórios longos. Às nove e meia está tudo na rua a caminho dum bar ou de casa. O velório foi reduzido para algo entre as sete e as dez, mas com este bom tempo e os dias compridos, às oito já estamos despachados, “ obrigado, não se incomode mais, por amor de Deus, obrigado por ter vindo”.
Se não antecipamos a chegada ao cemitério, já lá não fomos para nada, pois é uma febre de enterra, enterra, que vem já outro a seguir. Aliás, nas sacristias e nas chegadas aos cemitérios tem de se ter muita atenção, pois pode muito bem acompanhar-se o funeral errado, se só conhecermos o falecido ou lá estivermos por amizade a um único familiar discreto daquele ente querido.Macacos me mordam se este não é um grande momento em Portugal para dois nichos de mercado: o das limusinas, champanhe, guardas-costas, tudo de aluguer – as pessoas adoram - e o da revista social, só funerais, papel “couché”, mas tudo a preto e branco. A “Caras” do adeus...Há freguesia para tudo. E neste ramo, há todos os dias...

Etiquetas:

1 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro Pedro,

A história que conta é deliciosa.
Obrigado, parabéns e um abraço
do
CMR

27 de abril de 2005 às 09:49  

Enviar um comentário

<< Home