Bocas & Bocas, SARL
CONFRONTADO com as consequências da espantosa cena que protagonizou (desautorizando, em público, no estrangeiro e em inglês o governo em que é figura grada), Freitas do Amaral saiu-se com esta:
- É uma tempestade-num-copo-de-água! Quanto mais opiniões, melhor! Venham elas! Venham mais, muitas mais opiniões!
E argumentou que Vitorino, outro peso-pesado (pesadinho...) do PS também diz publicamente o que pensa.
Esqueceu-se, no entanto, que este não vem para a praça-pública desautorizar o Partido a que pertence; pode dar uma ou outra opinião pessoal, mas mantém-se dentro dos limites da linha política (pelo menos quando existe...) com que está lógicamente comprometido.
Mas reconheço que, desde que vi e ouvi Jardim (e pouco depois o vídeo de apresentação de Carrilho), já estou preparado para tudo quando ligo a TV.
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(*) Cartoon de Sergei, feito expressamente para o SORUMBÁTICO
2 Comments:
Quando, na «Quadratura do Círculo»,J.P.Pereira referiu a hipótese de que Freitas havia dito aquilo «depois de combinar tudo com o governo», não acreditei.
Agora leio o Vicente Jorge Silva, no «DN», e pasmo - parece que foi isso mesmo que sucedeu:
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«A desorientação provocada pelos "nãos" francês e holandês ao tratado constitucional europeu está a degenerar num ambiente de verdadeira esquizofrenia política entre as elites dirigentes da União. Sintoma disso é o conflito bizarro e incompreensível entre a posição "pessoal" do ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral - que considera que o tratado deixou de ser "viável" -, e a decisão do Governo de manter a realização do referendo em Outubro. Mais extraordinário ainda é o facto de a posição "pessoal" de Freitas - a acreditar em declarações suas - ter sido concertada com o primeiro-ministro, José Sócrates. Mas o atestado final da esquizofrenia é fornecido pela explicação do ministro o Governo não deve ir para o Conselho Europeu dos próximos dias 16 e 17 com um "tabu debaixo do braço".
No fundo, Freitas pretende justificar a conveniência de um comportamento esquizofrénico, típico dos casos de dupla personalidade o dr. Jekyll - o Governo - defende uma posição, mas mr. Hyde - o ministro - advoga o contrário. Eis-nos assim preparados para o que der e vier. Se os dirigentes da União optarem pela continuação do processo de ratificação do tratado, fica salvaguardada a posição oficial do Governo. Se, pelo contrário, decidirem suspendê-lo - a exemplo do que fizeram os britânicos - o Governo salva a face através da posição pessoal do ministro dos Estrangeiros.
Não há sentido de Estado que resista a tal esperteza saloia. Ora, Freitas do Amaral sempre fez gala em apresentar-se como guardião zeloso do sentido de Estado, o que torna a sua atitude indefensável. A não ser que a ideia superlativa que tem das suas opiniões pessoais supere a do seu estatuto como ministro. Em todo o caso, não faz sentido que o chefe do Governo pactue com privilégios aristocráticos que apenas diminuem a dignidade e a coerência política da posição portuguesa».
http://dn.sapo.pt/2005/06/10/opiniao/esquizofrenia.html
"SARL", "...Responsabilidade Limitada"?!
Limitadíssima!!
Duarte
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