«Não repare no cão, que é só para me aquecer os pés»
UM DIA destes, num dos inúmeros editoriais em que franceses e holandeses são apelidados «de estúpidos para baixo», o autor intimava os que haviam votado "Não" a «explicar a sua atitude».Eu sempre ouvi dizer que quem propõe uma coisa é que tem de a defender - e não o contário. Mas, neste caso, até terei muito gosto em votar "Sim" se me convencerem a fazer isso.
Porém, e até agora, pouco mais tenho ouvido do que argumentos do tipo «Sim-porque-sim» e «Não-porque-não», tal como os adultos dizem aos garotos quando impõem a sua vontade sem se incomodarem a dar explicações para ela.
Recordo, a propósito, uma cena que em tempos se passou comigo:
Um inveterado inforfóbico chamou-me ao seu gabinete e saiu-se com esta:
- Eu gostava muito de gostar dessa coisa chamada Internet... Sente-se aí, e faça o favor de me convencer que isso é uma coisa boa.
4 Comments:
«Não-porque-não»
Olhe que no outro dia ouve um programa na TV com o Manuel Monteiro (pelo NÃO), o Francisco Assis e um outro senhor (pelo SIM) -- logo aqui a desproporção -- e quando no fim a entrevistadora lhes pediu para darem dois exemplos de porque defendiam o que defendiam; o Manuel Monteiro "chutou" logo dois exemplos e os outros dois rapazes, além da demagogia simplista do costume, nem sequer conseguiram refutar o que o Manuel Monteiro tinha dito.
Por isso acho, e pelo que tenho lido por aí, que pelo NÃO se têm dado muito mais exemplos práticos das consequências -- também amsi castratrofistas do que seriam seguramente -- e pelo SIM tem sido só "porque é preciso a bem da eficácia" e "muitas desgraças nos acontecerão se não avançarmos por aqui" e "sim-porque-sim" e "os outros são anti-europeístas e ..." (e aqui adicionam uma extremidade política qualquer), etc, etc, etc. Só vacuidades.
Ou como diz o estribilho popular. para melhor, está bem, está bem, para pior já basta assim.
Até mais.
Tem toda a razão.
O pessoal do NÃO tem sido muito mais "explicativo", independentemente da razão (ou falta dela) que lhe assista.
Aliás, a malta do SIM só desatou a falar depois de apanhar um susto.
Mesmo assim, se calhar já vai tarde.
Quanto à mistura deste referendo com as autárquicas, interpreto isso como uma espécie de votação-forçada, uma chico-espertice para impedir, na prática, o direito à abstenção.
Vai vêr que a coisa ainda vai ser considerada insconstitucional por causa disso.
Acerca da impossiblidade (ou extrema dificuldade) de uma pessoa se poder abster APENAS NUMA DAS DUAS votãções, ver o "post":
«Aristóteles e o referendo europeu»
em:
http://sorumbatico.blogspot.com/2005/06/aristteles-e-o-referendo-europeu.html
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Uma abstenção dessas só é possível entregando 1 papel e recusando o outro.
Será possível? Como reagirá a Mesa de voto se eu o fizer?
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