21.6.05

Nabos a mais, tomates a menos

Um garboso pero-de-Alcobaça, ufano do seu passado de perito e do (que diz ser o) seu antepassado Pero da Covilhã

RECENTEMENTE, num daqueles irritantes vídeos que as televisões nos mostram de vez em quando, vimos um assalto num comboio da Linha de Sintra onde sobressaía um pormenor interessante:

No meio de assaltados e assaltantes, um indivíduo de uma empresa de segurança, devidamente fardado, assistia a tudo. Mas não estava impávido e sereno, não senhor - o nosso homem ria-se, nervoso, decerto rezando para que o deixassem em paz, como o Guarda Geleia que Jô Soares tão bem satirizava. Não sendo Segurança da CP, nada daquilo era com ele - portanto, uma vez consumado o roubo, afastou-se calmamente, de saquinho na mão, sempre sorrindo.

Como apreciei muito especialmente o seu auto-controlo e sangue-frio, fiquei cheio de curiosidade de saber em que empresa trabalha tão bravo cidadão.

Ontem, nova barafunda num desses comboios. Accionado o sinal de alarme, a composição parou, saltou gente para a linha, houve feridos, e dois suspeitos foram presos, mais tarde... por polícias de trânsito!

No mesmo dia, cinco perigosos cadastrados fugiam, em plena luz do dia, da cadeia de Coimbra.
Um senhor explicou para a TV que apenas acorreu um guarda prisional... em cuecas - e nós rimo-nos, para não chorar.

Entretanto, lemos que, nesse seguimento, o Governo vai mandatar um grupo de peritos para avaliar as falhas de segurança nas prisões portuguesas...

Procuro uma definição boa para "perito" e encontro esta:


«Indivíduo que sabe cada vez mais de cada vez menos, até que sabe TUDO de NADA».

Mas prefiro esta outra:

«Pero pequenito»

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Os peritos têm a autoridade que os 'culpados' não têm.

21 de junho de 2005 às 19:55  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A parte final do meu texto é apenas para chamar a atenção para uma realidade que todos conhecemos:

Quando não se sabe (ou não se quer) resolver um problema, nomeia-se uma comissão - de peritos, se possível...

21 de junho de 2005 às 20:56  
Anonymous Anónimo said...

Depende do problema. Se fosse um problema técnico julgo que ninguém teria alguma dúvida se a comissão seria necessária ou não. No caso das prisões trata-se de um problema humano. Ou se faz com a 'prata da casa' ou não. Se a 'prata da casa' pelo que parece não o consegue há muito tempo resolver restam poucas alternativas. Ou então remodelar de alto abaixo. E depois, mais nomeações de cariz partidário?

21 de junho de 2005 às 21:21  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Em princípio, é verdade.

Mas quando os resultados dos técnicos não agradam aos políticos, os técnicos é que têm de ter paciência:

A Comissão Científica que concluiu a favor da co-incineração... foi incinerada pelo governo.

A Comissão Científica que concluiu que a taxa de alcoolemia dos automobilistas não devia ser superior a 0,2 g/l... foi dissolvida (em álcool...)pelo mesmo governo.

E por aí fora.

No caso das prisões, há inúmeros estudos feitos, com conclusões que ninguém aplica.

21 de junho de 2005 às 21:32  
Anonymous Anónimo said...

Pois é ... pois é ... já foram há muito estudadas e para cúmulo por mais de que um governo.

21 de junho de 2005 às 22:36  
Anonymous Anónimo said...

Gostei do primeiro comentário do António. Não deixa de ser arrepiante...

22 de junho de 2005 às 10:08  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Amigo António,
Se a memória não me falha, há um estudo muito detalhado feito pelo nº 2 do Governo, Freitas do Amaral.

Quanto ao que, dele, se aproveitou... ninguém sabe.

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Lembra-se do Porter, o estrangeiro famoso a quem encomendaram um estudo para a competitividade portuguesa?
Custou uma fortuna, o relatório disse o que todos já sabiam há décadas, deu origem a um livro e... «Pfffff...» (som do balão a esvaziar)

22 de junho de 2005 às 10:17  
Anonymous Anónimo said...

Mas se os governos não fazem estudos internos ou externos também não podem fazer nada. Por outro lado se não os colocam em prática também nada se faz. Você tem razão, o problema como sempre vem dos interesses instalados. Se se nomeiam pessoas é porque são do partido, se não se nomeiam é porque não se quer mudar. Acho que na verdade os estudos são necessários, mas deveria constar nos cadernos de encargos: "pagamento só após verificação e validação dos resultados". Então talvez as coisas funcionassem melhor.

22 de junho de 2005 às 10:53  

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