14.7.05

O choque tecnológico

COMO se sabe, no caso dos recentes atentados a eficácia da Polícia de Londres teve muito a ver com a existência de gravações das câmaras de vigilância.

Leia-se então estas duas pequenas histórias, passadas comigo, e que também metem Polícia e Câmaras de Vigilância... mas portuguesas.

Há algum tempo roubaram-me a carteira.

Ora, quando eu estava na Esquadra do Bairro a fornecer os meus dados, apareceu um guarda a comunicar que encontrara um morto na via pública. Era preciso, portanto, ligar para o Instituto de Medicina Legal.

O problema é que, ali na Esquadra, ninguém sabia o respectivo número do telefone!
Mas ligaram para o 118, e lá acabaram por conseguir sabê-lo.
O problema seguinte foi conseguir a ligação (já não me recordo se estava sempre impedido ou se, simplesmente, ninguém atendia).

Procuraram, então, o número do telefax e não o encontraram.
Mas ligaram para o 118, e lá acabaram por conseguir sabê-lo.
O problema seguinte foi conseguir a ligação... pois estava sempre impedido.

Por fim, tendo chegado à conclusão que o morto não ia fugir, o guarda recém-chegado foi jantar, e o que estava de serviço continuou a atender-me, calmamente.

Mas esqueci-me de dizer que o roubo aconteceu no interior da agência bancária do Banco Totta & Açores, na Av. Roma (em Lisboa), onde havia uma câmara de vídeo.

Ora, quando eu sugeri que se visse a gravação, o gerente informou-me que o sistema de vigilância estava avariado...

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

é evidente que em termos de funcionamento , uma esquadra tem de ser mais eficaz (refirome ao caso dos numeros telefonicos etc) agora em relaçao a atitude dos agentes, da sua passividade, nao podemos exigir nada tendo em conta a miseria salarial em que vivem. que animo podera ter um agente da PSP para se tornar proactivo quando chaga ao fim do mes com 700 euros na conta e com mas condiçoes de trabalho...

14 de julho de 2005 às 12:22  
Anonymous Anónimo said...

Permita-me discordar, pois para dar seguimento à insatisfação laboral há greves e sindicatos.
Uma pessoa não pode ser simplesmente incompetente e depois dizer que o é porque ganha pouco...

A situação descrita (deixar um morto na rua e ir jantar), pelo seu absurdo, ultrapassa as marcas do aceitável - pelo menos com o argumento de que o ordenado é baixo.

E.R.R.

14 de julho de 2005 às 12:34  
Anonymous Anónimo said...

E os incompetentes do banco Totta que tinham o vídeo avariado ou desligado e não filmaram o roubo?
Também foi porque ganham pouco?
Era bem-feito que fossem assaltados!

C.E.

14 de julho de 2005 às 12:37  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Em relação à câmara de vídeo avariada (?), fiquei a suspeitar que o roubo foi feito por um cliente e que o homem do banco não quis chatices.

Na realidade, eu devia ter reclamado junto da sede do Totta, mas estava de abalada para o Algarve e não o fiz.

Agora, arrependo-me desse meu "deixa andar" - tão tipicamente português.

14 de julho de 2005 às 14:43  
Anonymous Anónimo said...

para dar seguimento á insatizfaçao laboral é verdade que ha greves e sindicatos, também é verdade que sao processos complicados, combatidos e muitas vezes reprimidos. os agentes da PSP sao claramente uma camada profissional massacrada a varios niveis. nao vou ao extremo de usar isto como desculpa para em relaçao ao caso do individuo morto na rua. mas pareceme que temos de ter em conta essa realidade. qualquer um de nos que trabalhasse a 10 anos na PSP com um salario ridiculo e com mas condiçoes de trabalho facilmente quebraria e deixarse-ia "relaxar"... apenas me custa culpar um agente de certas situaçoes que muitas vezes irritam o comum cidadao.

14 de julho de 2005 às 16:07  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Como se depreende, o graduado de serviço também estava na onda do "deixa andar"...

Mas teria gostado de ouvir ambos (quer o agente, quer o graduado) a dizerem qualquer coisa como:

«Bolas! A PSP não tem um serviço de comunicações decente? Não temos um rádio nem um telemóvel?! Não há e-mail aqui na esquadra porquê?!»

(Esta cena que descrevo passou-se há ums 5 anos).

14 de julho de 2005 às 16:42  
Anonymous Anónimo said...

Qualquer profissional que se preze e que ambicione ser respeitado pela sociedade em geral, terá de cumprir em primeiro lugar as suas funções. Quando um polícia não actua em conformidade, está a agir como um "Bufo" e de facto é o que se verifica todos os dias e a todas as horas em qualquer ponto do país. Como é que um "Bufo" pode ganhar mais que 700 Euros? Devia era pagar por andar fardado. Se fosse um AGENTE DE AUTORIDADE, vulgo -Polícia- aí sim consideraria a hipótese de ganhar muito mais.

16 de julho de 2005 às 02:14  

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