12.7.05

«Opiniosos» e «palpiteiros»

Os perigos do Aeroporto da Portela

uma expressão muito portuguesa que é usada, com demasiada frequência, como introdução para algumas opiniões:

«Bem... eu não percebo nada disso, mas acho (ou palpita-me) que...» - é o que se está a passar com algumas discussões sobre o TGV e o Aeroporto da Ota.

Pelo menos, já não é a primeira vez que me acontece estar a ouvir, com muita atenção, pessoas que nos são apresentadas como entendidas no assunto, e que, a certa altura, se saem com essa frase - ou outra equivalente...

10 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Por favor, não me entendam mal:

Não estou a pôr em causa o direito de cada um opinar sobre a OTA ou o TGV - era só o que faltava!

Refiro-me a pessoas a quem a Comunicação Social pede uma opinião abalisada e que, depois de muito dissertarem, acabam por dizer «que não estão bem dento do assunto»...

12 de julho de 2005 às 22:18  
Anonymous Anónimo said...

«Eu cá não percebo nada disso, mas acho que...» tem razão.

Rosário

12 de julho de 2005 às 23:42  
Anonymous Anónimo said...

Esses "opiniosos" e "palpiteiros" são os "especialistas-de-generalidades" que alternam com os "generalistas-da-especialidade".

Que conhecimentos o Miguel Sousa Tavares ou Macelo Rebelo de Sousa para darem opiniões DEFINITIVAS sobre esses assuntos?

Mais honesto foi o Eduardo Catroga (na RTP-N) que, estando decerto mais dentro do assunto do que os outros 2, disse que precisava de ver os estudos que fundamentaram as decisões.

Essa é que parece ser a resposta certa quando não há dados, ou quando eles não são claros.

C.E.

12 de julho de 2005 às 23:46  
Anonymous Anónimo said...

Não sei se a OTA é justificável do ponto de vista económico ou não. Mas, do ponto de vista estratégico, não é, certamente. Eu até utilizava muito o aeroporto de Lisboa (anos houve em que tive de viajar mais de 4 vezes por mês). Com o aeroporto na OTA, vou passar a ir ao Porto de táxi, que demora o mesmo tempo e é mais barato. Só não sei como hei-de ir a Madrid, a Paris ou a Londes. Ou se passo a ir de férias alí para o Mediterrâneo (enquanto puder, naturalmente).

CC

13 de julho de 2005 às 08:02  
Anonymous Anónimo said...

Eu cá não percebo nada do assunto, tanto económica como estratégicamente... mas humanamente, não seria normal retirar o aeroporto do centro da cidade, e po-lo noutro sitio qualquer, Ota, Margem Sul ou aonde o combate dos chefes dos srs autarcas decidir? Vosoutros não sei, mas eu não gostaria de viver e/ou trabalhar na zona da cidade sobre a qual os aviões aterram e descolam constantemente. E nem estou a ser trágico, a pensar em possiveis acidentes, mas no que essa gente tem que suportar. Claro que os que vivem nessa zona não costumam voar com frequência e, como tal, não são sequer tidos em conta. O que interessa é que fique perto de casa, e que não se tenha que ir 40Km de taxi.
Assim como que por acaso, muitos holandeses têm o habito de ir apanhar aviões a Bruxelas... de comboio. Mas como em Portugal ir pro aeroporto de transportes publicos é coisa pouco fina... claro que ir de taxi virá a sair bastante caro.
Que se lixe, eu nem moro na zona e, quando aí vou, apanho o autocarro pro Cais do Sodré!
FJMMC

13 de julho de 2005 às 15:24  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro FJMMC,

Curiosamente, eu moro muito perto do Aeroporto da Portela, em Alvalade.

No entanto, com a evolução da tecnologia, o ruído tem baixado MUITO: há anos, as janelas vibravam, hoje, nem se ouvem (e não é só por um fenómeno de "habituação").

Outra coisa a ter em conta:

Quando um aeroporto é deslocado por motivos de segurança, essa vantagem dura pouco, pois em torno dele nasce logo outra cidade, ou a actual expande-se na sua direcção.

Foi o que sucedeu em Lisboa.
Quando eu era miúdo, faziam-se excursões para ir até lá.
Depois foi o que se sabe: Lisboa expandiu-se até lá chegar!

13 de julho de 2005 às 19:41  
Anonymous Anónimo said...

E eu moro, há 30 anos, num 12º. andar, em Santo António dos Cavaleiros, por cima do qual passa a maior parte dos aviões que levanta da Portela (tanto que, no seguro, tenho cobertura conta choque de aviões, não vá o diabo tecê-las). Mas, quando fui para lá morar, eu que vivia no centro de Lisboa e casei com uma senhora nada e criada em Campolide, o aeroporto já estava na Portela. E tenho de viajar não por ser um privilegiado, como parece insinuar FJMMC, mas por razões de trabalho. Se tivesse de passar meses seguidos no Porto, indo à segunda e regressando à sexta, longe da mulher e da filha adolescente, provavelmente não falaria assim. Também não me preocupo em andar de transportes públicos. Em Londres, vou do aeroporto de Heathrow até à city, 45 km depois, em 30 minutos, sem mudar de metro. Em Lisboa, para ir de Santo António dos Cavaleiros à estação do Oriente, que dista 10 km da minha casa, tenho de ir de autocarro até Odivelas, seguidamente apanhar três linhas de metropolitano diferentes, para chegar ao destino 1H30 minutos de pois. É só a diferença.

CC

14 de julho de 2005 às 07:53  
Anonymous Anónimo said...

Caro CC, não devia tomar o que escrevi como um ataque à sua pessoa. O que escrevi é sobre uma grande parte dos nossos concidadãos, que se recusam a andar de transportes publicos. Sobre o morar perto do Aeroporto, eu refiro-me às habitações que se encontram efectivamente no enfiamento das pistas, especialmente aquelas na zona da avenida do Brasil, Chelas, Bela Vista e, sobretudo durante as descolagens nocturnas, Camarate. É a minha impressão, posso estar errado.

Caro Carlos Medina Ribeiro
De acordo, +-, sobre o crescimento imobiliario à volta dos aeroportos. Em Portugal, sabendo como as coisas (não) funcionam, será isso que acontecerá de certeza absoluta. Mas, pelo que tenho observado, não é o caso em Frankfurt, Charles De Gaulle, e outros aeroportos recentes. O que há a fazer é bloquear efectivamente a construção à volta e implementar a plantação de arvores, que bloqueiam o ruido e são o que existe de melhor contra a poluição. Não sou a favor ou contra a Portela, mas até o de Hong-Kong já deu o fora do centro da cidade.
Sobre o ruido e a tecnologia, durante a aterragem concordo plenamente e mesmo na decolagem os novos Boeings e Airbus são muito mais silenciosos. Mas os velhotes usados pelas operadoras de carga, que voam sobretudo a partir da 1/2 noite, a coisa já não é bem assim. Enfim penso eu de que.
FJMMC

14 de julho de 2005 às 14:21  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro FJMMC,

A situação do uso e do não-uso dos transportes públicos transformou-se numa pescadinha-de-rabo-na boca que os políticos não parecem querer resolver:

Os transportes públicos não andam porque as ruas estão cheias; e as ruas estão cheias, porque as pessoas usam o carro argumentando que os transportes públicos não andam...
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Há uns anos, um "cartoon" apresentava a solução lusitana para esse paradoxo:

«A criação de transportes públicos rigorosamente individuais»:
Via-se um autocarro de 2 andares, com 1 passageiro e um letreiro a dizer «COMPLETO»

14 de julho de 2005 às 14:35  
Anonymous Anónimo said...

Com tudo o que foi dito não compreendo porque é que não constroem a OTA nos arredores de Madrid, afinal de contas com o TGV vai-se chegar lá num instante!...

16 de julho de 2005 às 02:54  

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