11.7.05

A cultura-geral de Marques Mendes

JORGE Sampaio fez um apelo para que não se fale tanto de crise.

Em resposta, e com ar de quem descobriu a pólvora, Marques Mendes veio dizer que «Não é por se deixar de falar dos problemas que eles desaparecem».

Ora isso, que parece uma banalidade que qualquer garoto de escola diria, enferma de um grave erro - que demonstra uma imperdoável falta de cultura-geral do líder social-democrata.

É que toda a gente (menos ele, pelos vistos) já ouviu falar dos placebos, pseudo-remédios sem qualquer substância activa, mas que - por espantoso que pareça - podem fazer maravilhas:

Convencido de que está a tomar um remédio verdadeiro, o cérebro do doente reage positivamente e, através de um mecanismo ainda desconhecido da Ciência, as melhoras (e às vezes até a cura) são possíveis - e muito mais frequentes do que se poderia pensar!

Mas voltando ao caso em apreço:

Que diabo, Dr. Marques Mendes! Toda a gente sabe que distrair o paciente (afastando-lhe a doença do pensamento) é FUNDAMENTAL para o ajudar na possível cura!

NOTA: Como também se sabe, umas boas gargalhadas ajudam muito. Essa terapia, em Portugal, é ministrada por especialistas como Alberto João Jardim, a quem o país devia estar, por isso, infinitamente grato.

(Este texto veio a ser publicado no «DN» em 25 Jul 05)

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Exemplos de placebos que já não fazer qualquer efeito são os apelos à Confiança, Mudança, Esperança, etc, apesar de rimarem com a famosa D. Constança e a sua festança.

E.R.R.

11 de julho de 2005 às 19:30  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Sampaio quer que se faça como quando vamos ao hospital visitar um doente em estado grave :

O que qualquer pessoa de bom-senso faz é não falar da doença ao desgraçado...

Claro que também não custa nada dizer-lhe que "está com bom aspecto"...
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Há até uma velha anedota do visitante que, para animar o doente, lhe dá uma palmada amigável nas costas e diz:

«Ah, grande amigo! Com que então moribundo, hem?! E pensar que não dizias nada à malta!»

11 de julho de 2005 às 19:44  
Blogger maria said...

:)
Já tinha ouvido falar de humor cáustico... mas mórbido também é jeitinho que chegou aqui, não?!

(depois disto, do ponto de partida aos comentários... nem sei que vos diga, apeteceu rir mas nem sei se chore!)

antes Rir! que "Rir é um exercício", disse-me há tempos uma aluna angolana a estudar em Coimbra num dia em que estava cheiinha de saudades de casa

11 de julho de 2005 às 22:07  

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