20.9.05

Um-Dois-Esquerda-Direita!

LEIO sempre com gosto o que escreve Joana Amaral Dias - quer no "DN", quer no seu blogue "Bicho Carpinteiro", que visito diariamente. Ora, hoje, e com o título «Três em um», li o seguinte post seu:
«Rui Sá, candidato da CDU à Câmara do Porto, está disponível para uma aliança pós-eleitoral com o PSD e com o CDS/PP. No Porto, votar CDU é votar na direita».

Como me pareceu que valia a pena discorrer um pouco sobre o assunto, coloquei, em "Comentários", alguns reparos (que aqui reproduzo com alguns retoques).


www.oprofeta.blogger.com.br/esquerda_direita_pe.jpg

TALVEZ por passar muito tempo longe das grandes cidades (incluindo várias semanas por ano em aldeias do interior), tenho uma visão MUITO diferente deste assunto das eleições autárquicas.

Posso garantir que, pelo menos nas zonas onde o poder dos caciques não conta (ou conta pouco), o POVO está-se nas tintas para coisas como "Derrotar a Direita" ou a "Combater a Esquerda".

As pessoas querem é quem lhes dê garantias de que vai resolver os problemas concretos da sua terra - no que fazem muitíssimo bem, dando uma grande lição-de-vida aos citadinos para quem o seu partido é tudo (porventura porque as suas existências decorrem sem problemas de maior).


Durante muitos anos, eu também votei em função das minhas simpatias partidárias:

«O partido escolheu? Então deve estar muito bem escolhido!» - era o meu tonto raciocínio, que fazia com que eu delegasse na cabeça de outros o que devia emanar da minha.

Mas isso é coisa do passado - agora, sigo o critério popular acima indicado, com o que a minha consciência se tem dado muitíssimo bem.

Resumindo e concluindo:


Se o candidato que me parecer mais indicado for do "meu partido", óptimo.
Caso contrário, paciência! - "ele" que tivesse arranjado "coisa" melhor.

Ou será que - no limite e por absurdo - para tratar do lixo, dos cães vadios, do trânsito caótico e dos buracos nas ruas eu havia de
preferir um imbecil do meu partido a um competente de outro?

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

«...imbecil do meu partido»?!

Essa frase final não faz muito sentido, pois o verdadeiro "adepto partidário" acha sempre que o seu partido tem 0% de imbecis.

Se os teve algum dia (coisa pouco provável), foram poucos e emigraram todos para os outros partidos (são os "traidores")...

C.E.

20 de setembro de 2005 às 16:12  
Anonymous Anónimo said...

Do «DN»:

José Sócrates já começou a preparar o terreno para a desvalorização de um eventual mau resultado do PS nas eleições autárquicas. Na noite de 9 de Outubro, mesmo que o PSD continue a ter o maior número de câmaras (o que é previsível), e mesmo que continue a liderar Lisboa e Porto (o que é possível, sobretudo na Invicta), Sócrates nunca fará um discurso de derrota.

O PS parte para esta contenda com menos 42 câmaras que o PSD e ninguém espera que seja capaz de inverter uma desvantagem tão grande. O discurso socialista na noite eleitoral será com outras contas. Jorge Coelho, o coordenador autárquico do PS, definiu como objectivos para estas eleições ter mais presidências de câmara do que há quatro anos, mais votos que o PSD e conquistar Lisboa e Porto. Se conquistar alguma autarquia importante (e nada é mais importante que estas duas), Sócrates fará disso a sua bandeira; se não o conseguir, o assunto favorito do secretário-geral será o número de votos a nível nacional.

http://dn.sapo.pt/2005/09/09/tema/socrates_controla_danos.html

20 de setembro de 2005 às 17:58  
Anonymous Anónimo said...

Caro CMR,

A sua "tese" vem de alguma forma justificar(?) o voto em personagens "mal queridas" por supostos atritos com a Justiça.

Vejamos o caso de uma mesa redonda na SIC Noticias com os candidatos à Camara de Gondomar

Os candidatos pelos partidos são tão maus, tão maus, que até deu a ideia que os partidos estão comungados para que o Valentim seja eleito!

E agora?

A ideia feita de que alguém com a suspeita que sobre ele recai não deveria ser considerado pelos eleitores, cai por terra. Afinal, alguém que tem obra feita e isso é um facto e só quem não conheceu Gondomar nas últimas 3 décadas e a vê agora é que poderá ter dúvidas.

Há muita "filosofia" sobre este tipo de situações e concordo que os eleitores teem o dever de tomar isso em consideração, mas quando os partidos teem a consideração que teem por nós em dar-nos o pior que teem, o que é que estão à espera?

20 de setembro de 2005 às 21:29  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro AL,

O essencial do meu texto tem a ver com duas coisas:

1-O que se passa por esse país fora;
2- O que se passa comigo.

---
1-Pela realidade que eu conheço, as pessoas, nas terras pequenas, discutem, p.ex., se «a pessoa que tem lá estado tem feito alguma coisa de jeito ou não».

Votam mais em conformidade com isso, e menos pelos partidos dos candidatos. Eu acho que fazem MUITO bem, mesmo que o custo disso possam ser 3 ou 4 "Isaltinos".

2-Quanto a mim:
Imagine-se (embora não seja o caso) que eu votava habitualmente no PS. Alguma vez eu iria votar em Carrilho?!!

Por outro lado, sei bem quais são os problemas da cidade de Lisboa. Em princípio, portanto, eu deveria votar no candidato que desse melhores garantias de os resolver.

Imagine-se (por hipótese) que era o Carmona Rodrigues.
Tudo bem. Votava nele. E depois?

O que me irritava, era depois ver o PSD a capitalizar o meu voto em termos diferentes daqueles para os quais eu o havia dado.

Viria dizer (p.ex.) que "teve uma determinada votação CONTRA O GOVERNO".

Com que autoridade faria isso com o meu voto, que não havia sido dado para esse fim?

---------------
Mas, para mim, o problema está resolvido, porque tenciono votar em branco (o que farei, com alguma tristeza, pela 1ª vez em 30 anos).

20 de setembro de 2005 às 22:48  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

IMPORTAM-SE QUE EU VOTE??

(Texto publicado no «Diário Digital» em 21 Set 05)
---
Já não é a primeira vez que tal sucede:

Depois de eu ter dado o meu contributo para uma determinada votação, aparecem uns cavalheiros a vangloriar-se de que, com o meu voto, tinham ganho uma outra eleição completamente diferente daquela em que eu havia participado!

Eu explico melhor:

Faz agora quatro anos que votei para as autárquicas.

Ora, quando eu julgava que tinha ajudado a escolher as pessoas mais indicadas para tratarem de coisas como o trânsito caótico ou os excrementos de cão na cidade onde resido, eis que Guterres me informa que não foi nada disso! Sem o meu conhecimento (e menos ainda com o meu acordo), alguém decidiu que eu, afinal, tinha votado para correr com o governo dele... e o homem sumiu!

Felizmente, tempos depois, para as eleições europeias, os principais partidos tiveram a gentileza de, atempadamente, nos esclarecer que, afinal, não iríamos votar para elas:

O PS proclamou que a votação seria um "cartão amarelo" ao governo; o PCP também, só mudando a cor para vermelho; e, por fim, o próprio Durão Barroso (concordando com essa leitura quando devia ser o primeiro a contestá-la!), disse que «tinha entendido o sinal do povo», pelo que, logo que pôde, fez as malas e... «Baza, que é bué da tarde!».

E é por tudo isso que, para as eleições autárquicas de Outubro, já estou pelos cabelos só de ouvir a mesma conversa: a rapaziada dos partidos propõe-se pegar no meu (eventual...) voto, desviá-lo, e brandi-lo como se ele fosse dado para apoiar ou rejeitar o governo de Sócrates - um pouco como se eu doasse dinheiro para as vítimas do Katrina e ele fosse direitinho para as campanhas do senhor Major ou de Avelino Ferreira Torres!

Perante tal embuste (que se repete eleição-após-eleição, e em que todos os partidos colaboram entusiástica e alegremente), eu só gostava que o José Mário Branco se candidatasse. É que toda essa gente que por aí anda me dá uma grande vontade de votar em BRANCO...

--

NOTA: Já depois de alinhavada esta crónica pude assistir, com um misto de espanto e náusea, ao frente-a-frente Carmona-Carrilho. A certa altura, eu já nem me preocupava muito em ouvir o que eles diziam! - só pensava na minha triste sina de munícipe e de contribuinte que, ainda por cima, VAI TER DE PAGAR os ordenados àquele par de patuscos...
---
Carlos Medina Ribeiro

21 de setembro de 2005 às 09:11  
Anonymous Anónimo said...

Essa Questão da Esquerda vs Direita, de resto, foi sempre uma questão de intelectuais. Digo isto sem qualquer espécie de crítica. Apenas se deve perceber que grande parte das pessoas, realmente, se está nas tintas para isso, mormente nas Autárquicas, e não só nos pequenos sítios do interior. É um dos atractivos destas eleições.

21 de setembro de 2005 às 11:31  

Enviar um comentário

<< Home