«ACONTECE...» - Passatempo com prémio
Por Carlos Pinto Coelho
A fotografia foi feita no aeroporto de Lisboa, sem montagens nem trucagens. Com um simples enquadramento ficaram lado a lado duas mensagens, que são um convite a um bom comentário, criativo e com quantas palavras se desejar.
Serão premiados os dois comentários que, em nosso entender (sempre subjectivo, pois claro) forem mais criativos. Por favor, não mais de dois comentários por concorrente.
Aceitam-se comentários a partir de agora até às 22 horas de hoje.
NOTA: esta fotografia, como todas as outras aqui afixadas em posts com o título genérico «ACONTECE...», é da autoria de CPC.
-oOo-
Vencedores:
Pedro Oliveira, pelo seu comentário das 15h58m e Carranca, pelo seu comentário das 16h31m
Etiquetas: CPC, Passatempos
11 Comments:
Como habitualmente, os prémios serão livros.
Não fique amarrado (a) pelos pés, nem com um cutelo na cintura, enjoy living!
pedro oliveira
vilaforte.blog.com
If you enjoy living... get out smoking area!
Escolha a parte da vida com curvas , não a parte da vida direita e amarrada.
pedro oliveira
Como não posso escrever mais frases, gostava de dar os parabéns pela foto!
pedro oliveira
Ele estava sentado no banco de cimento, frente ao mar, a apreciar o pôr do sol depois de mais um dia de trabalho. Meditou para si como era bom sentir aquele fim de tarde, a brisa na sua pele enquanto observava as gaivotas . Fechou os olhos por uns momentos e sentiu-se a flutuar acima do chão de calçada portuguesa, branco com desenhos azuis, que estava debaixo dos seus pés. Pensou como era bom apreciar a vida.
Inspirou fundo e sentiu o cheiro de tabaco, que interrompeu aquele momento idílico. No banco ao lado, a uns cinco metros, uma mulher sentou-se. Ao seu lado, numa cadeira de rodas, o seu marido fumava um cigarro. A sua aparência denunciava-o: magro, demasiado magro, a cabeça completamente calva, a palidez e a falta de brilho na sua pele. A quimioterapia tinha-o feito ficar assim, mas pelo seu aspecto via-se que não estava a resultar. E no entanto, teimosamente, fumava.
Falavam os dois de coisas banais. O que havia afinal para falar? O que havia para aproveitar naquele fim de tarde? Naquele fim de vida? Também ele disfrutava a sua vida, à sua maneira, fumando um dos seus últimos cigarros, alimentando o vício que o tinha posto naquele estado. Era dos poucos prazeres que lhe restava...
Se aprecia a vida, porque está perto da morte!
Contou-me esta história como se tivesse acontecido ontem. Lembra-se de todos os pormenores: foi no liceu, na sua juventude, que deu a primeira “passa” num cigarro. Soube-lhe mal, mas só fez uma careta, não tossiu, ao contrário do que se vê nos filmes de adolescentes. As amigas, à sua volta, riram-se. Tinha passado com distinção o ritual de iniciação. Agora era uma delas, fazia parte do grupo.
Sentia-se bem, apesar do sabor amargo na sua boca seca. A aceitação compensava bem o mal que lhe sabia. Não fazia mal, era só um cigarro de vez em quando. Depois veio mais um e mais outro. Fumava um maço a cada dois dias, apesar de só ter 12 anos. Além disso também se embebedava, ocasionalmente, quando assaltavam a garrafeira do pai de uma delas. Bons tempos, aqueles! Tanta judiaria que fizeram, como quando faltavam às aulas para ir mergulhar no colector de água a umas centenas de metros da escola, com os fatos de banho que convenientemente levavam na mochila, logo de manhã quando saíam de casa. Aquilo é que era viver a vida!
Cresceu. Aos catorze anos, com um físico menos desenvolvido que todas as outras por causa de um desabrochar tardio, era o alvo da chacota das colegas. Deixou de ser popular, de fazer parte do grupo. Era uma rejeitada, uma nerd. Juntou-se a outras três rejeitadas: uma que voltou da Venezuela e que mal falava português, uma que era a “Alentejana”, porque tinha vindo para o norte directamente de Alverca, essa terra “ao sul do Tejo”, e uma outra, com uns óculos do tipo “fundo de garrafa”, que tinha cataratas congénitas. Formaram o seu grupo. Ela fumava, as outras não: “essa porcaria é só para seres aceite, connosco não precisas disso” – disse uma delas. Deixou de fumar. Eram o grupo das nerds, o alvo do gozo do grupo das populares.
Cresceu mais. Namorou, casou, teve filhos. Hoje o fumo do tabaco dos outros incomoda-a, ligeiramente, mas não sente vontade de fumar. Aprendeu, nesse aspecto, a disciplinar-se.
Aprecia agora os passeios no campo, o ar puro da montanha, acampar, leva uma vida simples, com a família. Com um sorriso, Vêm-lhe à mente as parvoíces que fez na sua juventude. Goza agora a sua vida, mas de outra maneira. Libertou-se!
O indeciso: entro ou não entro no antro?
Resultado:
Pedro Oliveira, pelo comentário das 15h58m
e
Carranca, pelo comentário das 16h31
__________
Pede-se a ambos que contactem sorumbatico@iol.pt para que lhes seja enviada a lista de livros.
Parabéns aos vencedores!
Enviar um comentário
<< Home