11.9.07

PASSEIO ALEATÓRIO

Por Nuno Crato
AS AULAS estão quase à porta. Têm vindo a começar cada ano mais cedo, tanto nas universidades como no Ensino Básico e Secundário. Mas nem por isso têm vindo a acabar mais cedo. Como resultado, as férias são mais curtas — o que é mau, pois é bom que se descanse.
E seria bom para o país e para as famílias que as saídas para férias não se concentrassem no mês de Agosto. É mau, sobretudo, que o calendário escolar se prolongue por ineficácia do sistema. Os exames arrastam-se. Arrastam-se as épocas, os recursos, as notas, as candidaturas às universidades, os exames especiais nas universidades. Perde-se tempo por ineficiência. Tempo que podia ser usado em férias — o que seria saudável — ou a trabalhar — o que seria proveitoso para o país.
Em muitas universidades pelo mundo fora, as férias são maiores, ocupam três meses ou mais. Mas são meses úteis, que podem ser usados pelos professores para avançarem os seus trabalhos de investigação e pelos alunos para trabalharem, ganharem alguma experiência ou frequentarem cursos intensivos.
Um estudo apresentado este mês na American Sociological Association pelo sociólogo e estatístico Paul von Hippel vai ainda mais longe. Mostra que as vantagens de estender o ano escolar são muito duvidosas, mesmo quando o ano não é prolongado apenas por ineficiência, como se passa entre nós, mas é usado em aulas. Analisando os resultados de 1019 escolas nos Estados Unidos, onde o calendário escolar é definido localmente, o estatístico verificou que um ano escolar prolongado não se traduz em vantagens académicas para os alunos.
Ter férias faz bem. Trabalhar faz bem. O pior é empatar o tempo.
«Expresso» de 8 de Setembro de 2007

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