16.10.07

PASSEIO ALEATÓRIO

Os 60 anos do Microondas
Por Nuno Crato
JÁ NÃO COZINHAMOS como os homens das cavernas. Usamos gás ou electricidade para aquecer os tachos e as panelas. Temos recipientes que suportam temperaturas elevadas. Cronometramos as cozeduras. Os nossos antepassados ficariam muito surpreendidos se vissem as cozinhas modernas. Conseguiriam, no entanto, perceber o que se estava a passar. Apesar da distância que separa as fogueiras primitivas dos fogões modernos, há sempre uma transferência de calor para a comida, habitualmente contida em recipientes que aquecem a partir de fora e assim aumentam a temperatura dos alimentos.
O que surpreenderia os homens das cavernas seria um microondas. A surpresa não seria menor para Júlio César, nem para a Padeira de Aljubarrota, que devia estar habituada a temperaturas elevadas. Mesmo cientistas modernos, como Benjamim Franklin e Lorde Kelvin, abririam a boca de espanto. Nenhum destes nossos antepassados compreenderia o que se estava a passar. O maior salto da culinária desde as cavernas foi o microondas.
O invento faz agora 60 anos. Como muitas das grandes invenções aconteceu por um acaso feliz que os cientistas gostam de chamar serendipidade. O inventor norte-americano Percy Spencer (1894–1970) estava um dia a trabalhar num gerador de ondas electromagnéticas para radar quando reparou que uma barra de chocolate que tinha no bolso derretera. Percebeu imediatamente o que se tinha passado e fez várias experiências aquecendo milho e ovos com as microondas do radar. Convenceu a companhia onde trabalhava, Raytheon, a construir um forno alimentado por essas ondas. Em 1947, tinha nascido o primeiro microondas.
«Expresso» de 13 de Outubro de 2007

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1 Comments:

Blogger Oscar Maximo said...

Não era Lord Kelvin que dizia que nunca veriamos transportes aéreos a atravessar o atlântico? Tal foi possivel graças á energia concentrada do petróleo.
Há quem pense que com as energias alternativas podem continuar com o mesmo estilo de vida. É o que dá darem prémios Nobel a paradigmas do eco-consumismo (Al-gore).

16 de outubro de 2007 às 23:49  

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