Um homem de honra
Por C. Barroco Esperança
PAULO PORTAS, pelo seu passado no «Independente», não dava garantias para ser ministro e, muito menos, na Defesa. Durão Barroso, que afastou Marcelo acusando-o de querer levar o CDS para o Governo, logo se conluiou com o algoz do cavaquismo. Falta de carácter e de dignidade.
Não é a dúvida quanto à competência de Portas que está em causa, é o problema da sua falta de ética. Aliás, pasma-se como passou incólume nas constantes trapalhadas fiscais em que se envolveu, nos problemas da Universidade Moderna e na falência fraudulenta da Amostra. Portas, na Defesa, era mais do que um fato às riscas com o ministro dentro, era e foi um perigo para a democracia.
Acabou com o SMO (Serviço Militar Obrigatório) quando as condições económicas não permitiam e era útil à coesão nacional; criou expectativas aos antigos combatentes, sem meios financeiros; encomendou dois submarinos (um para subir e outro para descer) na decisão mais desastrosa e cara para o futuro do País; controlou as forças de segurança com generais da sua confiança.
Já não bastava ter colocado Celeste Cardona na Justiça (talvez precisasse) e entregado a PJ a Adelino Salvado para destruir politicamente Ferro Rodrigues, chegou ao ponto de impor Bagão Félix nas Finanças e Telmo Correia e Nobre Guedes a acautelar sobreiros.
Paulo Portas é mais perigoso do que Bagão Félix ou Telmo Correia porque é muito mais inteligente. Já teve como reféns dois primeiros-ministros e, se tivesse tempo, dominaria o país.
Com o passado que se lhe conhece é grande a leviandade com que se encara o desvio de 60.000 documentos do ministério da Defesa. E ninguém investiga a legitimidade do acervo em tais mãos, quais os fins e/ou se esses documentos previnem qualquer investigação de que possa ser alvo!?
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Adenda 1 – Leia-se, a este respeito, em «Avenida da Liberdade»: «Portas – Fotocópia dum homenzinho de Estado», por Carlos Matos Gomes «Mistérios em fotocópia», por Pedro Pezarat Correia
Adenda 2 – «O ACUSADOR ACUSADO », por Baptista-Bastos
Adenda 1 – Leia-se, a este respeito, em «Avenida da Liberdade»: «Portas – Fotocópia dum homenzinho de Estado», por Carlos Matos Gomes «Mistérios em fotocópia», por Pedro Pezarat Correia
Adenda 2 – «O ACUSADOR ACUSADO », por Baptista-Bastos
Etiquetas: CBE
8 Comments:
Como estive, durante muito tempo (e até 2001), bastante ligado, em termos profissionais, à saga da encomenda dos submarinos (inicialmente 3), acabei por publicar, neste blogue, alguns posts em que o assunto é referido.
Um deles, em que se procura explicar resumidamente porque é que Portugal resolveu fazer tal negócio, pode ser lido [aqui]
A mim, o que espanta não é o acto em si (fotocopiar tantos documentos), mas sim
1 - o desplante da afirmação de que boa parte de tais documentos eram do CDS (os originais ficaram no ministério? E o que estavam ali a fazer?)
2 - o facto de, ao que parece, não haver notícias de qualquer procedimento para tão insólito acto.
Este senhor consegue escapar de todas as alhadas em que se envolve e fica a rir-se de gozo?
E o Zé Povinho continuará a ir a votos no futuro?
Neste assunto, só há 2 situações:
Ou se trata de papéis do ESTADO - e ele não teria nada que os "trazer" (mesmo sob a forma de cópias)
Ou se trata (como ele diz) de "notas particulares" - e então pergunta-se: PORQUE NÃO TROUXE OS ORIGINAIS?!
Mesmo que fossem notas pessoais, quando uma pessoa trabalha para uma empresa privada não traz, quando sai da empresa, essas notas. São da empresa, porque foram feitas ao serviço da empresa.
Este caso é gravíssimo: estamos a falar em documentos relacionados com a protecção da Nação. É legítimo um particular ter cópias em seu poder? Não se investiga? Porquê? Por não haver matéria criminal neste acto? Então eu também os quero! E também pago as fotocópias!
Palhaçada? Com virar de cara para o lado por parte de toda a gente? A mim parece-me que sim.
Só me ocorre uma coisa para descrever isto: este vídeo
Caro leitor Pedro Tomás:
Obrigado pelo vídeo que nos deixou e parabéns pelo seu blogue.
Muito obrigado pelas simpáticas palavras.
Um abraço
Concordando genericamente com o texto, só me parece que um erro grave nele - a decisão de acabar com o SMO foi de um Governo socialista... Corrija-me se estou errado.
Fernando Martins:
Quem acabou com o SMO foi Paulo Portas mas tem razão quando refere o PS. Todos os partidos, com a honrosa excepção do PCP, subservientes às suas juventudes partidárias, votaram no mesmo sentido (PS, PSD, CDS). O BE ainda não tinha representação parlamentar.
A decisão foi da AR.
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