Mais perto do Sol
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Por Nuno Crato
NAS ÚLTIMAS SEMANAS temos estado mais perto do Sol do que é habitual, e a energia solar recebida pelo nosso planeta tem sido maior. Não parece, pois a temperatura não tem estado particularmente agradável nem o Sol tem conseguido afastar as nuvens negras próprias da época, mas o facto é que estamos cinco milhões de quilómetros mais perto do Sol do que estávamos em Julho passado, altura em que a Terra atingiu o ponto da sua órbita mais afastado da nossa estrela.
A esse ponto chama-se afélio, e ao ponto mais aproximado do Sol chama-se periélio. Pois foi pelo periélio que passámos há alguns dias, na madrugada de 3 de Janeiro, para ser mais preciso.
Tudo isto, que pode parecer surpreendente para alguns, é apenas a repetição do que todos os anos acontece: no Verão estamos mais afastados do Sol e no Inverno mais perto.
O facto contradiz o senso comum. Mas a causa real das estações, como se sabe, é a inclinação do eixo da Terra, que nos faz umas vezes estar mais virados para o Sol no hemisfério norte e menos no sul, outras vezes o contrário.
Poderia pensar-se, no entanto, tomando o planeta no seu todo, com os dois hemisférios, que no periélio a Terra aqueceria mais e no afélio aqueceria menos. Paradoxalmente, não é isso que acontece. Quando a Terra está no periélio é Verão no hemisfério sul, onde há menos continentes e mais oceanos. No afélio passa-se o contrário. Como a água tem mais inércia ao aquecimento (capacidade térmica, como se diz), a temperatura global do planeta acaba por subir ligeiramente menos quando se está mais perto do Sol.
Quem diria?
«Passeio Aleatório» - «Expresso» de 12 de Janeiro de 2008 (adapt.)
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