29.1.08

«Que tal 'tá a moenga, hem?!»

O FACTO DE TER NA FAMÍLIA muitas pessoas que nasceram (e algumas continuam a viver) em pequenas aldeias da Beira Baixa, tem-me permitido ter uma visão de alguns problemas do país de uma forma que escapa ao cidadão urbano ou que apenas conhece o litoral industrializado.
Nesse aspecto dos Certificados de Aforro (e desculpem-me se volto ao assunto), lembro-me bem de ver como o meu sogro acompanhava (sempre com grande interesse e, por vezes, com algum nervosismo) a evolução dos juros e do valor acumulado da sua poupança que, por sinal (e como se imagina numa pessoa que vive exclusivamente do trabalho do campo), nunca foi grande.
Depois de ele falecer, vejo agora como a viúva, com mais de 80 anos, faz o mesmo, com idêntica (ou acrescida...) preocupação.
Essas pessoas habituaram-se, durante toda a vida, a ver nos Certificados de Aforro um instrumento de poupança estável, garantido e fácil de gerir, na medida em que é comprado (e vendido, sempre que necessário) na estação dos CTT que têm à porta de casa.
Só pessoas muito insensíveis (ou que vivem noutro mundo, que não o país real) é que podem ignorar o impacto psicológico que tem uma baixa nos juros respectivos - ainda por cima por duas vezes em pouco tempo.
Para cúmulo, apareceram, agora, uns parodiantes a dizer «Procurem na Internet, que encontram aplicações mais vantajosas!». A esses pândegos, só dá vontade de enfiar com um pano encharcado nas trombas - como dizia a Hermínia Silva.

*
Na imagem, vê-se um autógrafo que me deu o Compadre Alentejano em 1963. Os mais novos não devem saber de quem se tratava. Era uma personagem incontornável d' «Os Parodiantes de Lisboa», e que dava voz às reclamações e indignações do cidadão-comum, que lhe escrevia.
Os assuntos, em geral, não tinham graça - evidentemente. O efeito de humor era obtido pela pronúncia do "compadre" e pelas expressões a que recorria. Uma delas, que aparecia sempre, é a que dá o título a este post.

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1 Comments:

Blogger diogo said...

um pano encharcado? não podia ser algo mais consistente ? saudades da infância e dos parodiantes de lisboa

29 de janeiro de 2008 às 19:27  

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