16.7.08

A Direita no Vácuo

Por Baptista-Bastos
A VER O QUE VI, naquela espécie de teologia de enganos que constituiu o debate mensal no Parlamento, José Sócrates não perderá as eleições. Paulo Rangel, aguardado com expectante alvoroço, estatelou-se: parecia um orador fúnebre entre sepultos. Quando trepou ao púlpito leu um texto enfadonho, asséptico, interminável. As câmaras das televisões fixaram para a eternidade alguns bocejos silenciosos e místicos. Não foi difícil a Sócrates desmontar o tosco edifício verbal de Rangel. Usou, aliás, o mesmo fundo de dissimulações: não expôs nenhuma ideia consistente, demonstrando um protagonismo absoluto na arte de falar sem nada dizer.
Confesso que esperava outra coisa de Paulo Rangel. Ocasionalmente, via-o nas televisões, comentador sem graça mas com esmero e gravidade, curvado ao peso de inauditas e desconhecidas angústias. Porém, fugia um pouco à ideia do realejo, comum a quem fez da política a pauta de um nota só. No Parlamento foi um desastre. A frase lacustre de Rangel encontrou na retórica de Sócrates, festiva e esbracejante, uma parede tenaz.
O novo líder parlamentar do PSD apenas reflecte o ânimo de cemitério da nova direcção do partido, com particular enfoque na dr.ª Manuela Ferreira Leite. Ouço-a e leio-a, sobretudo no espesso e dramático suplemento de economia do pesado Expresso, e dali nada resulta. A senhora não passa de um olhar gelado, um rosto gótico, uma tarefa adiada. É, somente e tragicamente, uma dirigente política para amigos; nunca será uma dirigente política para gerações - como quem diz: para o futuro.
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