6.7.08

Eurico Figueiredo, “Guerrilheiro sentimental”

Por António Barreto
"Com saudades do exílio”! Foi com esta dedicatória que o Eurico me ofereceu um exemplar do seu livro. Devo dizer, fiquei minutos parado a olhar para esta frase. Parece absurdo. Ou mentira. Ou romantismo barato. Não é uma coisa, nem outra, nem aqueloutra. É muito sério. Também já me aconteceu ter saudades do exílio!
Esta frase obriga-nos a duas reflexões. A primeira: não estamos bem aqui; ou não estamos sempre bem; ou não estamos tão bem quanto imaginávamos há trinta anos. É, em parte, natural. Nunca estamos tão bem quanto gostaríamos. Mas também quer dizer que o nosso país não está bem. Depois de grandes mudanças, de desenvolvimentos notáveis, de melhoramentos indiscutíveis, vimos descobrindo, há dez ou quinze anos, que há esgotamento de energias, que persistem males na sociedade difíceis de resolver, como a demagogia, a corrupção, ou, simplesmente, noutro registo, o atraso e a ignorância.
A segunda reflexão: os tempos de exílio, apesar das saudades, apesar das dificuldades, foram bons. Talvez não para toda a gente. Mas, para muitos, foram anos bons. Para mim, foram. Para o Eurico, foram. É verdade que nos sentíamos sempre diminuídos na condição de estrangeiro ou imigrante, nunca éramos realmente iguais em tudo a todos. Mas aprendemos, vimos, falámos e pensámos como nunca o teríamos feito em Portugal. Se eu voltasse atrás, sei hoje que poderia alterar ou trocar muito ou algo do que vivi. Mas o exílio, não! A ponto de ainda hoje, nos piores momentos da nossa vida colectiva, eu pensar e dizer que “se fosse mais novo, voltava a partir”! Pergunto-me se o Eurico não pensa a mesma coisa de vez em quando.
(...)
Texto integral [aqui]

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3 Comments:

Blogger R. da Cunha said...

Conheci ambos, sem intimidade, apenas de vista, um no Largo da Capela Nova, o outro ao fundo da Avenida, que "já não existe". Segui, de longe, após o seu regresso, os seus percursos profissionais e políticos.
E fico feliz por tê-los "conhecido", há muitos, muitos anos, na Bila, onde agora se encontraram.

6 de julho de 2008 às 19:34  
Blogger António Viriato said...

Essas memórias são presumivelmente respeitáveis e talvez algo pedagógica a sua publicação, mas manifestamente insuficientes para alterar o curso político presente, dominado por muitas figuras que foram companheiros de Eurico Figueiredo e de António Barreto.

Que fazer - hoje - para redimir o sonho democrático de então ?

Quem são os responsáveis do actual descrédito lusitano ?

Quem se propõe relançar a Esperança política dos Portugueses ? Com que programa e com que agentes ?

A estas perguntas e a outras como estas é cada vez mais urgente dar resposta, antes que a desesperança se torne um veneno entorpecente da vontade colectiva da Nação.

Bom resto de Domingo e bom início de semana.

6 de julho de 2008 às 23:07  
Blogger psipaula3 said...

La connaissance de l'auteur et après avoir vu le lancement de ce livre, je dirais que oui, peut-être que je voudrais revenir, mais je crois que l'auteur pense: il ya toujours une personne connue dans l'exil? et si non il existe déjà des gens comme l'auteur aimé? Serait-il aujourd'hui, un sentiment de révolte avec le monde qui, d'une part, lui a donné une chance de retourner dans leur pays d'origine, et de plus il a l'une des choses que la vie a de mieux, les grands amis?

11 de julho de 2009 às 01:56  

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