1.7.08

O homem que derrotou Sócrates

Por Antunes Ferreira
HÁ UM PORTUGUÊS que desde há alguns dias tem levado mais porrada na Internet do que o primeiro-ministro Sócrates. Um espanto, um verdadeiro espanto, como diria o Jô Soares, exclamação que ficou indelevelmente marcada na nossa língua. Uma adenda: optou-se pelo termo porrada, calão assumido, vulgaríssimo, convenhamos, e o mais expressivo. Pancada, tareia, agressão são demasiado soft para o caso vertente.
Não se prolongue a explicação. Não se estenda a prosa em jeito de suspense. Hitchcok só houve um. Com copyright e tudo. É muito difícil esquecerem-se filmes como «O homem que sabia demais», «Psycho» ou «Os pássaros». Quem diz pássaros, diz aves. E quem diz aves, diz frangos. E quem diz frangos, diz Ricardo. O tal que conseguiu derrotar, ainda que momentaneamente, o chefe do Governo, no sofrimento.
De seu nome completo Ricardo Alexandre Martins Soares Pereira, tem vindo a ser, com Scolari, o guarda-redes da Selecção Portuguesa de Futebol. A sua actuação no Euro 2008 e, em especial, na partida contra a Alemanha, foi um desastre. Entre os postes, fora dos postes, de olhos abertos ou de olhos fechados, foi uma capoeira inteira. De frangos? De perus, dizem as más-línguas. De avestruzes, afirmam as péssimas. Isto, porque não maiores.
Futeboleiros como somos, Ricardo foi crucificado, nomeadamente a nível internético. Conseguiu ultrapassar Sócrates. Olá, também a equipa eliminada pelos germânicos parece ter suplantado o dito Executivo que nos governa (?). Mas, o expoente, o mais «mal amado» tem sido, inegavelmente, o homem que é conhecido por ter especial queda para os penaltis. Para os defender – e para os marcar. Há crise? Há. Ricardo.
Para já, Ricardo devia receber uma condecoração e uma proposta para o Guiness Book. Bater Sócrates por ser tão batido – é obra.

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