4.10.08

O nosso «Magalhães»

Por Antunes Ferreira
O PROJECTO «Magalhães» está a avançar de forma realmente impressionante e com uma velocidade sem paralelo num país como Portugal, onde a lentidão é recorrente, de tão repetida. Já vejo, daqui o protesto em alta grita de todos aqueles que, em coro consonântico, atacaram o computador para novos e velhos, porque o primeiro-ministro, como era seu hábito, mentira aos cidadãos. Uma vez mais, entre tantas que já eram incontáveis.
Leit motiv: o portátil azul não coisíssima nenhuma português, era apenas montado, ou as peças dele eram apenas assambladas (neologismo que lá no fundo quer servir para disfarçar o corriqueiro juntas) na tal firma JP Sá Couto, que, afinal, nem era conhecida, seria um fantoche manobrado dos bastidores pela propaganda governamental.
(...)
Texto integral [aqui] - Novo blogue do autor [aqui]

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10 Comments:

Blogger Táxi Pluvioso said...

Ele é nosso mas está ao serviço de Espanha.

4 de outubro de 2008 às 13:09  
Blogger Jorge Oliveira said...

Não há computadores grátis.

Nem almoços grátis, nem coisa nenhuma grátis. Os pseudo intelectuais de esquerda é que se esforçam por propalar essas fantasias.

Eu paguei o meu computador e os computadores dos meus filhos. Agora vou ter de pagar os computadores "grátis" destinados aos filhos de outras pessoas.

Na verdade não me importo que os meus impostos ajudem as crianças de famílias com menos capacidade financeira do que eu. Mas gostava de ver esta operação do Magalhães melhor explicada. Com continhas e critérios preto no branco. Que ainda ninguém viu.

Por isso, pela minha parte, não admito essa prosa dos “protestos em alta grita”. Alta grita só conheço a do Sócrates e a do Valentim Loureiro, que não sabem falar sem ser aos berros.

É que ainda não me esqueci de que paguei a escola da minha filha mais nova duas vezes. A pública, através dos impostos, embora ela nunca a tenha frequentado. E a privada onde tive que a colocar porque a pública estava transformada num campo de “treinos” para africanos dos bairros de barracas da vizinhança. Os tais das minorias, a quem não podemos criticar porque a esquerda vem logo com as acusações de xenofobia. É por isso que cada vez mais penso que talvez faça falta, em Portugal, um partido de extrema direita a sério.

4 de outubro de 2008 às 14:51  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Nesta história dos computadores que o governo «dá», tal como as casas que a CML «deu», o verbo «dar» é aplicado abusivamente.

O que essas entidades fazem (ou fizeram) é (ou foi) «atribuir», «entregar», etc. bens pagos pela colectividade (ou a ela pertencentes).

.

Note-se que, com este meu comentário, não estou a pôr em causa o bem em si mesmo - apenas contesto o uso abusivo do verbo «dar».
Já Álvaro Pais dizia ao Mestre de Avis: «Dá o que não é teu...»

4 de outubro de 2008 às 15:12  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Actualização (20h30m):

O texto inicialmente afixado continha algumas incorrecções (a começar pelo título).

Ver a versão integral actualizada, seguindo o link, no blogue do autor.

4 de outubro de 2008 às 20:36  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Estando em causa uma verba de 200 milhões de euros, os contribuintes têm todo o direito de fazer todas as perguntas e mais algumas, especialmente se notam que as respostas são esquivas.

Mas, à parte isso tudo, a questão mais importante, para mim, é a seguinte:

Estará certo dar portáteis a criancinhas da escola primária, numa altura da vida em que andam a aprender a ler, a escrever e a contar?

4 de outubro de 2008 às 22:28  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Os contribuintes têm mas é que produzir mais e falar menos, para o país ficar rico, e construir estradas e casas do povo, (agora chamam-lhes centro culturais).

5 de outubro de 2008 às 04:28  
Blogger Jorge Sena said...

Pois, pois. Sou quase como diz ser o Antunes Ferreira: gosto do Magalhães, mas NÃO gosto do Sócrates

5 de outubro de 2008 às 11:42  
Blogger Luís Bonito said...

Gosto de ler os artigos do A. Ferreira. Sobre este último, acredito na sua declaração de intenções sobre não estar a fazer propaganda para ninguém, mas gostaria de deixar um comentário.
O portal do Magalhães diz que o computador é 30 por cento português.
Provavelmente a fonte de alimentação, caixa, monitor e outras coisas menos tecnológicas (isto digo eu, mas posso estar enganado).
Preço de fabrico: cerca de 150 euros.
Quem paga?
Já ouvi a ministra dizer que eram só privados, mas o primeiro-ministro falou em dinheiros públicos e privados. Penso que ele estará a
falar das licenças do Windows que naturalmente os contribuintes terão que pagar, porque a máquina vem com dual boot.
Suspeito que por detrás desta história esteja um grande negócio: para a Microsoft, para quem os fábrica que os monta e para os operadores de redes móveis, porque embora não seja obrigatório ligar à internet, sem net a máquina deve perder um bocado de piada.

Gosto especialmente da última questão levantada pelo CMR, sobre se dar portáteis a criancinhas da escola primária, numa altura da vida em que andam a aprender a ler, a escrever e a contar, é realmente adequado.
Acho que não. Cada vez se percebe melhor que os alicerces das disciplinas fundamentais são mais fracos. E esse problema é incontornável. Se não o enfrentarmos, teremos mais tarde alunos e adultos que não saberão nem exprimir-se devidamente. E teremos também rapidamente que pensar noutro acordo ortográfico para substituir os "que" por "k", etc.

Provavelmente não serão muitos os professores ou formadores que têm a experiência de ter uma turma numa sala cheia com computadores, que ainda por cima podem estar ligados à net.
Eu tenho. E por isso posso afirmar que muitas vezes tive que mandar desligar todos os monitores da sala. De qualquer forma era visível a ansiedade com que os alunos ficavam em voltar rapidamente para a net, mesmo com os monitores desligados.
Nunca esquecerei uma pergunta frequente dos alunos de engenharia numa aula de CAD (Desenho Assistido por Computador):
”Mas professor, o computador não faz isso? Temos que ser nós a fazer?”
Para eles o computador tinha que fazer tudo automaticamente. Por isso, para alguns era indiferente saber ou não como se calcula o perímetro da circunferência ou a área do círculo.

No fundo, bem no fundo, o que muda é a cobra, mas a banha continua a vender-se...

5 de outubro de 2008 às 14:43  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Tenho muita pena de não conhecer o autor da crónica que aqui se transcreve. Foi publicada no "Jornal de Notícias" de 5 de Outubro, e transcrita no blogue DE RERUM NATURA, onde tomei conhecimento dela. Aqui fica, pois:
________

Vivemos depressa. Muito depressa. E não sabemos bem porquê. Tem de ser; é assim a vida, justificamos. Não há tempo para nada, é preciso despachar mecanicamente, automaticamente, aquilo que dizemos que fazemos. Reflectir não é grande ideia. Faz perder tempo, e isso é coisa que não temos. O melhor é andar depressa, muito depressa, pelo menos mais depressa que os outros. Mas, como o Coelho Branco da Alice, parecemos sempre atrasados para alguma coisa. Não sabemos bem é para o quê. E parece que isso não nos incomoda.


Nesta lógica, investir no “Magalhães” é uma boa ideia. As crianças habituam-se rápido a viver depressa, sem se deslocar, e sem precisar de contacto físico. A Internet resolve. Está tudo, mas mesmo tudo, à distância de umas teclas. Até pesquisar, estudar, é tão simples como “clique”, “Google”, “palavra-chave”, “copy and paste”, e pronto. E, como dizia o Calvin, podemos fazer um brilharete com umas capinhas de plástico. Muito profissional.


Só que essa é uma escola sem futuro. E é disso que falamos quando falamos de livros e de leitura. A escola com futuro coloca o foco nos livros, na aprendizagem com reflexão, que é um método que a leitura incentiva e desenvolve. Com o tempo que as coisas naturalmente levam, com detalhes, ao pormenor. Uma educação feita assim é uma vela impressionante que nos permite navegar pela vida fora com a confiança de quem não desiste.


Como o velho Santiago, que não pescava um simples peixe há 84 dias, mas tinha nos magníficos olhos azuis o brilho de querer apanhar o maior peixe da sua vida. Mesmo muito cansado, com um barco a cair de podre, e a vela remendada. E conseguiu, ganhando de novo o respeito de todos. E nós viajamos a Cuba com ele.


Ou ainda como o Principezinho que um dia saiu do seu pequeno planeta cheio de flores e vulcões extintos, para viajar por sete planetas e descobrir que afinal mais importante do que navegar, ver e desvendar novas realidades, é importante descobrir o valor das coisas e das pessoas, e que isso exige tempo. Tempo para ler.


Evitando ser como a Alice, que não sabia para onde ir; se haveria de virar à esquerda, ou à direita, ou pura e simplesmente seguir em frente. Assim, como muito bem notou o Gato, não importa que direcção tomar se não se faz a mínima ideia para onde se quer ir. Chega-se sempre a qualquer lado, seja qual for a direcção escolhida. Depressa ou devagar, não importa. Existe sempre um destino, seja ele o do Gato Chapeleiro ou o da Lebre Marciana.


- Mas eu não quero ir para o meio de gente maluca, dizia a Alice.


Vai uma aposta que com o andar das coisas não podes evitar isso?

_________

J. Norberto Pires, professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra e CEO do Coimbra Inovação Parque

6 de outubro de 2008 às 14:21  
Blogger Unknown said...

Amigos

Eu bem disse que isto ia dar molho de colheres de pau. R deu mesmo. Sem desprimor para os restantes, achei muitíssimo interessante o texto do Prof. Norberto Pires. Bem escrito e carregado de ideias - mas, também, de intenções...

Nestas coisas de gostos (e desgostos) não se pode estar com um pé fora e outro dentro. Ou seja, estar bem com o Deus e com o Diabo. Eu, pelo menos, nunca pude, não posso e juro-vos que não conto vir a estar...

Mas, gostar não é concordar. A esmo. O Luis Bonito, por exemplo, afirma que o «Magalhães» não é tão português como isso tudo. Acrescenta o preço (que penso ser o de produção) e pergunta - quem paga?

Todos nós. Se não investirmos no nossos jovens, a partir de quando são gaiatos - quem o fará por nós? Por isso, passo. Continuo a gostar da ideia e do «Magalhães».

O nosso Carlos Medina Ribeiro pergunta se estará certo dar computadores às criancinhas no que antes se chamava a escola primária e agora já não.

Para mim, não é certo. É certíssimo. Tenho cinco netos, dos quase 15 aos quase nove de idade. Todos mexem melhor, mas muitíssimo melhor em qualquer computador - do que eu. E já o fazem - até no meu... - desde que tinham os seus quatro, cinco anitos. E a mais nova, desde os três. Génios do dia-a-dia, quiçá...

Esta malta miúda é de produção muito recente. Saem do ventre materno, da barriga da mãe, gosto mais, já com chips incorporados. A minha geração - nem pó!Nem pó, nem chips. E, bastas vezes, sem memória, apenas com uma vaga recordação...

Ao Táxi Bonito - para além das «saudosas» casas do povo - tenho de perguntar: para Espanha???

Jorge Oliveira: muito obrigado pela sua apreciação aos meus «textículos». No restante, cada qual consome o que prefere. Gosta da extrema-direita e aborrecem-no os pretos (que foi como aprendi com eles próprios. E há muitos que não são africanos. Nasceram cá, por exemplo.)? Está no seu pleníssimo direito. Neste País, ainda que alguns digam o contrário, temos Liberdade e Democracia.

Finalmente ao Jorge Sena: agradeço-lhe e ainda bem que quase concorda comigo. É tão raro que isso aconteça...

8 de outubro de 2008 às 21:38  

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