Sabores e cantares
Por A.M. Galopim de Carvalho
DURANTE SÉCULOS, como o faz notar Monarca Pinheiro (1999), o alentejano viveu de «frustração sublimada em invenção. Com as migalhas que lhe couberam, soube inventar uma cultura de eleição, e esta é, talvez, a sua maior glória. Do pouco fez muito e bem». E entre esse muito e bem, nascido da alma deste povo, salienta-se a sua capacidade inventiva nos cozinhados, a que o autor se refere como «arte dos comeres», a par da «arte de musicar», internacionalmente reconhecida, em especial, através dos seus cantares.
Parafraseando Mário Rodrigues Correia, Director do Centro de Formação Profissional do Sector Alimentar, na apresentação de “A Cultura Gastronómica em Portugal – Alentejo” (1995), a cozinha alentejana, como cozinha tradicional que é, afigura-se como uma «serenata de aromas e sabores do passado que se prolonga pelo presente e que, pretendemos nós, se perpetue no futuro». Nestas palavras alude-se, de forma poética, a um sentimento generalizado alusivo a uma certa associação que, em particular no Alentejo, se faz entre os sabores da sua cozinha e as vozes dos grupos corais, sentimento esse, já expresso também por Mathilde Guimarães (1944), ao afirmar: «Para mim, para sempre, ficam ligados os cantares e os comeres alentejanos».
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