Alentejo e alentejanos
HÁ UMA VINTENA DE ANOS trouxe do Alentejo interior uma comadre de visita a uma filha residente em Almada – a velha Almada anterior à, tantas vezes, desumanizada explosão urbanística. Viemos por Setúbal e, durante a subida da serra, esta minha comadre, que aqui vinha pela primeira vez, dava mostras de um certo mal-estar.
– Não sei o que tenho, sinto-me apertada. Falta-me a lonjura do nosso Alentejo. Isto aqui é só cabeços. E que cabeços!
E foi assim até ao alto da capelinha de Nossa Senhora das Necessidades. A partir daí, na descida para Azeitão, foi-se-lhe diluindo a aflição e, quando passámos à planura, ouvi-a exclamar:
- Aqui, sim, já a gente respira!
Em sua opinião, voltáramos ao Alentejo.
E tinha razão!
(...)
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