11.2.09

Crianças no frigorífico

Por Joaquim Letria
OS PAIZINHOS DAS CRIANÇAS portuguesas querem que as escolas aturem os filhos das 7 da manhã às 7 da noite. Dizem eles que é para trabalharem mais, pois o actual horário das escolas, das 9 da manhã às 5 e meia da tarde, é insuficiente.
Os paizinhos, os professores e os chamados técnicos do ministério estão de acordo num ponto: não é preciso as crianças aprenderem durante aquele tempo todo. O que é preciso é que estejam lá. Até devem brincar, pelo que terá de se escolher umas actividades lúdicas.
O meu amigo Daniel Sampaio, psiquiatra de crianças, não tem dúvidas: ”se prolongarmos a estadia das crianças nas escolas estaremos a criar uma geração de adolescentes como a do Paranoid Park”.
Querem lá as mamãs, os professores e os técnicos saber disso! Depois de terem enfiado os avós nos lares e de meterem os netos no frigorífico, os papás ficam muito mais à vontade para tirarem a barriguinha de misérias!
«24 Horas» de 11 de Fevereiro de 2009

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8 Comments:

Blogger júlia said...

Joaquim Letria,
Com todo o respeito que as suas opiniões me merecem e concordando com grande parte do que disse, podia fazer o favor de tirar os professores deste filme...e, já agora, se não for abuso, as mamãs? É que eu sou professora e mamã de 4 filhas e não quero as crianças na escola 12 horas! Já agora quem pediu esta aberração foi o pai dos pais, o Sr. Abílio(?). Atravessamos uma época difícil...vemos recuar os direitos laborais e, se calhar, veremos igualmente recuar os direitos das crianças. A nossa sociedade ocidental faz campanhas(e bem) contra a exploração do trabalho infantil e, simultaneamente , não tendo tempo para as suas crianças atira-as para as creches e as escolas. Se uma criança dos 3 aos 12 anos precisa de dormir cerca de 10 horas, se estiver 12 horas na escola, com tempo para transportes e tudo está quanto tempo com os pais, 1 hora, hora e meia? Não será melhor , mal nasçam, entregá-las a uma instituição onde as criem até à idade adulta?!!!! E se nas escolas, do pré-escolar ao secundário as educadoras e os professores passam mais tempo com os nossos filhos do que nós, os seus pais, quem deve ser responsável pela educação dos rebentos? A nossa sociedade acaba aos poucos com os avós, talvez acabe com os pais...nacionalizem-se os filhos!

11 de fevereiro de 2009 às 22:09  
Blogger C. Alexandra said...

Quando grande parte portugueses começa a trabalhar às 8h ou 9h e o horário de saída anda pelas 18h ou 19h.

Quando a agregado familiar se reduz a um ou dois pais e às crianças e a família digna do nome acaba nos avós e num ou nalguns tios das crianças.

Quando a insegurança e o individualismo têm forte presença.

Quando as entidades patronais exigem pontualidade quando se trata de chegar ao local de trabalho e empatam os trabalhadores na hora de sair. Quando os clientes chegam na hora de fechar o local de trabalho.

Quando alguns hábitos se perderam. Quando eu era criança era normal ir para casa dos amigos a seguir à escola. Estudávamos, faziamos trabalhos escolares em conjunto e bincávamos. Actualmente, sei que em Lisboa algumas crianças saem da escola e vão para sua casa estudar sozinhas, falar com os amigos pelo msn. Eqnaunto hábitos que deviam estar em decadência ainda têm forte presença. Continuo a ver a maioria das mulheres (trabalhadoras)serem sobrecarregadas com trabalho doméstico e vários homens absterem-se de cuidar e educar os filhos. Directa ou indirectamente as crianças saem prejudicadas.

É mais fácil prolongar o tempo que as crianças passam na escola do que mudar todos estes factores e outros não enunciados. Um trabalhador por conta de outrém não pode mudar as regras laborais sozinho.

Um pequeno empresário proprietário de uma loja não pode encerrá-la muito cedo, pois corre o risco de perder clientes para as grandes superfícies.

O horário das escolas é incompatível com as mudanças que se deram a nível laboral e social.

Poderá estar-se a criar uma geração de adolescentes como a do Paranoid Park? Então procure-se criar condições para que, pelo menos, vários pais possam ir buscar os filhos antes das 19h e passar algum tempo com eles ao final da tarde.

Ficar como está é que não vai trazer benefício a nínguém, nem mesmo às crianças.

O sr. Joaquim Letria, acha que é preferível os pais irem buscar as crianças às 17.30h e despejá-las em frente da televisão, ao invés delas ficarem na escola a fazer actividades lúdicas com os colegas?

12 de fevereiro de 2009 às 11:31  
Anonymous Anónimo said...

Será que as crianças se tornaram um fardo?
Os meus bisavós trabalharam tanto ou mais como os meus avós, como os meus pais e como eu. Não encontro justificativas para que as crianças tenham de ficar nas escolas o maior número de horas possível, não encontro justificativas para que os pais não planeiem as suas vidas em função dos seus filhos. Todos o fizeram no passado, porque é que agora não o fazem? De repente surge uma serie de justificativas para não criarem as crianças que é irritante. Quem tem filhos e os ama de facto, tem tempo para eles. Molda a sua vida em função deles. Quem não os ama.. Não os ama. (salvo raras excepções).

12 de fevereiro de 2009 às 12:42  
Blogger Táxi Pluvioso said...

O Estado que eduque as crianças. Em Esparta resultava...

12 de fevereiro de 2009 às 14:36  
Blogger dmia said...

Penso que a minha geração deve ser designa como "a geração egoísta". Primeiramente pensam em comprar casa de seguida o carro ou carros depois têm que estabilizar a vida...dizem eles. Na maioria das vezes os filhos deixam de ser uma prioridade e depois vem sempre a desculpa que a vida está dificil. Sinceramente, é puro egoísmo e fruto de uma sociedade materealista.Tenho 30 anos e poucos dos meus amigigos(as) tem filhos, eu já tenho dois e sou mãe a tempo inteiro embora trabalhe em part-time. Trabalho em part-time por opção, porque sem dúvida que o dinheiro faz falta...mas se não têm uma consola nova têm uma em segunda mão, se não têm 20 jogos têm 2, mas por certo têm toda a minha atenção.

12 de fevereiro de 2009 às 19:46  
Blogger Joaquim Letria said...

dmia,

Um beijinho para si. Os seus filhos, daqui a uns anos, saberão ver a diferença entre uma mãe como a senhora e os outros pais.

13 de fevereiro de 2009 às 14:03  
Blogger Fartinho da Silva said...

Caro Joaquim Letria,

Tire, por favor, os professores deste filme! A grande maioria dos docentes são completamente contra mais esta medida de transformação da escola pública numa espécie de centro de guarda e entretenimento de crianças e jovens...

13 de fevereiro de 2009 às 17:22  
Blogger Fartinho da Silva said...

Falando de família, hoje a família é o Pai Estado! Os “políticos” que vamos tendo tentam transmitir a ideia que devemos trabalhar 25 horas por dia, 8 dias por semana e 366 dias por ano! Os filhos, se alguém se atrever a ter, o Pai Estado educa e toma conta nos Centros de Guarda e Entretenimento de Crianças e Jovens, mais conhecidos por “escolas” públicas!

Quando essas crianças e jovens atingirem os 18 anos de idade, o Pai Estado toma conta deles através de estágios permanentes em empresas financiadas pelo Pai Estado e até garante a esses jovens que os melhores poderão aspirar a receber algum dinheiro através de recibos verdes…!

Quando esses jovens forem menos jovens, o Pai Estado toma conta. Envia os mesmos para um outro centro ao qual chamamos de Centro de Emprego e o Pai Estado tenta arranjar um trabalho a esses jovens numa qualquer empresa financiada pelo Pai Estado!

Quando esses jovens chegarem a idosos, o Pai Estado oferece-lhes a pensão e a casa dos seus pais…, porque o dinheiro para financiar este sistema estúpido e cretino… TERMINOU!!!!!

Só tenho pena que a grande maioria da população assista a isto e… nada faça

15 de fevereiro de 2009 às 20:05  

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