O Aquecimento Global
Por Maria Filomena MónicaNÃO HÁ MELHOR MANEIRA de acreditar numa teoria do que sentir os seus efeitos na pele. De cada vez que alguém me falava de aquecimento global, respondia que isso mais não era do que o substituto ideológico para quem tinha perdido a fé em Deus. Foi neste espírito que li a recente notícia de que a União Europeia, pela voz de José Sócrates, pretendia chegar, até 2012, a um acordo pós-Quioto, penalizando a emissão dos GEE (gases de efeito de estufa). Os EUA e a China não recuarão provavelmente na sua vontade de fazer o que lhes apetece. O mesmo não sucede comigo.
Perguntar-me-ão qual a razão desta epifania. A resposta é simples: a presença de traças em casa. (...)
Etiquetas: FM
Afixado por: Maria Filomena Mónica às 18:00
6 Comments:
Esperemos que o aquecimento global acabe depressa, já não se aguenta tanto frio, desde Outubro que neva em Portugal. Os Ingleses também já devem estar fartos, alguns nunca tinham visto tanta neve. Nos emirados Árabes Unidos, já nevou 2 vezes este século (XXI), o que constitui um problema gravíssimo, uma vez que os nativos nem possuem uma palavra para neve, visto que a mesma nunca os tinha visitado antes.
O engº tem que resolver o problema das traças e das melgas
Pena que Maria Filomena Mónica, tão culta em tudo o que seja literatura, seja tão ignorante em termos de ciência.
O spray que ela tem receio de usar não aumenta o aquecimento global. Primeiro que nada, porque os sprays apenas causavam a diminuição da camada de ozono (através da libertação de CFC's) e isso anda tem a ver com o efeito estufa que causa o aquecimento global. Por outro lado, demonstra a ignorância ao parecer ignorar que os CFC's foram banidos dos países industrializados há já uma boa década.
Alguém que dissesse asneiras equivalentes sobre Eça e já teríamos a senhora a bradar sobre a ignorância dos portugueses. Estas asneiras, contudo, devem ter sido publicadas algures sem uma nota de protesto. Vergonhoso.
Outra nota. O frio que se tem vindo a sentir nada tem a ver com aquecimentos ou arrefecimentos globais. Vagas de frio ou de calor são irrelevantes nessa lógica. Apenas o conceito de "vaga", ou seja, um efeito climático de curta duração e forte intensidade é que pode ser ligado ao AG. O resto não diz nada.
Sou a primeira a concordar que, como em tempos, dizia C. P. Snow há «duas culturas», a humanista e a científica, reconhecendo que a primeira tende a minimizar a segunda. Não é o meu caso, uma vez que tenho uma profunda vergonha de não estar mais familiarizada com as descobertas fundamentais das Ciências Exactas.
Dito isto, o artigo tinha um tom ligeiro, pretendendo tão só brincar com os fanáticos do aquecimento global. Era irónico, um tom difícil de ser entendido. Nada pretendia provar sobre os CFC, espírito de estufa ou camadas de ozono. Sei que muitos dos que usam estes termos contam com a aceitação acrítica por parte dos leigos. No fundo, estava a tentar rir-me do politicamente correcto, dizendo que, como em tudo, a empiria é que conta: no meu caso, as traças.
Cara Maria Filomena Mónica. Antes de mais, prezo que tenha vindo responder. Muitos colunistas há que ignorariam simplesmente este comentário.
Segundo, eu entendi o tom de ironia.
Terceiro, pergunto se V. não criticaria alguém que escrevesse uma crónica semelhante sobre Eça, ou Shakespeare e cometesse também tais erros. Penso que a crónica não perderia absolutamente nada se estivesse mais correcta cientificamente (poderia falar nos efeitos perniciosos dos raios UV sobre os predadores de traças, por exemplo). É, na minha opinião, também com artigos destes, mais ligeiros mais incorrectos, que o fosso entre as duas culturas de Snow vai aumentando.
Cumprimentos,
João Sousa André
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