Xenofobia
Por João Paulo Guerra
Era inevitável e não vai ficar por aqui. As políticas e as crises neoliberais fazem o mal e a caramunha.
E DEPOIS DE CRIAREM DESEMPREGO abrem a porta à demagogia xenófoba que reclama emprego para os nacionais e "imigrantes para a terra deles". Ou, como clamam os operários do Leste de Inglaterra em protesto contra uma centena de trabalhadores portugueses e italianos contratados por conta de uma multinacional francesa: ‘British jobs for british workers'. Por cá também há quem proclame ‘slogans' xenófobos de quilate muito semelhante aos de Lindsey e não é só a extrema-direita trauliteira e folclórica. É também a extrema-direita beata e engravatadinha. "Tadinha"!Mas as consequências da delinquência financeira vão, acima de tudo, semear pela Europa e pelo mundo uma crise social de dimensões imprevisíveis, com desemprego, miséria e absoluto desespero. E esse é um caldo de cultura propício ao populismo, à demagogia e à xenofobia. Portugal, país de emigrantes e imigrantes, vai sofrer outras afrontas como a de Lindsey, com trabalhadores a mandar outros trabalhadores para "a terra deles". Mas o país vai assistir, ao mesmo tempo e em sua própria casa, a exibições fascistóides que vão associar o desemprego dos portugueses ao trabalho dos imigrantes, como já associam o aumento da criminalidade e da insegurança à imigração e aos "estrangeiros".
Foi sobre crises económicas e sociais provocadas pela exploração sem limites nem escrúpulos que cresceram os fenómenos dos fascismos europeus. E a crise actual, empolada pelas medidas que evocam o pretexto da crise, vai gerar para além da miséria uma disponibilidade para as propostas mais irracionais. O que está a passar-se em Lindsey é apenas um sinal.
«DE» de 4 de Fevereiro de 2009; foto do «JN-online» de hoje
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4 Comments:
Esta situação de risco a que os portugueses emigrantes estão sujeitos não é nova (lembreme-nos dos graves problemas na Irlanda, há um par de anos), mas tenderão a agravar-se nos próximos tempos devido à crise económica sem precedentes.
É também nessa vertente que deve ser analisada a ideia (que Cavaco fez gorar) de retirar a esses portugueses o direito de voto por correspondência nas legislativas.
A emigração só resolve provisóriamente o problema na origem mas agrava definitivamente no destino. Sem emigração, a população mundial podia estar abaixo dos mil e quinhentos milhôes, como antes do desenvolvimento industrial. A sobrepopulação é um factor multiplicativo directo na maioria dos problemas do mundo, incluindo os carros mal estacionados que este blog costuma mostrar!
A popupação ou é controlada localmente, ou nunca o será. Devido á cegueira generalizada, tudo se encaminha para o ilustrado aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=AlVczvB4FQk&feature=related
Quanto a mim muitas das verdades no assunto "emigração" são confundíveis levianamente com xenofobia. Talvez por isso a situação de milhares de emigrantes, uns bons outros maus, uns competentes outros não, é sempre a mesma, precariedade, direitos zero, péssimas condições exploração máxima. Não querendo ver a realidade. Em Portugal acolhem-se todos não dando condições a ninguém, só para parecer bem. Vendo as coisas assim nem é bom para quem vem nem é bom para quem está, apenas para alguns empregadores de mão-de-obra barata. Claro que dizer isto em Portugal é o mesmo que sentenciar-se de xenófobo. É difícil dizer verdades em Portugal.
Este é daquele tipo de notícias que nunca se esperam ouvir, os britâncos sempre tiveram um quê de xenófobos e agora arranjaram o que, para eles, se parece com um motivo para o serem. Havia de ser bonito se cada país com emigrantes se lembrasse de arranjar revoltas destas só para os pôr a andar. O nosso país, então, levava um desbaste que nem consigo imaginar!
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