8.4.09

Em admitindo está bem...

Por Ferreira Fernandes
LISBOA, VALE DO TEJO e Algarve são as zonas de maior risco - ouvimos, outra vez, ontem. Ouvimos com mais atenção porque passavam imagens do sismo dos Abruzos, mulheres de negro como as nossas quando são típicas, homens gordos como os nossos quando se sentam para caracóis e cerveja. Diga o que se disser do género humano, iguais daqui à Tasmânia, a lei da proximidade conta.
Dez mortos por cá, contam; mil na China não comovem. Digamos que os 150 mortos nos Abruzos são dez no Vale do Tejo - uma tragédia. Uma tragédia pelos dez mortos comparados e, sobretudo, pelo anúncio da grande tragédia. Um dia, vamos ter esse terramoto que tarda a repetir 1755 mas que, sabemos, vai repetir. Nestes dias de terramotos próximos mas alheios, lá estremecemos um pouco e, logo, esquecemos. Fazemos mal. Ontem, os nossos especialistas ouvidos pelas televisões, interrogados, "e por cá…?", respondiam: "Admitindo que as construções foram feitas como a lei manda…" Esse grau 10 da escala de Richter nas respostas ambíguas é assustador.
«DN» de 7 de Abril de 2009

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