"…Mas as crianças, Senhor…"
Por Baptista-Bastos
A SOCIEDADE PORTUGUESA perdeu, há muito, a noção de valores e tripudiou sobre as regras de convivência. Lenta mas inexorável uma endemia de dissolução alastrou, de tal forma, que põe em causa a própria razão do ser individual. Abandonámos um conceito de destino e desinteressámo-nos da ideia de futuro, se alguma vez a ambos tivemos. Antero e Oliveira Martins disseram que não. Causticámo-los com o ferrete de cépticos. Desprezámo-los quando devíamos tê-los estudado. A República animou-nos, mas a festa durou pouco. Meio século de cantochão, bota cardada, medos vários, foram as insígnias das nossas obediências. No Abril antigo, o bandolim pareceu tocar a nossa música. Pregámos um susto às bem-pensâncias, andámos a lavar as ruas, a oferecer à pátria um dia de salário e a gritar um estribilho que fora funesto no Chile: "O povo unido jamais será vencido!" Pois sim! (...)
Texto integral [aqui]
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I Parte
Com o regime doente
destruindo as sãs emoções,
a partilha é coisa ausente
causando tremendas devastações!
A noção de valores sociais
há muito encontra-se perdida,
nos confins existenciais
de uma revolução iludida.
O mexilhão tripudiado
pelas regras de convivência,
neste país extasiado
pela mais abjecta subserviência!
II Parte
Lenta mas inexorável
uma dissolução endémica alastrou,
com tanta política deplorável
o bem-estar social berrou!
O bandolim tocou
uma música de esperança,
mas, para a história ficou
essa vã lembrança!
O mexilhão esperançoso
por um futuro mais risonho,
com este socialismo embaraçoso
o ambiente fica bisonho!
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