Justiça e dúvidas
Por C. Barroco Esperança
O presidente do Eurojust, Lopes da Mota, será alvo de um processo disciplinar no âmbito do inquérito às alegadas pressões no «caso Freeport». Em causa, a possível violação do dever de isenção.
APESAR DO PÂNTANO a que nos vamos habituando há um sobressalto cívico que a notícia desperta. De pouco vale a presunção de inocência quando o caldo da intriga e da luta partidária, feito de assassínios de carácter, já se encarregou de sugerir a presunção de culpabilidade.
São fáceis de imaginar os efeitos devastadores de notícias deste quilate na credibilidade dos agentes políticos e na desmotivação do eleitorado para participar nos actos eleitorais que se avizinham. Os projectos políticos não se confrontam, compara-se o carácter dos candidatos traçado pela intriga e pela calúnia. O país não quer aferir projectos, basta-lhe fruir escândalos e enxovalhar governantes com suspeitas de corrupção ou indignidade. (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): ver, [AQUI], o passatempo com prémio associado a esta crónica. Actualização (18 Mai 09): no mesmo post já se encontram afixados os resultados.
Etiquetas: CBE
14 Comments:
Aqui ficam algumas questões e "dicas" que, embora não sendo novidade para quem esteja minimamente informado, servem para tentar lançar a discussão:
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1- A acusação mais grave que pende sobre Lopes da Mota é a de ter pressionado os procuradores para arquivarem o caso Freeport, para não sofrerem consequências na sua carreira.
Tê-lo-á feito, de facto?
Se sim, foi ideia sua, ou a mando de alguém?
2 - É dito no texto:
«...os efeitos devastadores de notícias deste quilate na credibilidade dos agentes políticos e na desmotivação do eleitorado»
Põe-se a questão: esses efeitos devastadores vêm das NOTÍCIAS ou dos eventuais FACTOS sobre os quais há fortes suspeitas - a ponto de o inquérito ter passado a processo disciplinar?
3 - A misteriosa paragem na investigação do processo Freeport durante 4 anos estará relacionada com peripécias semelhantes?
4- No meio disto tudo, também aparece Alberto Costa.
O que é que lhe sucedeu, em Macau, (a propósito do caso Emáudio) e que, mais tarde, levou à intervenção de Carlos Melancia a seu favor?
5- Que relação tem, com isto tudo, a fuga de Fátima Felgueiras para o Brasil?
O que se passa com o jornalismo político actual é um triste sintoma de falta de seriedade, falta de matéria e falta de discurso.
De tal forma que aquilo que existe no jornalismo não é uma recolha de informação para posterior reflexão, atempada e séria. Aquilo que hoje existe é uma interpretação "a quente" e breve das aparências, sem que verifique o que mais elas contêm.
Espera-se dos jornalista que sejam garimpeiros, exaustivamente à procura das ínfimas e raras pepitas de informação relevantes que se seguem à descoberta do primeiro e enganador veio de ouro.
Mas este jornalismos actual anda todo enganado pela pirite. É a febre de fazer capas, vender e ter relevância.
Mas essa relevância é momentânea e perecível. Os leitores chocam-se primeiro, revoltam-se à medida que a notícia sobe de tom - mas não se concretiza nem apresenta dados concretos - e depois esquece tudo à medida que não é possível aos jornalistas moer mais o assunto (quando não o inventam, arrisco dizer sem medo algum).
Que jornalismo político é o de hoje em dia?
Tão demagógico ele próprio como a política nacional, não exige nada aos políticos e acaba por fazer descer o nível destes.
Um ciclo vicioso, pois os políticos querem usar os "media" e os "media" querem ser usados para poderem usar depois os políticos.
Os nomes jornalísticos que hoje em dia influenciam a percepção pública da política são esquecidos à mesma velocidade que o vazio das suas notícias se apresenta. O público, caso alguma vez os tenha sabido, esquece-os mal eles desaparecem da capa para as páginas centrais e depois para lado nenhum.
Os comentadores que ainda têm relevância são, quase sempre, políticos desencantados que aprenderam no processo a dominar ambos os meios e a conjugá-los.
E o mal de tudo isto, é que toda a verdade, todos os factos que seriam importantes, vão sendo descartados juntamente com os foguetes que só pretendiam distrair a vista dos que não são nem políticos nem jornalistas.
Uma espécie de "o rapaz que gritou lobo", mas onde deixou de haver lobo para que todos passassem a gritar por ele.
Depois admiramo-nos que o nosso Primeiro-Ministro se faça de vítima e ninguém acredite. Mas também que o acusem de todas as formas de corrupção e ninguém acredite também.
Estamos a viver no enredo ficcional de uma telenovela da TVI, cada episódio um estrondo denunciado e esgotado na sua própria publicidade!
Dá audiências, mas não "se aprende nada". Pelo meio lá dá para vender uns DVDs e uns faqueiros, com que os jornais parecem encher-se mais do que com notícias!
Vou antes ler A Quinta dos Animais!
No caso de Lopes da Mota, a bronca não teve origem em nenhuma carta anónima, nem redacção jornalística, mas sim nos dois procuradores que ele (alegadamente) pressionou.
O PGR fez o que tinha a fazer: abriu um inquérito e ouviu os envolvidos. O resultado a que chegou foi tal, que achou que o assunto merecia ser convertido em algo mais grave, um processo disciplinar.
Tratando-se de quem se trata (e com as responsabilidades internacionais que tem), o assunto é grave e seria notícia de primeira página em qualquer parte do mundo.
Neste aspecto, tem toda a razão Vital Moreira que, mais uma vez, se demarca do PS. Não faz sentido desvalorizar o assunto, muito menos branqueá-lo, deitando as culpas para quem apenas dá notícias sobre a bronca.
I Parte
A deliquescência ética,
que atravessa a sociedade,
exerce uma força magnética,
que nos trucida até à saciedade.
A falta de sensatez
é por demais evidente,
neste caso de pálida tez
por uma atitude inconfidente.
Há quem fale em urdidura,
termo simpático para cabala,
deslavada ficará a armadura
ensanguentada com tanta bala.
O mexilhão embaraçado
por esta vergonha nacional,
não pode ficar amordaçado
no seu juízo racional!
II Parte
As inofensivas pressões
de um bom samaritano,
revelam as aberrações
do nobre espírito lusitano.
Há gente poderosa
a movimentar-se impunemente,
esta atitude indecorosa
é sinal de um regime demente!
A justiça pressionada
por gente tão distinta,
numa democracia estagnada
que faz correr muita tinta!
A linha do Equador
cada vez menos afastada,
deixa o mexilhão trabalhador
com a confiança arrebatada!
Epílogo
Laboriosamente tecida
pela aranha paciente,
a teia emudecida
aguarda pela mosca despiciente.
Mais um fio desatado
nesta novela rocambolesca,
o mexilhão assiste recostado
a esta peça burlesca.
Não é possível perguntar-se que que Justiça é esta, sem que se pergunte, primeiro, que país é este. E Portugal, como coisa inteligentemente organizada, não existe. Logo, como esperar uma Justiça sensata e organizada, se não consegue proteger-se, ficar imune aos estraçalhos políticos?...
Que interesse tem, agora, discutir o nome ou a acção deste ou daquele, se o problema é de conjuntura, e os lugares de relevo e de decisão são ocupados por gente saída das combinações?
Quem são, em Portugal, as pessoas de carácter que ocupam ou podem ocupar lugares que proponham a inteligência e a isenção? Com quantos dos vigentes é possível manter uma conversa inteira, sem que se lhes observe o tique do interesse, do comprometimento?
Que deveria esperar-se de um primeiro-Ministro —este ou outro—, quando, sob suspeitas de diploma inquinado e de participação fraudulenta em negócio que, sendo particular, a exequibilidade dependia do consentimento legal do Ministério de que, então, era responsável?
Portugal tem sido governado por gente que não cresceu. Antes de lhes chamar perversos, terei que ter em conta a infantilidade, a menoridade intelectual; incapazes de se empenharem no esclarecimento da sua inocência, porque, desde meninos, se habituaram, uns, à satisfação de todas as vontades, e, outros, à supressão, cega, de todas as carências.
Atente-se no comportamento do Bastonário da Ordem dos Advogados, disparando para tudo quanto é sítio e incapaz de fazer com a advogada, que processei e foi condenada, cumpra, sem saloias delongas, a determinação do tribunal.
Pude, em audiência que me foi concedeu, na pessoa da sua assessora, propor, como medida de auto-regulação, a inibição do exercício da senhora, enquanto a mesma não desse cumprimento às determinações do Tribunal. Qual quê, se o mundo é dos privilegiados,dos sem escrúpulos?... Não poderia, este tipo de gente, ficar no anonimato, em vez de devotada ao exercício ridículo, por falacioso, de procurar e propor a verdade?
É verdade que invado um espaço, que não é meu, com um caso que a mim me afecta. Mas estarei descontextuado, quando pretendo que também isto se insere no âmbito da Justiça, que seja reflexo do seu estado?
Para cá de Abril, o país tresanda a altruísmo. São tantos os mimos e as boas vontades, que, facilmente, somos levados a esquecer que Portugal é uma casa de passe. Meninas por todo o lado. As matronas controlam-lhes os passos e os espaços.
Edeixo, a terminar o meu comentário, um texto que, a propósito da "crise", redigi e foi publicado. Eu acho, uma vez mais, que vem a contexto.
Peço desculpa, cumprimento e sigo:
…. A CRISE É AFECTIVA. DE ECONÓMICA, TEM SÓ OS REFLEXOS...
… Lembras-te de, quando apaixonada e antes de saberes se eras ou não correspondida, te esqueceres de que havia mais mundo?... Qualquer pequena coisa parecia o Universo ou, no mínimo, uma pequena lua que escondia todos os sóis, porque o Sol, verdadeiramente, nem existia; e, se houvesse, seria uma cópia do sol que havia em ti.
Como eras generosa!... Nada que fosse teu te pertencia. As tuas mãos –a tua posse– eram apenas a ilusão de uma paragem definitiva; eram mais o apeadeiro breve de coisas a que davas outros destinos… Chegaste a perguntar-me por que é que as pessoas jogavam na lotaria, havendo felicidades que o dinheiro não alcança –dizias tu, entre dois beijos e dois abraços, imaginários e dados de borla, porque só a dádiva e o sentimento faziam sentido; enquanto, ao lado, alguém preocupado se interrogava sobre como viverias na reforma.
Meu Deus!..., tinhas a boca cheia de palavras que distribuías como cicatrizes para todas as feridas. O teu coração mais parecia uma panela, enorme, onde fervia a sopa dos pobres e de que os seios eram as asas que queimavam sem arrependimento. Mal comias e mal compreendias como era possível alguém ter fome. Sonhavas, de noite, e sonhavas, de dia. A realidade era a falsa visão que os outros tinham, porque tu tinhas tudo que eles não viam.
Em ti, a vida fluía com tempo. As estações chegavam e partiam sem danos que fizessem perigar as florestas; e as árvores, não sendo, todas eram de folha perene, porque achavas que, sem elas –as folhas–, os braços te lembravam deserdados expostos ao frio… E irritaste-te e solidarizaste-te com aquela senhora que, em Espanha, se opôs ao projecto do arquitecto que prescindia das árvores como quem se desfazia do um estorvo, assim como quem queria garantir que a sombra não desmentisse o estafado e iludido refrão, segundo o qual, quando nasce, o Sol nasce para todos –como se o Sol não brilhasse alheado de nós, dos hemisférios e das nuvens!
… Recordo-me, perfeitamente. Lembro-me como se fosse noite que se abatesse, súbita, e trouxesse todos os maus agouros. Os aromas perderam-se, e, do entardecer, já os teus olhos se haviam fartado, porque a queda era repetitiva e enfadonha e trazia o crepúsculo como espectáculo deprimente. As estrelas eram, agora, penduricalhos de mau gosto, que, sem grande utilidade, pendiam do céu, por achares que não se pode, sob a luz delas, conferir o extracto bancário –ora bolas!!! Quais, de entre as notas, as notas falsas?!
Percebes, agora, por que te deste a construir impérios; por que deixaste cair no esquecimento tudo e todos de que te lembravas, no que dizias ser o esquecimento de ti?... No desamor, de facto, ou te inibias ou lesavas, porque o Instinto só tem duas saídas, quando sai machucado: o suicídio ou a vingança, podendo ser-se cadáver ainda em vida, se desistimos e não temos a coragem de nos suicidarmos –lembra-me de te falar na alternativa.
Para teu desconforto –para maior desconforto–, eu digo-te que os impérios são celas, e que quanto maior for a cela –o império–, mais pequeno é o imperador, por não ter entendido que o que lhe pertence –à condição, naturalmente– está em si, e que tudo em redor é para nosso episódico usufruto.
Dir-me-ás que te aviso atrasado, que já havias investido na Bolsa e que os imperadores se encontram, quase todos, falidos. E eu respondo-te que os imperadores são sempre criaturas falidas, com a facilidade, apenas, de pagar quaisquer contas, porque o Estado –como se prova– chega sempre em socorro para salvar os da família, por serem, todos, costumeiros viajantes do mesmo espaço.
Para além do mais, tenho de te dizer que não há crises inesperadas, porque todas as tempestades são antecedidas por sinais. E eram mais que evidentes os prenúncios de uma realidade que seria abalada.
Depois, este breackbusiness é só um interlúdio preenchido de falsos medos, uma espécie de gravidez psicológica, em que a hipocondria faz dilatar o útero, e os seios parecem carregados de silicone. Eu adiantaria que a questão nem é de prejuízos, mas de estagnação ou, vá lá!, de diminuição dos lucros, porque era suposto ser o crescimento –mais décima, menos décima– ininterrupto, na manutenção de jogos estupidamente especulativos, e que o Hirst, o Damien, continuasse a vender tubarões, e outros animais encaixotados, a preços que, vivos e activos, ninguém daria por eles.
Feito um balanço, sem dramas, talvez concluamos que a crise funciona como antídoto contra parte do caos e da mentira, propondo ou impondo o reajustamento das expectativas, na medida em que a crise, a verdadeira crise, é a mesma que tem impedido os economicamente deficitários de viver calmamente e, mais ainda, de ir a jogo –sempre que parece chegada a minha vez, porque não posso, passo. Nem fichas nem dinheiro; animado, no entanto, por saber ser o Instinto essa arma bendita e maldita que nos segura e nos desnuda, que nos torna permeáveis às vontades de tudo. Ele é o enigma que congrega a tese e a antítese; que se propõe e se contradiz, consoante entender como melhor a forma de satisfazer a sua conveniência, o seu interesse. Ilude-nos e arrefece-nos; instiga-nos e dissuade-nos, como quem brinca, ingénuo e sarcástico, com a vontade e o medo de termos consciência. E é ele, ainda, quem vai levar, quem a tem, a desamarrar a pasta, quando sentir o sabor do tédio por não promover a viabilidade social ou não ir, pelo menos, às compras –proponho-te que vejas IMPÉRIOS?... SEM SENTIDO!. Confirmarás que os extremos se tocam, por haver, na miséria, os que se matam pela escassez; e, na abundância, os que se matam pela fartura.
Rodrigo Costa
Os órgãos de comunicação social são empresas pelo que o fácil é ser tablóide, o que até vende.É uma grande tentação em oposição à excelência jornalística que não compensa senão profissionalmente. Mas os chefes querem é vender, logo sacrifica-se o bom trabalho.
Se alguém descobrir mercado suficientemente compensador para bom jornalismo, este lá passará a haver.
Enquanto isso não acontece, o crédito que lhes dou é nulo. Ou inventam ou exageram ou enganam-se ou são ignorantes face a muitos aspectos do assunto que tratam. Até quanto à linguagem imprópria ou com erros que utilizam (pensava eu que a formação deles incidia muito na língua) e quanto à irrelevância das respostas que obtêm com perguntas desnecessárias. Claro que logo tentam tornar estas respostas em algo mais aliciante para o público, acabando talvez por deturpar o seu significado.
E por aí fora. Quase podia escrever um livro.
Pode dizer-se, acerca de jornais e jornalistas, todo o mal que se quiser (e eventualmente com razão), mas não neste caso.
Com Lopes da Mota, a bronca não teve origem em nenhuma redacção de jornal (nem de rádio nem de TV. nem de blog) mas sim nos procuradores que se queixaram de que ele os pressionou para arquivarem o caso Freeport. E, se isso sucedeu, fizeram eles muito bem.
Acusar os jornalistas neste caso concreto é disparar contra o alvo errado.
Há cada coincidência..... Não bastava a Lopes da Mota ter sido suspeito de passar informações a Fátima Felgueiras enquanto decorriam as investigações do famoso “saco azul”, tendo-lhe custado na altura a nomeação como Procurador Geral da República, para agora se ver novamente na boca do povo e nas primeiras páginas dos jornais por alegadamente ter pressionado os procuradores titulares pelo processo Freeport (digo alegadamente, que o inquérito instaurado não foi disponibilizado - porque será? - ,mas que fez com que o PGR tomasse uma medida tão dura como a instauração de um processo disciplinar que pode terminar, eventualmente, na suspensão de Lopes da Mota) . Mas as coincidências não acabam por aqui.... é verdade! É impressionante como as coincidências aparecem, tal como cogumelos...... então veja-se: Lopes da Mota é amigo de Fátima Felgueiras desde a década de 80, quando era Delegado do Ministério Público em Felgueiras e pelo que já li tudo aponta para que esta autarca (então vereadora) tenha dado uma mãozinha à esposa de Lopes da Mota (que era professora primária) para esta ser colocada no ensino para adultos; já foi colega de Sócrates no governo de Guterres e Sócrates já como Primeiro Ministro colocou-o no Eurojust (que está a tratar do caso Freeport!) .... Digam lá que não são coincidências?! Já uma pessoa não pode usar os seus poderes para ajudar os amigos! Caramba!
Tal não é a promiscuidade que há entre poder judicial e poder político.... como um usa o outro quando e como mais lhe convém!
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Hum... Sobre Política sei muito pouco; sobre justiça, sei o que a Moral segundo fui educada me dita. E acredito que assim seja com a maior parte por Portugueses.
Sobre jornalismo, lembro o que me ensinaram na escola, ainda catraia, quando nos explicam as diferenças sobre os vários tipos de de texto. Dizia-se sobre o texto informativo qualquer coisa do género: é um texto que resulta da recolha de informação, que é processada de forma a ser apresentada ao público com o objectivo máximo de INFORMAR de forma IMPARCIAL e sempre DOCUMENTADA.
Pergunto-me regulamente (sempre que vejo o telejornal, ou leio um jornal, coisa que actualmente é rara) o que ensinam nas faculdades a estes profissionais... Ou será que é o meio em que trabalham que desensina? Não sei. Mas não gosto. Fico enjoada em pouco tempo e acredito que assim seja com a maior parte por Portugueses.
De notícia do incrível, em notícia do incrível, lá vai este País caminhando. Com destino a quê, ainda não se sabe, mas que caminha, ai isso caminha!!!
Lopes da Mota é, pois, o nome que se segue neste chorrilho de notícias que fazem História, ou de histórias que dão noticias.
Senhor detentor de um cargo que merece (no mínimo!!!) comedimento e descrição, vê-se envolto em polémica que em nada o abona a ele, ao cargo que ocupa, ao Pais que representa em Haia, e, em última instância (ou em primeira, se preferirem), à própria União Europeia.
Parece-me que o caso Freeport já estava a perder alguma da sua espectacularidade e beleza. Caso que é caso, não (sobre)vive à custa de primos, tios, conhecidos de amigos e um ou outro inglês de quem nunca alguém ouvira falar.
De Lopes da Mota também não se lhe conhece (pelo menos ao grande público), a vida passada, o círculo de amigos e de influências, ou a sua assiduidade e interesse nas aulas de catequese lá na terra.
Mas é Presidente, e ainda por cima do Eurojust.
Não importa que 99% da população portuguesa desconheça, sequer, a existência do Eurojust.
Não importa a acção, e resultados, desse mesmo organismo. Importa apenas que esse organismo tenha como missão lutar contra a criminalidade e que o seu presidente seja Português.
Pimba! Temos história de novo!!!
(Se Lopes da Mota falou ou não falou com alguém, desconheço.
Se avisou - independentemente de o ter feito em tom de aviso amigo ou ameaça- alguém, idem.
Certo é que, pelos vistos, tem um processo disciplinar à perna, mas, como por norma esses ditos “processos” não mordem, ficando, ao invés, por um simples ladrar e uma tentativa de rosno, isso pouco adianta à questão).
Leva-me isto à questão do jornalismo.
Jornalismo de investigação ou jornalismo espectáculo? O que é que temos por cá?
Jornalistas dignos desse nome, sérios, competentes, empenhados, que pegam numa história desde o seu inicio e a esmiúçam até ao final, com provas, com factos palpáveis, com alguma coisa que se veja, ou jornalistazinhos, que, mal sentem que determinada noticia está a esfriar, pegam em dois ou três paus de madeira e os atiram para cima das brasas?
Investigação pura e dura, ou show-off constante e resultados focados nas audiências?
Quem quiser, e souber, que responda.
Estranho, no entanto, os timings. Já se sabe que “quem anda à chova, molha-se”, pelo que para Sócrates, situações como esta são “ossos do oficio”, da mesma forma que o seriam para outro Primeiro-Ministro (ou Primeira-Ministra), caso outro estivesse no Poder.
Aí, já não se falariam em Freeports e outros que tal. Falar-se-iam em casos que, muito provavelmente estão em banho-maria numa qualquer gaveta de redacção de jornal à espera de momento oportuno para publicação.
Não se faz jornalismo pelo jornalismo. Não se faz jornalismo com vista à descoberta da verdade. Vai-se fazendo jornalismo, aquele que interessa, aquele que convém, mediante o tempo e a época.
Lopes da Mota poderá muito bem ter pressionado procuradores. Não ficaria admirado se o fizesse. Afinal, e como bons Portugueses que somos, há que ser amigo dos nossos amigos.
Mas, e por outro lado, poderá não o ter feito.
Seja como for, encontra-se numa situação incómoda, em que será “preso por ter cão e por não ter”.
Se renunciar ao cargo, independentemente das razões que vier a evocar, será considerado culpado. Se não o fizer, culpado é, porque a noticia saiu no jornal, e, para ter saído no jornal (em principio) é verdadeira.
Daí que talvez não fosse descabido de todo uma qualquer Lei ou Regulamento que suspendesse, de imediato, as funções de determinada pessoa se essa se visse envolta em qualquer polémica e onde, à partida, parecesse haver “pano para mangas”. Claro que medidas destas também teriam os seus “quês”, mas, por uma questão de bom-senso e de preservação da dignidade, quer dos cargos em si, quer das pessoas que os ocupam, talvez não fosse descabido de todo haver com uma solução neste sentido.
Uma solução destas, no entanto, só fará sentido quando existir o tal jornalismo “puro”, o de investigação, completa e célere, independente de timings politico-partidários ou outros.
Não abundando esse jornalismo (o independente dos timings..), lá vamos ficar, todos nós, a pensar se o homem terá realmente falado com os procuradores, e se o fez com o sentido de pressionar em determinado sentido, ou se é tudo uma invençãozeca criada para manter de pé, e pelo tempo estritamente necessário, o caso.
É que já tantos e tão graves casos como este, começaram e acabaram assim (do nada), sem que se lhe tenha visto qualquer tipo de conclusão que a malta já começa a desconfiar.
Pela minha parte, vamos andando e vamos vendo, com a (quase) certeza que a montanha parirá um rato e que, ao melhor estilo Casa Pia (por exemplo), quando for tempo, deixaremos de ouvir falar em Freeports.
«Lopes da Mota poderá muito bem ter pressionado procuradores. Não ficaria admirado se o fizesse. Afinal, e como bons Portugueses que somos, há que ser amigo dos nossos amigos. Mas, e por outro lado, poderá não o ter feito»
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Lopes da Mota já veio a público reconhecer, no essencial, aquilo de que o acusam, nomeadamente que levou recados de Sócrates. Simplesmente acha que isso não tem nada de mal, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Quanto à referência que ele fez a Alberto Costa, este não achou graça nenhuma, e Lopes da Mota já veio dizer que não devia ter metido o nome do ministro nisso.
Mas o pior de tudo é que a ligação da polícia portuguesa com a inglesa tem passado, até agora, por ele! Sabendo-se que ele foi nomeado pelo PS, e que o processo esteve encalhado durante 4 anos (só tendo ressuscitado devido a pressões britânicas), o que é que se há-de pensar?
Felizmente, a pouco e pouco, o puzzle vai-se fechando. O pior é que não é GRAÇAS a essas pessoas mas sim APESAR DELAS.
Os jornalistas, com mais ou menos erros, têm tido pelo menos o mérito de não deixar que se meta uma pedra sobre o assunto. Nuno Rogeiro tem razão quando diz «Só queremos a verdade, mas queremos a verdade TODA»
O anúncio do resultado é esperado para amanhã, segunda-feira.
Não era eu que queria estar na pele do júri!
OS RESULTADOS JÁ ESTÃO AFIXADOS - ver Actualização.
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