17.6.09

Entre a certeza e a contingência

Por Baptista-Bastos

HÁ ANOS, num semanário que por aí se publica, José Sócrates declarou, crudelíssimo e terrível: "Sou um animal feroz." A frase não permitia a mais exígua nesga de bondade. O homem queria apresentar-se à puridade com o estofo de um lutador indomável e o estilo de quem não hesita no uso do ditirambo. Foi gozado. Os gozadores esqueciam-se, ou ignoravam, que o exercício da política obedece a círculos concêntricos. Cedo, enfiaram a viola no saco. Com idêntica plenitude incensaram-no de rosa e levaram-no em ombros. (...)

O Governo dele tem sido este filme barato e negro, desprovido da tirania das emoções, frio, inclemente e rude. Sacudido pela derrota nas "europeias", fechou a cara e, sem impaciência nem tolerância, logo garantiu não "mudar de rumo." Eis o "animal feroz", cuja indiferença pelos outros é mais do que pejorativa. E aqueles que o julgam caído por terra, comentadores de prosa com mau hálito, abjurantes de nascença, já preparados para a viragem - que se acautelem. Para sobreviver às legislativas ele irá cerzir, aqui e ali, os rasgões provocados nesse tecido absurdo e espúrio, a que chamou "socialismo moderno" e, ligeiro e feliz, dirá "alguma coisa de Esquerda", também ela feliz e ligeira. (...)

Texto integral [aqui]

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1 Comments:

Blogger A said...

Lembro-me que, quando o primeiro ministro disse que era um "animal feroz", alguém lhe respondeu:"E eu sou o caçador"!

17 de junho de 2009 às 14:42  

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