À espera da gripe A
Por Antunes Ferreira
VIVEMOS ESTES DIAS num País à espera de apanhar a gripe. A modelo A, está bem de ver, que antes se chamou mexicana e porcina. A vulgar, a que se trata com a trilogia dos AAA, não é, por mais que se verifique o contra-senso, não é só de um único A. Explico-me. A trindade que alguns até podem considerar santíssima pelos efeitos curativos verdadeiramente milagrosos, é a tradicional receita: Abafe-se. Abife-se. Avinhe-se. Muito melhor do que um qualquer comezinho Tamiflu. Incomparavelmente.
Entre nós, se há prática retintamente indígena, ela é a má-língua, as mais das vezes acolitada pela coscuvilhice e pela inveja. De tão pequeninos que somos, e normalmente habituados ao final da tabela, esse diletântico procedimento avoluma-se e atinge dimensões que à partida seriam inimagináveis. Dizer mal a torto e a direito dá-nos, aos Portugas, um consolo acentuado. Nisso – não somos os últimos, nem mesmo dos últimos. (...)
Texto integral [aqui]
VIVEMOS ESTES DIAS num País à espera de apanhar a gripe. A modelo A, está bem de ver, que antes se chamou mexicana e porcina. A vulgar, a que se trata com a trilogia dos AAA, não é, por mais que se verifique o contra-senso, não é só de um único A. Explico-me. A trindade que alguns até podem considerar santíssima pelos efeitos curativos verdadeiramente milagrosos, é a tradicional receita: Abafe-se. Abife-se. Avinhe-se. Muito melhor do que um qualquer comezinho Tamiflu. Incomparavelmente.
Entre nós, se há prática retintamente indígena, ela é a má-língua, as mais das vezes acolitada pela coscuvilhice e pela inveja. De tão pequeninos que somos, e normalmente habituados ao final da tabela, esse diletântico procedimento avoluma-se e atinge dimensões que à partida seriam inimagináveis. Dizer mal a torto e a direito dá-nos, aos Portugas, um consolo acentuado. Nisso – não somos os últimos, nem mesmo dos últimos. (...)
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Etiquetas: AF
1 Comments:
Caro Henrique:
Li e reli o texto integral.
Como tens razão!
A velha máxima dos três AAA é minha velha conhecida. Meu pai citava-a e aplicava-a.
Mas parece que para esta gripe porca não serve.
De que serve falar todos os dias, se a conversa é sempre igual, só aumentando o número de afectados?
Só em Dezembro, dizem, chegará a tal vacina que ao que parece, ainda não existe. Trinta por cento, se não forem menos, terão direito a vacina. E os outros setenta por cento?
Gostei do teu artigo, como sempre.
Um beijo (por enquanto sem virus)
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