Leitores do 'Sorumbático' interpelam Helena Roseta
HÁ DOIS ANOS, dei a minha contribuição para a candidatura de Helena Roseta, votei na sua lista, e nunca me arrependi. Este ano preparava-me para fazer o mesmo, ou votar em branco caso ela não se candidatasse.
O que esta notícia nos dá conta foi, para mim, uma surpresa - pois, como tenho aqui escrito inúmeras vezes, não notei qualquer empenho sério da parte das gentes de António Costa para resolver os pequenos problemas que infernizam a vida dos lisboetas. Nesse aspecto, não descortinei diferenças significativas entre eles e os seus antecessores, com a preocupação acrescida motivada pelo apoio de A. Costa ao encerramento do aeroporto da Portela, ao alargamento do terminal de contentores de Alcântara, à componente rodoviária da terceira travessia do Tejo, à ideia de encerrar a estação de S.ta Apolónia...
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Tendo em conta essas e outras questões, desafiei a Helena a responder a 3 ou 4 perguntas, a colocar, aqui, pelos leitores deste blogue. Respondeu-me que aceitava de bom grado, pelo que, até às 20h da próxima segunda-feira, os leitores podem afixar, aqui (ou enviar para sorumbatico@iol.pt), as perguntas que queiram dirigir-lhe. Posteriormente, em post à parte, a própria responderá. A quais... Bem, isso ficará ao seu critério.
Actualização-2: para evitar dispersão de comentários, pede-se, a quem queira afixar novos, que o faça [aqui].
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Actualização-1: ver o conjunto das perguntas e das respostas [aqui].Actualização-2: para evitar dispersão de comentários, pede-se, a quem queira afixar novos, que o faça [aqui].
Etiquetas: HR
15 Comments:
Questões a colocar até tenho. Algumas...
E, se bem que não seja dificil encontrar exemplos semelhantes pelo País fora (que também dariam motivos para bons "debates" ou "entrevistas") prefiro que sejam os Lisboetas a questionar Helena Roseta.
Não sou seu eleitor...
Espero que uma das 3 perguntas seja:
Alguma vez vai deixar de ser salta-pocinhas?
Duas perguntas, sobre o Terminal de Contentores de Alcântara - que pensa deste assunto? E que vai fazer sobre ele? - assumindo que podem não coincidir, claro, acontece tantas vezes.
Peço desculpa pela limitação, mas parece-me o assunto mais importante, mais grave, que mais repercussões terá e condicionamentos imporá à cidade, se avançar.
Não resido em Lx., pelo que passo. Espero, porém, que coloquem perguntas pertinentes.
Uma das promessas de António Costa foi o combate ao estacionamento selvagem em Lisboa. Esta promessa não foi, claramente cumprida. A acção da Câmara foi diminuta e pouco visível.
Está na ordem do dia falar em acessibilidade e mobilidade para todos os cidadãos, mas enquanto não se tirarem os carros dos passeios e das passadeiras, grande parte das outras acções propostas são, na prática, pouco eficazes (de que serve, por exemplo, a um portador de deficiência física que o edifício para onde se dirige seja 100% acessível se o caminho para lá chegar está barrado?).
A questão que coloco é: que medidas concretas irão os Cidadãos por Lisboa, agora integrados nas listas do PS para a CML, tomar ou exigir que sejam tomadas, no âmbito do acordo, para resolver este problema?
Residi em Lisboa até há bem pouco tempo e uma das coisas que mais me incomodava era o desleixo em que a Baixa da cidade se encontra... Para quando a reabilitação? E programas que permitam a reabitação da zona por gente jovem? É que a malta nova consegue subir e descer as escadas... Por lá ficariam uns bons anos... E aquilo voltava à vida a sério... Não é pertinente?
ENVIADO POR E-MAIL (devido à sua extensão, teve de ser dividido em partes)
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Cara Helena Roseta,
Nos inquéritos de opinião / sondagens que periodicamente se fazem aos lisboetas, sobre as suas principais preocupações, o "estacionamento" surge, invariavelmente, entre as respostas mais dadas.
Indicar o "estacionamento" como um dos maiores problemas da cidade pode ter um duplo significado: 1) as pessoas podem estar a queixar-se de não haver lugares suficientes de estacionamento na cidade; 2) as pessoas podem estar a queixar-se do facto de os passeios e passadeiras da cidade estarem constantemente cheios de carros. São dois problemas diferentes, apesar de, em alguma medida, poderem estar interligados.
Quanto ao primeiro problema, os poderes públicos não têm propriamente ignorado a questão, sendo prova disso os inúmeros parques e lugares de estacionamento que se criaram nos últimos anos.
Mas já no que respeita ao problema do estacionamento em cima dos passeios, tudo o que temos recebido por parte de quem tem governado a cidade, e mesmo por parte de quem se tem candidatado a governar a cidade, é a indiferença. É um assunto que, claramente, não está na ordem do dia da agenda política.
Eu acredito que quando os lisboetas referem o "estacionamento" como uma das principais preocupações em relação à cidade, estão fundamentalmente a referir-se a este segundo problema. Nunca me apercebi de que quem não tem lugar para estacionar o automóvel e acaba por o estacionar ilegalmente, nomeadamente no passeio, encare isso como um verdadeiro problema. Pelo contrário, tenho notado, como regra geral, a mais completa indiferença desses automobilistas para com os peões. Já quanto às queixas dos lisboetas relativamente aos passeios ocupados pelos carros, ouço-as diariamente.
Tenho uma filha bebé e não consigo passear o carrinho nos passeios de Lisboa; muitas vezes tenho de utilizar o asfalto, aflita, para contornar os carros estacionados nos passeios ou nas passadeiras. Tenho um vizinho inválido que só se desloca em cadeira de rodas, e o seu maior desgosto é não poder andar na rua, porque não consegue circular nos passeios cheios de carros. Todos os dias condoo-me a ver cegos, idosos e crianças a ter de partilhar o asfalto com carros (que passam quase sempre em excesso de velocidade). Há sítios onde eu própria temo pela minha vida, ao ter de andar em avenidas transformadas em vias rápidas.
(...)
(Continuação)
(...)
Eu pergunto: nós temos mesmo de viver com isto?!!
As pessoas que estacionam nos passeios atiram as culpas para os poderes públicos, por não criarem lugares de estacionamento para toda a gente.
A verdade, porém, é que Lisboa tem, sem sombra de dúvida, carros a mais, e não (ou não só) estacionamento a menos. O número de automóveis per capita em Lisboa é completamente absurdo, sobretudo tendo em conta que qualquer ponto de Lisboa está razoavelmente (e muitas vezes muito bem) servido de transportes públicos. E isto acontece porque as pessoas sabem que, se comprarem um carro, o podem estacionar em qualquer lado, mesmo no passeio, sem que a polícia os "incomode". (...)
Ao atirar as culpas para os poderes públicos, os automobilistas inocentam-se das suas próprias responsabilidades. Quando procuram uma casa para ir viver, haver ou não facilidade de estacionamento na zona nunca é um dos critérios que cheguem a ter em conta. Ou quando compram um carro, também não pensam primeiro se vão ter lugar para o estacionar. Depois, é o facto consumado: «não há lugar, o que é que quer que eu faça?».
Também é muito fácil constatar, diariamente, um pouco por toda a cidade, que uma parte bastante significativa dos que estacionam em cima dos passeios fazem-no tendo alternativa (legal) de estacionamento bem perto, gratuita ou paga, preferindo estacionar no passeio por comodismo (ficar mais perto do sítio onde se vai), ou para não pagar um lugar de estacionamento, ou por pura e simples falta de civismo.
Qualquer que seja o caso, a situação chegou a tal ponto que já não vai lá com acções de sensibilização (e construir parques ou lugares de estacionamento para todos os que queiram ter carro seria, obviamente, impraticável).
Este problema precisa de uma solução urgente.
Parte da solução não está nas mãos da Câmara, mas de quem manda na PSP (Governo), pois a polícia fecha inexplicavelmente os olhos a este problema (aliás, muitas vezes é a própria PSP que estaciona em cima de passeios…).
Mas a Câmara também tem responsabilidades nesta matéria. Tem, por um lado, a superintendência da polícia municipal que, geralmente, também fecha os olhos aos carros estacionados nos passeios. Isto ao nível da repressão.
Ao nível da prevenção, a solução não pode deixar de passar pelos mal-amados pilaretes. Não há outra forma (a menos que se queira gastar rios de dinheiro a construir parques de estacionamento para sustentar um parque automóvel completamente absurdo).
Os pilaretes custam dinheiro, mas também custa muito dinheiro reparar os passeios que todos os dias são danificados pelos automóveis. E está em causa a qualidade de vida e a segurança de muitos lisboetas.
Outras soluções podem ser pensadas. Uma passa por uma efectiva fiscalização da utilização das garagens dos prédios e das moradias. Não é admissível que se continue a permitir que as pessoas as continuem a utilizar como arrecadação (o que é muito frequente, como todos sabemos), colocando depois o automóvel na rua (muitas vezes em cima dos passeios, claro).
Outra, mais complicada, passa pela limitação do número de veículos por agregado. Esta limitação pode ser feita por via regulamentar, ou por uma via mais “natural”. Por exemplo, permitir-se, como se faz actualmente, que o mesmo agregado possa ter vários lugares de estacionamento (mesmo que pagos) nos parques camarários não faz sentido nenhum.
Cara Helena Roseta, este é, para si, um problema grave desta nossa cidade, que tenha de ser resolvido com urgência? E como? E quando?
Obrigado.
JSL
ATENÇÃO:
A propósito do comentário anterior, o Blogger deu uma "mensagem de erro", informando que há um limite de 4000 caracteres.
NOTA:
Quando, no 'post', refiro «3 ou 4 perguntas», é uma forma de dizer.
Elas serão todas enviadas à H.R., que não colocou quaisquer limitações, e responderá como entender.
As minhas questões, ou antes, a minha questão é precisamente a do sr. Carlos Medina Ribeiro sobre o estacionamento selvagem em Lisboa. Estar a repetir o que ele disse seria fastidioso mas não posso deixar de informar que deixei de enviar e-mails à Polícia Municipal, por não obter resposta, queixando-me de, na minha zona de residência, ter os dois passeios pejados de viaturas e onde a única circulação pedestre possível é pelo asfalto onde passam, nos dois sentidos, viaturas da Carris e veículos particulares que quase roçam uns nos outros por "sobrar" tão pouco espaço. Falo da Rua Maria Pia antes de chegar à Meia Laranja de quem vem de Alcântara para Campolide. Idosos, pessoas com canadianas, carrinhos de bébés, pessoas com crianças ao colo, crianças apeadas, correm permanente risco de vida ao terem de circular pelo asfalto por força dos passeios estarem, como disse acima, ocupados por estacionamento selvagem. Estacionamente este que não respeita não só o passeio, como em cima das passadeiras, das paragens dos autocarros da Carris e em frente às portas dos prédios, numa grave infracção ao Código da Estrada. Afinal para que serve este código se diariamente a PSP passa para cima e para baixo e não "vê" estas infracções? O sr. António Costa há mais de um ano disse que a tolerância zero iria ser implementada. Até hoje, o que constato é que a intolerância por parte dos automobilistas prevaricadores é ainda maior que nessa altura. A minha única questão é pretender saber o que vai fazer no sentido de acabar com este cancro na cidade de Lisboa porque o mal não é só aqui mas por todo o lado. E já sabemos que civismo é palavra que não se encontra reservada na mentalidade destes "condutores" que não levam o carro até à cama porque não cabe na porta do prédio.
Apokalypsus,
As questões que refere (embora eu as subscreva) foram enviadas por e-mail pelo leitor JSL (como lá se diz).
Eu limitei-me a afixá-las, e é por isso que aparece o meu nome.
- Qual é a sua visão para o desenvolvimento da cidade na próxima década? É possível, mesmo dentro do amplo âmbito de uma questão assim posta, ir ao concreto, e relacionar esse horizonte com a cidade real de hoje?
(talvez mencionando quantas pessoas se planeia/deseja, onde, a fazer o quê, e a interagir como, e ultrapassando as generalidades que, de tão abusadas, infelizmente acabam por perder conteúdo, como 'cidade de conhecimento', 'desenvolvimento sustentável' ou 'mobilidade integrada')
- Quais vão ser as prioridades da CML no que concerne o orçamento? A cidade vai comprometer-se a viver dentro dos limites das suas receitas? As despesas vão ser direccionadas para a área social em primeiro lugar?
- Qual vai ser a postura da CML quanto às pressões dos (legítimos ou um pouco menos) grupos de pressão instalados (futebol, casino, construção civil, etc.)?
A terminar o lote de perguntas, juntei estas, que estão já no texto do 'post':
«Queria saber como é que a Helena vai conseguir "conviver politicamente" com A. Costa se não concordar com ele em assuntos tão graves como:
O encerramento do aeroporto da Portela, o alargamento do terminal de contentores de Alcântara, a componente rodoviária da terceira travessia do Tejo, a ideia (já abandonada?) de encerrar a estação de S.ta Apolónia»
Para evitar dispersão sobre o mesmo assunto, pede-se que eventuais comentários novos passem a ser afixado em:
http://sorumbatico-longos.blogspot.com/2009/07/1-resposta-luis-serpa-caro-luis-creio.html
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